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Scot Consultoria

Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria entrevista o palestrante Iveraldo Dutra


Terça-feira, 17 de julho de 2012 - 10h10

Nos dias 21 e 22 de agosto de 2012 acontecerá o Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP.


Mais informações em www.scotconsultoria.com.br/encontrodeleite


Um dos palestrantes será o médico veterinário Iveraldo Dutra, doutor em saúde animal pela Universidade Justus-Liebig na Alemanha. Atualmente é professor de Enfermidades Infecciosas dos Animais na Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP).


Sua palestra abordará os riscos sanitários e seus controles na produção de leite.


Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Professor Iveraldo, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista da Scot Consultoria.


 


Entrevista Iveraldo Dutra


Scot Consultoria: Qual a porcentagem de redução de leite na produção que a mastite provoca?


Iveraldo Dutra: A mastite é uma das enfermidades mais importantes da pecuária leiteira. As perdas econômicas são significativas, principalmente as causadas pelas mastites subclínicas. Em média a redução na produção de leite do quarto mamário afetado varia entre 15 e 25%, o que representa custos adicionais, riscos potenciais para a saúde do úbere, riscos para a indústria e para a saúde pública.


Adicionalmente, as mastites clínicas também agravam este quadro, pois a perda de um quarto mamário, além dos custos de tratamento, significa perda patrimonial e de valor de mercado, visto que vacas com quartos mamários perdidos têm o seu valor comercial reduzido.



Scot Consultoria
: Como está a evolução do controle da brucelose e tuberculose no rebanho leiteiro no Brasil?


Iveraldo Dutra: O Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose (PNCEBT) trouxe uma grande contribuição como referência para as medidas de saneamento e certificação de propriedades rurais. No entanto, os resultados são pontuais, pois o reconhecimento dos seus benefícios pelos produtores rurais é ainda insatisfatório.


Enquanto a vacinação contra a brucelose e a consequente reposição dos rebanhos por fêmeas vacinadas traz uma grande contribuição em médio prazo, o mesmo não ocorre com a tuberculose. Como o controle dessas enfermidades é voluntário e o produtor não encontra justificativas para a sua implementação, raramente ele vê prioridade nessa ação.


Como praticamente inexiste na pecuária leiteira uma demanda externa, visto que a exportação de leite e produtos lácteos ainda é pouco expressiva, são raras as iniciativas do mercado para gerar uma demanda por propriedades rurais livres dessas enfermidades. Com isso, o saneamento do rebanho brasileiro em relação às enfermidades que são prioritárias sob o ponto de vista da saúde animal e saúde pública fica muito aquém do que seria desejável. Em pesquisa recente, parte significativa de produtores rurais de leite, dentro de um universo considerável no estado de São Paulo, afirmaram desconhecer o programa, enquanto que aqueles que o conhecem nomeiam a burocracia, os custos e a falta de interesse como fatores inibidores para a sua adesão.



Scot Consultoria
: Qual o maior problema de sanidade no rebanho bovino leiteiro brasileiro?


Iveraldo Dutra: São duas respostas. Para os mercados e autoridades sanitárias são as doenças infecciosas e os resíduos. Para os produtores e o mercado, as mastites e os problemas reprodutivos.


Saindo um pouco da abordagem convencional e de respostas clássicas, gostaria de enfatizar que a questão mais importante é promover mudanças de comportamento dos produtores rurais na forma como gerenciam a saúde bovina. Conhecer e reconhecer doenças é muito importante, mas o foco deve ser na gestão da saúde dos animais, na qualidade do leite e na lucratividade. Nesse sentido, o maior problema sanitário da pecuária leiteira é a frequente improvisação das ações dos programas sanitários, geralmente causada pela ausência de assistência técnica. Acrescenta-se a isso o fato de que apenas duas medidas sanitárias são obrigatórias na bovinocultura (vacinação contra a febre aftosa e brucelose), sendo todo o restante voluntário. Com isso, criamos muitas situações de riscos sanitários potenciais bastante significativos na pecuária de leite. 



Scot Consultoria
: Apesar das exportações ainda não serem significativas como as importações de leite, existe alguma enfermidade que prejudique as exportações?


Iveraldo Dutra: Depende do mercado alvo. Se pensarmos nos mercados mais exigentes, as enfermidades clássicas (febre aftosa, brucelose, tuberculose) são as barreiras imediatas. Mercados menos exigentes (maioria dos países) são mais permissivos em diversas questões sanitárias. Além dos riscos biológicos a grande questão sanitária também passa a ser os resíduos e contaminantes (riscos químicos), provocados pelo uso inadequado de produtos veterinários ou por práticas comerciais e agrícolas de risco.



Scot Consultoria
: Animais estabulados tendem a sofrer mais com problemas de casco. Existem dados sobre redução na produtividade devido a este problema?


Iveraldo Dutra: Existe um número significativo de trabalhos e artigos que avaliam as perdas provocadas por problemas no sistema locomotor dos bovinos. Assim como as questões da saúde do úbere, do sistema reprodutivo e digestório dos bovinos de leite, as questões relacionadas ao casco causam prejuízos significativos ao setor.


Os indicadores sobre os prejuízos devido a este problema são amplos e variam em função dos problemas secundários (ou primários) associados e dos sistemas de produção, mas todos reforçam a necessidade das medidas preventivas. Ao lado dessa abordagem, gostaria de enfatizar que ações preventivas e corretivas trazem benefício certo.



Scot Consultoria
: Em termos sanitários, qual a maior preocupação hoje com relação ao rebanho de leite brasileiro?


Iveraldo Dutra: Atender a crescente demanda dos mercados e dos consumidores, melhorando os indicadores de saúde animal na propriedade rural e aumentar a percepção comum entre os produtores rurais de que efetivamente são produtores de alimentos saudáveis. Acredito que temos tecnologias e processos para atender a demanda dos mais exigentes sistemas de produção, mas temos que investir forte na capacitação de recursos humanos para o bom gerenciamento e a adoção das boas práticas pecuárias.



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