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Scot Consultoria

Pará: arroba em alta, falta de boi e problemas de pasto


Segunda-feira, 2 de junho de 2008 - 10h02

Estivemos no Sul do Pará, visitando as regiões de Marabá, Xinguara, Tucumã e São Félix do Xingu. A valorização da arroba do boi gordo local, com base em preços médios mensais, foi de aproximadamente 15,8% entre janeiro e maio deste ano. Em Marabá, saiu de R$60,05 (média de janeiro) para R$69,55 (média de maio). Os últimos negócios foram registrados em R$72,00/@, a prazo, para descontar o funrural. Entre 2001 e 2006 (fase de baixa do último ciclo pecuário), os abates de vaca, no Pará, aumentaram 292%, enquanto os abates de boi cresceram apenas 47%. Óbvio, portanto, que houve descarte de matrizes, o que levou a um enxugamento do mercado. Vale destacar que, ao contrário do que acontece em outras praças, a curva de abate de fêmeas no Pará ainda não sugere início de retenção de matrizes (veja figura 1), apesar do preço do bezerro ter dobrado em relação a meados de 2006. Isso significa que o problema de oferta de gado no Estado, tanto de reposição quanto de animais terminados, deve se estender por um período relativamente prolongado. Além do mais, quando a retenção de matrizes começar, a situação dos frigoríficos irá se agravar ainda mais. Afinal, as fêmeas que estavam sendo colocadas no mercado voltarão a ficar nas fazendas, produzindo bezerros. Outra questão importante no Pará são as exportações de gado em pé. O Estado exportou, em 2003, algo em torno de 1,97 mil cabeças. Em 2007 foram 418,23 mil cabeças, um aumento de 21.119%. As exportações de gado em pé já equivalem a mais ou menos 11% do abate do Estado (considerando abate formal e informal), e seguem em alta. Por fim, a melhoria do status sanitário e o forte crescimento do rebanho nos últimos anos - bem acima da média nacional - atraíram os grandes frigoríficos para o Estado, justamente num período de retração de oferta e de aumento dos embarques de gado para fora do país. Ainda assim, durante as andanças e conversas com produtores locais, foi possível constatar que, apesar da redução da disponibilidade de gado, em algumas regiões paraenses há “falta de pasto”. Na verdade, houve um declínio da capacidade de suporte das pastagens, em função de manejo incorreto e da crise de preços, que limitou/postergou investimentos em cercas, correção de solo e combate de plantas invasoras. Mediante a recuperação dos preços pecuários e das pressões contra a abertura de novas áreas, a tendência é que, no longo prazo, a pecuária paraense volte a crescer com base em incorporação de tecnologia e, conseqüentemente, aumento de produção por área. É o que acontece no Centro-Sul do país. (FTR)
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