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Scot Consultoria

Pressão baixista no mercado do boi gordo


Quarta-feira, 25 de junho de 2008 - 09h49

Não dá para negar que, com a chegada do frio, houve mesmo um ligeiro aumento na oferta de animais terminados no Mato Grosso do Sul, o que ajudou a esticar em 2 ou 3 dias as escalas locais, e em 1 ou 2 dias as escalas de São Paulo. É pouco. Não nos parece que há gado suficiente para dar sustentação a um movimento de baixa realmente duradouro. Mesmo porque, nas demais regiões do país, a oferta se mantém extremamente reduzida. Mas os frigoríficos buscam aproveitar o momento para, no mínimo, quebrar o ritmo do movimento de alta. Vale lembrar que, no início de maio, o boi era negociado a R$78,00/@ em São Paulo. Em meados deste mês já estava em R$95,00/@, uma alta de R$17,00/@, ou de 22%, em menos de 60 dias. A questão é que, a cada dia que passa, as indústrias relatam mais dificuldade no escoamento da carne e no repasse dos aumentos de preço para o varejo. Acontece que, primeiro, os sucessivos aumentos das cotações estão influenciando, negativamente, o poder de compra do consumidor. E o problema é que está tudo em alta, não só a carne. Depois, estamos em segunda quinzena de mês, quando o poder aquisitivo cai mesmo (pois o salário já é comprometido na primeira semana), levando, tradicionalmente, a uma retração na demanda por carnes. E, por fim, tem a questão do aumento da competitividade do nosso mercado doméstico. A carne exportada está em alta, mas os reajustes não têm acompanhado, nem de perto, a valorização da arroba. Já a carne no mercado doméstico (atacado), ao menos até o mês passado, vinha acompanhando a alta do boi. Isso fez com que os exportadores passassem a direcionar uma maior parte da produção para dentro do país. E o mercado, agora, está começando a saturar. Em síntese, é por isso que há pressão de baixa sobre o mercado do boi gordo: houve um ligeiro aumento de oferta, justamente num momento em que as vendas de carne (e esse é o maior problema) estão travadas. Hoje puxei o histórico dos preços diários do boi gordo, em São Paulo, ao longo de 2008, e observei que, até então, o mercado só trabalhou em baixa entre 21 de janeiro e 12 de fevereiro. Foi um “ajuste rápido”, em função de uma situação de mercado bastante parecida com a atual. Foi também nesse período que começaram a circular notícias do embargo da União Européia. Talvez o mercado atravesse agora mais um período de ajuste. Porém, assim como o último, ele tende a ser curto. Como já comentado no início da análise, não há respaldo de oferta para um movimento de baixa sustentado. (FTR)
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