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Scot Consultoria

Preços agrícolas elevados pesam no bolso do consumidor


Quarta-feira, 21 de novembro de 2007 - 10h26

Se depender do campo, o consumidor brasileiro pagará mais caro pela alimentação no final deste ano. Isto porque muitos produtos agropecuários estão batendo recorde de preços ou próximos a eles. Neste caso estão as carnes bovina e suína, o milho, o feijão e a soja. A utilização dos grãos para biocombustíveis, a forte demanda - interna e externa - e, em alguns casos, a escassez são os principais motivos para a valorização das commodities agrícolas que, em parte, refletem o cenário mundial. A estimativa de analistas de mercado é que as cotações sigam em alta, pesando tanto na inflação brasileira tanto na mundial - neste caso, para o próximo ano. Plano Real: Pelo menos dois produtos da alimentação básica brasileira têm os preços pagos aos produtores em patamares nominais superiores ao Plano Real (1994): o feijão e a carne bovina. Entre eles, no ano, a maior valorização foi a do feijão, com quase 200%. A saca (60 quilos) está cotada a R$210,00. A explicação para isso seria um descompasso na distribuição das três safras do produto: houve maior oferta na primeira e agora há uma escassez. Segundo o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, no ano passado 38% da produção veio da primeira colheita e, neste, 49%. De acordo com ele, apenas com a entrada da próxima safra - em meados de dezembro - é que os preços vão se arrefecer. Para o boi gordo, a alta é de 30% no ano. A arroba (15 quilos) do animal está avaliada em R$73,50. Leonardo Alencar, analista da Scot Consultoria, explica que a falta de oferta - provocada por morte de matrizes nos últimos anos, pelo prolongamento da entressafra e pelo aumento da demanda - são responsáveis por estes patamares altos, que devem se manter até pelo menos janeiro, quando está prevista a entrada do "boi das águas", ou seja, do fim da entressafra de carne. "Os valores elevados para os produtos agrícolas devem chegar ao varejo no final do ano", estima o economista da RC Consultores, Fábio Silveira. Esses patamares devem pesar na inflação, que é projetada para este mês e o próximo em 0,40% ante a 0,30% em outubro. Segundo o economista, como parte da alta é decorrente dos preços altos no mercado internacional, a previsão é que, no próximo ano, "o mundo pode se deparar com uma situação mais desconfortável". Na avaliação de Silveira, as taxas de crescimento de preços agrícolas e de combustíveis serão maiores que as verificadas até o momento, o que levaria a um crescimento econômico mundial menor. Segundo ele, não se vê hoje inflação mundial alta porque preços de outros itens (bens de consumo) estão em queda. Outro campeão de cotações elevadas é o milho, cuja saca é comercializada em Campinas (SP) a R$33,00 - a maior desde 2002. Leonardo Sologuren, analista da Céleres, explica que a forte demanda doméstica e o ritmo de exportações são responsáveis por esses patamares. "Mas não podemos esquecer que todas as commodities estão com preços altos, em parte decorrente dos biocombustíveis", acrescenta. Na sua avaliação, os valores tendem a ficar elevados até o início da colheita ou, inclusive, durante - se houver redução da segunda safra, em função do atraso do plantio de verão. Perto do recorde: Para a soja, os valores internos estão próximos aos recordes de 2004, quando chegaram a R$48,00 - atualmente são R$40,00 a saca, mas em dólares são os mais altos desde 1973. A commodity está avaliada em US$10,79 o bushel para o contrato de janeiro - em 2004 era de US$10,55 o bushel. De acordo com o diretor da Safras & Mercado, Flávio França Júnior, a produção menor nos Estados Unidos e a insegurança em relação à safra da América do Sul por causa do fenômeno climático La Nina é que têm elevado as cotações internacionais, que se refletem no mercado doméstico. "Os grãos, em geral, estão com escassez de oferta e há o aspecto financeiro também", afirma. Segundo ele, a redução dos juros dos Estados Unidos está provocando uma corrida dos fundos pelas commodities inflacionárias - como petróleo e ouro - e também para as agrícolas. "Como parte da valorização tem natureza especulativa forte, é difícil colocar uma regra e dizer quando vai parar de subir. Mas, mesmo que oscile, o mercado é sólido, portanto, com preços superiores aos históricos", acredita França Júnior. Entre os recordes do ano está ainda o preço pago ao produtor de suíno. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o quilo do animal vivo - de R$2,55 - é o maior desde novembro de 2005. O pesquisador Thiago Bernardino de Carvalho, explica que há uma restrição de oferta, por parte do produtor, que busca preços mais altos para "empatar com os custos mais elevados". Aliado a isso, segundo ele, desde setembro a demanda do varejo aumentou por causa das festas de final de ano. Fonte: Gazeta Mercantil. 20 de novembro de 2007.
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