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Scot Consultoria

Brasil versus UE: vamos às contas!


Sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008 - 10h17

Acompanhem... 1. A demanda Européia por carne bovina brasileira é de aproximadamente 500 mil toneladas equivalente carcaça (tec). Desse total, cerca de 240 mil tec referem-se à carne industrializada, que não irá sofrer restrições. O embargo acomete as 260 mil tec de carne in natura. 2. O Brasil possui outros canais para escoar essas 260 mil tec? Seguramente que sim. E mesmo que elas fossem direcionadas (na sua totalidade) para o mercado interno, o impacto seria pequeno. 3. De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), o Brasil produz 10,42 milhões de tec de carne bovina ao ano. O consumo é de 8,27 milhões de tec. Portanto, o montante de carne in natura exportado para a UE representa, apenas, 2,5% da produção brasileira e 3% do consumo nacional. 4. Agora, será que apenas 300 fazendas servem de alguma coisa? 5. Um animal de 18@ produz algo em torno de 306 kg de carne, em equivalente carcaça. Isso significa que, produzir 260 mil tec, são necessários 850 mil animais. 6. No entanto, a UE só compra alguns poucos cortes, principalmente contra filé, filé mignon e alcatra. Jogando bem alto, vamos considerar que 15% da carcaça se destinem a atender a demanda da UE. Portanto, um animal de 18@ irá fornecer apenas 46 kg de carne para o bloco. 7. Dessa forma, para produzir 260 mil tec, é preciso abater 5,6 milhões de animais de 18@. Se considerarmos uma taxa de desfrute média de 30%, o rebanho total será de 19 milhões de cabeças. 8. Portanto, para atender a demanda Européia, em sua totalidade, é preciso que cada uma das 300 fazendas possua um rebanho de mais de 63 mil cabeças. É muita coisa! 9. Outra questão. A UE não compra qualquer coisa. Além de qualidade de processos, que envolve rastreabilidade e sanidade, é exigente em qualidade de produto, principalmente no que diz respeito a tamanho de peça e acabamento. Portanto, o fato do animal estar em uma fazenda que faz parte da lista da UE não significa, necessariamente, que ele será abatido para atender a demanda do bloco. Se estiver muito leve e/ou com pouca cobertura de gordura, a carne vai para outro lugar. Não foi à toa que as contas todas foram feitas com base num animal de 18@. Em síntese, o embargo europeu não deixará o mercado doméstico abarrotado de carne. E uma lista de apenas 300 fazendas não conseguirá atender, nem de perto, a demanda do bloco. Aliás, é extremamente inviável para os frigoríficos brasileiros trabalhar com um grupo de apenas 300 fornecedores. Eles teriam que ser disputados, literalmente, “a tapas”. O custo da indústria, tanto por conta da valorização desses animais, quanto pelo aumento dos custos de transação, iria às alturas, para exportar apenas algumas migalhas de carne. É muito, por pouco. A lista dos 300 de Esparta não serve nem para o Brasil e nem para a UE. (FTR)
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