Convenção de Criadores de Devon discutiu mercado e manejo racional

A cidade de Quaraí/RS recebeu no final de semana (6 e 7/07) criadores de Devon do Rio Grande do Sul e de outros estados para trocar experiências e discutir estratégias para atingir novos mercados. Palestras e dia de campo marcaram o evento. Duas palestras, uma sobre mercado e outra sobre manejo, foram os pontos altos do encontro, além do Dia de Campo realizado sexta-feira (6/07) na Cabanha Azul. A presidente da Associação Brasileira de Criadores de Devon, Elizabeth Cirne Lima, afirmou que o evento contemplou as expectativas dos criadores de debater questões essenciais. “Saímos da convenção mais convictos de que estamos no momento de investir em qualidade para contribuirmos, a partir do melhoramento genético, com o valor da carne bovina.” Mercado internacional garante expansão da carne bovina brasileira As perspectivas de mercado apontam para um cenário positivo para a pecuária brasileira devido ao crescimento da economia mundial e às boas perspectivas de venda ao mercado internacional. Essa é a avaliação do zootecnista Fabiano Ribeiro Tito Rosa, consultor da Scot Consultoria, com sede em Bededouro (SP), uma das empresas especializadas em gestão e mercado pecuário mais respeitadas do Brasil. Tito Rosa realizou a 1ª palestra da Convenção Nacional dos Criadores de Devon. Segundo ele, os países considerados grandes exportadores de carne, como Austrália e Argentina, dão sinais de que vão vender menos para o mercado internacional; A Austrália porque chegou ao seu limite máximo de produção, e a Argentina porque está promovendo o auto-embargo visando reduzir a inflação interna. “O mercado externo vai garantir a expansão do mercado da carne bovina”, diz, lembrando a importância de o Brasil cuidar da condição sanitária do seu rebanho para aproveitar as tendências favoráveis. O Rio Grande do Sul passou de quarto para quinto maior exportador de carne de janeiro a junho de 2007, com 5% do mercado total, perdendo uma posição para Minas Gerais. O motivo foi a baixa oferta de gado, provocada pelo abate de fêmeas registrado nos últimos anos. Esse abate provocou, somente no ano passado, redução de 7% do rebanho gaúcho, para 13 milhões de cabeças. Atualmente, o Estado é dono do maior preço da carne bovina. Tito Rosa destacou que os produtores devem aproveitar períodos de alta da pecuária, como o atual, para fazer um planejamento que fortaleça a atividade nas épocas de baixa. “Os pecuaristas devem ficar atentos a questões como manejo do pasto, nutrição, melhoria genética e administração de custos. Estamos vivendo o início de um ciclo de alta da pecuária que deve durar cerca de três anos”, afirmou. Conceito de bem-estar animal garante melhores resultados A 2ª palestra da Convenção Nacional teve por objetivo destacar a importância de trabalhar com o conceito de bem-estar animal nas propriedades rurais para conseguir melhores resultados. Foi ministrada por Henrique Ribas, da Merial Saúde Animal. Mostrou, através de vídeos, exemplos de manejo correto e incorreto do gado, destacando práticas como condicionamento do gado para lide desde seu nascimento, abandono do guiso (instrumento usado para cravar no gado especialmente em trabalho de mangueira), construção de instalações de passagem de gado fechadas e cuidados na vacinação e medicação. Ribas apresentou dados do levantamento feito para comparar a eficiência da aplicação de vacinas em 220 animais a partir do manejo convencional no brete e do manejo racional, que utiliza tronco de contenção para realizar a tarefa. A perda de vacina no convencional foi de 10,7%, e no racional, 2,6%. “A prática de bem-estar animal depende principalmente da conscientização dos pecuaristas e da disposição de passar o conceito para os homens que lidam no campo diariamente”, frisou. Fonte: Grupo Cultivar. 9 de julho de 2007.
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