Governo federal, preocupado com a inflação, pode facilitar importação de alimentos

O Ministério da Fazenda, de acordo com informações do jornal Folha de São Paulo, estuda facilitar a importação dos alimentos que mais têm pressionado positivamente a inflação. No caso, leite, trigo e carne bovina, cujas tarifas de importação, hoje, variam de 12% a 16%. Valem aqui ao menos duas colocações. Primeiro, que a valorização de commodities agrícolas é um fenômeno mundial, puxado pelo consumo aquecido, principalmente nos países emergentes, e pela oferta relativamente baixa, graças a problemas climáticos e sanitários enfrentados por alguns fornecedores. Diante desse cenário, um dos países que tem apresentado preços mais competitivos para alimentos ainda é o Brasil, apesar dos últimos aumentos. Isso porque os custos de produção brasileiros, graças às condições climáticas favoráveis, estão entre os mais baixos do mundo. Segundo, foi justamente a crise no campo, que levou à retração dos preços agropecuários, que segurou a inflação em patamares baixos e sustentou, juntamente com o aumento do salário mínimo, o aumento do poder aquisitivo da população. Vale recordar o exemplo do boi gordo que, em junho de 2006, de acordo com levantamento da Scot Consultoria, foi negociado a R$50,00/@ em São Paulo. Tal cotação, corrigida pelo IGP-DI, equivaleria hoje a aproximadamente R$52,00/@, a mais baixa dos últimos 50 anos. Quando o campo está em crise, tudo bem. Mas quando a renda do agropecuarista começa a melhorar, graças à recuperação natural dos preços após um ajuste produtivo “forçado”, já vêm os tecnocratas do governo jogar um balde de água fria na cabeça deles. Por que não deixar o mercado funcionar? A recuperação dos preços instiga o produtor a voltar a investir e, no médio prazo, tudo volta ao normal. Ninguém do governo ouviu falar que a agropecuária vive de ciclos? (FTR)
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