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Scot Consultoria

Boi a termo: para pensar


Quarta-feira, 29 de agosto de 2007 - 10h41

O boi a termo é uma novidade na comercialização de bovinos, que desde a descoberta do Brasil era conduzida da mesma forma, tudo no spot. Para o produtor é um hedge de preço, para o frigorífico é um hedge de matéria-prima. Justamente esse segundo aspecto, ligado à indústria, é que tem feito o mercado trabalhar com expectativas um tanto quanto pessimistas para outubro. Na BM&F o boi gordo de setembro está valendo mais do que o de outubro, ou seja, muita gente acredita que o mês de outubro deixará de ser o pico da entressafra. Vale pensar que, no ano passado, o mercado do boi gordo, ao longo da entressafra, trabalhou em ambiente bastante firme até meados de outubro, e aí realmente despencou. Um dos fatores seria o boi a termo, que se acumulou nesse período. Agora vamos fazer algumas contas. Acompanhe o raciocínio: 1. Hoje, arredondando para cima, a posição vendida de “pessoa jurídica não financeira”, na BM&F, está próxima de 30 mil contratos. Nessa categoria estão enquadrados os frigoríficos, mas não só eles; 2. De toda forma, se o frigorífico estivesse fazendo o hedge “normal”, teria que estar comprado na Bolsa. Se está vendido, deve ser boi a termo. E se todos esses 30 mil contratos representassem, realmente, as “travas” de boi a termo, teríamos o equivalente a 600 mil animais já garantidos por contrato pelas indústrias, pois 1 contrato equivale a 20 bois de 16,5@; 3. O Brasil abate, arredondando para baixo, 45 milhões de cabeças por ano. Se considerarmos 290 dias de trabalho no ano, o abate diário chega a 155 mil cabeças. Portanto, dividindo-se 600 mil por 150 mil, chegamos à conclusão que o boi a termo representa apenas 4 dias de escala, arredondando para cima; 4. Alguém pode argumentar que o boi a termo está concentrado em SP, GO, MS e MT, um pouco em MG. Tudo bem, esses Estados abatem 27 milhões de cabeças ao ano, ou 93 mil cabeças por dia. O boi a termo, nesse caso, equivale a pouco mais de 6 dias de escala. Vale lembrar que os negócios a termo foram superestimados. A conta é essa, cada um que faça a sua análise e tire as suas próprias conclusões. Lógico que tem um monte de “senões” aí nessa história, um é se o boi a termo está concentrado ou não para um determinado período; se os frigoríficos, para dar um “reforço” ao efeito do termo, vão começar a abater animais próprios logo da seqüência ou um pouco antes; como vão estar as escalas na hora que começar a cair no mercado a maior parte do boi a termo, etc. Mas o principal fator a ser considerado nessa análise é o fato do mercado ser regido não só por fatos. As expectativas, fundamentadas ou não, também contam muito. (FTR)
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