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Scot Consultoria

Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria entrevista o palestrante Marcos Veiga


Terça-feira, 10 de julho de 2012 - 10h07

Nos dias 21 e 22 de agosto de 2012 acontecerá o Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP.


Mais informações em www.scotconsultoria.com.br/encontrodeleite


Um dos palestrantes será o médico veterinário Marcos Veiga, doutor em ciência dos Alimentos pela USP e professor doutor do Departamento de Nutrição e Produção Animal da FMVZ-USP.


Sua palestra abordará os conceitos sobre mastite bovina, a importância da contagem de células somáticas (CCS) no leite e porque ela é um problema nos rebanhos leiteiros brasileiros e medidas para a redução da CCS.


Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Marcos, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista da Scot Consultoria.


 


Entrevista Marcos Veiga


Scot Consultoria: Aparentemente, a qualidade do leite melhorou nos últimos anos. O que falta ainda?


Marcos Veiga: De uma forma geral, a qualidade do leite no Brasil apresenta ainda grande variação entre produtores e regiões. De acordo com os dados dos laboratórios de qualidade do leite, a CCS e a CBT não sofreram redução significativa nos últimos cinco anos, o que indica que a qualidade do leite ainda não é uma prioridade para uma parcela significativa de produtores e laticínios.


Dentre os fatores que dificultam a melhoria da qualidade do leite estão: a falta de um sistema de pagamento baseado em qualidade do leite, deficiências na assistência técnica ao produtor e na capacitação de produtores.


 


Scot Consultoria: Como está a qualidade do leite no Brasil em relação aos importantes produtores e exportadores do produto?


Marcos Veiga: A qualidade do leite do Brasil ainda apresenta deficiências em relação aos critérios de higiene (principalmente a CBT) e em relação à composição do leite, uma vez que durante a época seca do ano, muitos rebanhos não atingem os limites mínimos de composição do leite (sólidos não gordurosos).


Esta situação reduz a competividade da cadeia, pois a qualidade é um fator importante para competitividade do leite brasileiro tanto no mercado interno quanto no mercado externo.


 


Scot Consultoria: Quais fatores podem interferir na produção leiteira e alterar a composição do leite?



Marcos Veiga: A composição do leite depende basicamente da genética do rebanho (origem racial e do programa de melhoramento usado) e da alimentação. Em curto prazo, as alterações da composição do leite promovidas pela dieta podem ser obtidas de forma mais rápida, mas são limitadas, enquanto que as mudanças promovidas pelo melhoramento genético são mais lentas.


  


Scot Consultoria: O "estreitamento" das regras para produção pode fazer com que a produção clandestina de leite e derivados aumente?


Marcos Veiga: A entrada em vigor de legislação sobre qualidade do leite é apenas um dos fatores que afetam a quantidade de leite informal. Entretanto, para que a legislação tenha impactos significativos é necessário que seja aplicada de forma integral e com penalizações. Entendo que no atual momento, além da legislação, outros fatores são responsáveis pelo mercado de leite informal, como a desinformação do consumidor, dificuldade de acesso de consumidores ao mercado informal, ausência de estrutura industrial em algumas regiões e busca por melhor remuneração pelo produtor.



 


Scot Consultoria: A Instrução Normativa (IN) 62 entrou em vigor em 2011. O que muda em relação à IN 51 e quais motivos levaram o governo a esta mudança? O produtor conseguirá se adaptar a ela nas atuais condições?


Marcos Veiga: A IN 62/2011 permitiu uma ampliação dos prazos para entrada em vigor de padrões de qualidade mais rígidos em termos de CCS e CBT do leite cru. Basicamente, houve um escalonamento para a entrada em vigor do padrão mínimo de 100 mil UFC/ml (CBT) e 400 mil células/ml (CCS), o que, pela nova legislação, somente entrará em vigor a partir de 2016.


Minha opinião é de que o atendimento da legislação não depende somente do produtor e sim de uma ação coordenada do serviço de inspeção, do laticínio e do produtor. Os pontos principais para o atendimento à legislação são a capacitação do produtor e o pagamento por qualidade.


 


Scot Consultoria: O problema da CBT e CCS no leite produzido no Brasil é decorrente do manejo ou falta de infraestrutura?


Marcos Veiga: As deficiências de higiene (CBT) e de saúde da glândula mamária (CCS) nos rebanhos leiteiros decorrem basicamente de problemas de capacitação e de ausência de incentivos para que o produtor invista nestas áreas dentro da sua propriedade.


 


Scot Consultoria: Como está a questão do pagamento por sólidos no país? Como funcionam os principais programas dos laticínios para a remuneração por qualidade e volume?


Marcos Veiga: O sistema de pagamento por qualidade do leite que foi implantado por algumas empresas é caracterizado por um preço base, sobre o qual podem ser acrescidos prêmios por maiores teores de gordura e proteína. Este é o sistema mais comum e que tem sido usado por alguns laticínios.


Além dos fatores de composição do leite, existem outros critérios como volume e distância. Este tipo de sistema de pagamento por composição incentiva o produtor a melhorar a alimentação e implantar programas de melhoramento genético, os quais são as duas ferramentas básicas para melhoria da composição do leite.


Do ponto de vista da indústria, é vantajoso pagar mais por um leite de composição diferenciada, pois isso pode representar mais rendimento industrial. Um dos problemas é que estes programas não estão amplamente disseminados no país e muitos produtores ainda recebem apenas com base no volume fornecido.



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