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Scot Consultoria

Carne bovina: problemas sérios para atender a União Européia


Terça-feira, 18 de dezembro de 2007 - 09h39

Ninguém acredita em um embargo total, mas a União Européia (UE) deve mesmo criar novas barreias/restrições à carne bovina brasileira. A Scot Consultoria teve acesso a um documento com as declarações preliminares da missão européia que esteve recentemente no Brasil. A impressão geral é que os europeus ficaram bastante insatisfeitos com o que viram aqui. Foram visitadas 54 fazendas e encontradas “inconformidades” em 60% delas. A maior parte diz respeito a deficiências nas auditorias realizadas pelas certificadoras, falta de registro de movimentação dos animais, erros de registro (animais dados como mortos não estavam mortos, por exemplo), brincos em estoque que não eram checados durante as vistorias, falta de conferência da movimentação dos animais de área não habilitada para área habilitada, e por aí vai. Os problemas foram encontrados, inclusive, em confinamentos de frigoríficos. Com relação especificamente aos frigoríficos, no que diz respeito à classificação ou desclassificação dos lotes que podem ou não atender a UE, a missão concluiu que os procedimentos estavam corretos em seis dos sete estabelecimentos visitados. Em um deles, portanto, animais que deveriam ser desclassificados eram classificados. Mas problemas “menores” - tais como discrepâncias entre os animais e o que realmente estava na Base Nacional de Dados (BND) do SISBOV, no que se refere a cor, sexo, idade, origem, etc. - foram encontrados em quase todas as indústrias Ao final, em reunião com os representantes do governo brasileiro, o chefe da missão européia foi bastante firme em afirmar que as solicitações feitas pela UE não foram atendidas e que o modelo atual de rastreabilidade, vigente no Brasil, não atende às demandas do bloco. O resultado da missão já deixou a luz amarela acesa. Não bastasse isso, informações que chegam à Scot Consultoria diretamente da Europa dão conta de que, realmente, novas exigências e restrições devem ser anunciadas pela União Européia ao longo dos próximos dias. Vale lembrar que a União Européia é o maior cliente brasileiro; responde por algo em torno de 24% dos embarques de carne bovina, no que diz respeito a volume. Em faturamento, representa 35% do total. O SISBOV enfrenta uma série de problemas. Sua implantação, por exemplo, é trabalhosa e onerosa. Em alguns casos, fazendo a conta direito (e não só considerando o custo do brinco e da visita do técnico da certificadora), o valor pode se aproximar, em R$/cabeça, do custo de um programa sanitário. Além do mais, algumas novas determinações, como a que preconiza, no abate, a desclassificação de um lote inteiro caso apenas um único animal perca o brinco, são uma afronta. Apresenta-se ao produtor um risco que ele pode não estar disposto a correr. Por fim, o mercado também joga contra o SISBOV. É comum encontrar frigoríficos de mercado interno ofertando, pelo boi gordo, R$1,00/@ a R$2,00/@ a mais do que os exportadores, sendo que os primeiros não exigem rastreabilidade. Com certeza as questões relativas ao SISBOV e à União Européia deverão figurar no topo da lista de discussões da cadeia produtiva da carne bovina em 2008. (FTR)
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