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Scot Consultoria

Doha fracassa


Quarta-feira, 30 de julho de 2008 - 09h34

A Rodada de negociações sobre o comércio mundial, organizada pela OMC (Organização Mundial do Comércio), apesar de já durar sete anos, não foi concluída de acordo ao esperado na última terça-feira (29/07). Segundo as declarações do ministro representante da União Européia, “não houve um culpado, mas foi um fracasso de todos”. Esse fracasso representa cerca de US$130 bilhões de dólares para o comércio internacional. A negociação realmente desandou quando China e Índia foram irredutíveis quanto à liberalização das importações agrícolas de outros países, como Estados Unidos. Há relatos de discussões acaloradas em que negociadores chineses e indianos acusam os EUA de não fazerem nenhuma concessão quanto aos demais produtos, e vice-versa. A China e Índia pedem uma cláusula de salvaguarda, cláusula essa já utilizada pelos EUA em ocasiões anteriores, para a proteção de seus produtores rurais contra produtos importados com altos subsídios oferecidos pelos seus países de origem. Os EUA contestam que mesmo com a inflação global e pobreza nesses dois países eles ainda se posicionam contra a oferta de alimentos mais baratos. A União Européia entra na discussão e alega que a última Farm Bill (Decreto lei americano sobre política agrícola) aprovada pelo Senado oferece mais cinco anos de subsídios agrícolas, e que com o fim do Governo Bush muito provavelmente outros futuros governantes, visando reeleição, não se atreverão a tomar medida tão anti-popular com grande parte de seus eleitores, como o fim dos subsídios agrícolas. Mais um adiamento para assunto tão delicado em negociações agrícolas. Depois de sucessivas negociações que já se arrastam por sete anos, a própria importância e existência desse tipo de reunião fica ameaçado. A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) já revelou que diante dos constantes “adiamentos” para se chegar a uma conclusão, os acordos multilaterias (negociações realizadas diretamente com blocos econômicos ou países) tornam-se mais interessantes e com resultados mais práticos do que as rodadas de negociações da OMC. Apesar de todo o fracasso, o Brasil esteve bem posicionado e não seguiu a corrente do G-20 (20 nações emergentes) e aceitou as demandas dos países industrializados em troca da abertura de suas fronteiras agrícolas, um dos pontos mais divergentes de toda a reunião. A União Européia chegou a oferecer cortes tarifários e expansão de cotas de importação. Os EUA chegaram a oferecer redução de subsídios de US$14,5 bilhões e tetos por produto. Infelizmente, não foi dessa vez. (JA)
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