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A União Européia pode mesmo parar de comprar carne bovina do Brasil?


Quinta-feira, 28 de junho de 2007 - 09h43

Produtores da França e da Irlanda voltaram a solicitar embargo total à carne bovina do Brasil. Parece até que virou moda, toda semana é isso. As razões são as de sempre: alegam que o Brasil não atende às exigências do bloco, principalmente aquelas relacionadas à sanidade e à rastreabilidade. O embasamento e a mobilização brasileira em torno de atender, ou não, as reivindicações européias não são o foco dessa análise. A questão que se pretende discutir aqui é se a União Européia pode mesmo se “dar ao luxo” de ficar sem a carne brasileira. De acordo com o último relatório da FAO (órgão das Nações Unidas para questões de agricultura e alimentação), o déficit de carne bovina na Europa alcançou 500 mil toneladas equivalente carcaça em 2006, ou seja, todo esse montante precisou ser importado. Acompanhe agora, na tabela 1, as estimativas da FAO para a produção, consumo e exportação de carne bovina, da UE, em 2007. Em síntese, a União Européia precisará importar 600 mil toneladas equivalente carcaça de carne bovina em 2007. Isso equivale, por exemplo, a 50% das exportações totais da Austrália (segundo maior exportador do planeta) ou 100% das exportações da Argentina (que está entre os cinco maiores exportadores mundiais). O déficit europeu de carne bovina, que já era elevado, vai crescer 20% em relação a 2006. Portanto, embargar o principal fornecedor, sem que exista uma razão concreta, ou tecnicamente justificável para tanto, não parece boa idéia. Que outro exportador poderia atender de forma eficiente a demanda européia? O Uruguai está “ocupado” com os Estados Unidos. Austrália e Nova Zelândia precisam atender os asiáticos e sofrem com um ajuste produtivo por conta de problemas climáticos (seca). A Argentina, por sua vez, tem praticado auto-embargo e, por fim, a própria produção européia, de acordo com a FAO, não deverá evoluir a contento. Alguém pode lembrar que os Estados Unidos estão voltando ao mercado. Mas será que os europeus, tão rigorosos e exigentes, irão aceitar a carne norte-americana? Não faz muito tempo que a “vaca louca” andou passeando pelas terras do Tio Sam. Sem contar o uso de hormônios, alimentos derivados de organismos geneticamente modificados, etc. Em síntese, a União Européia pode até levar a cabo as ameaças e banir de vez a carne brasileira de seu território. Mas, para tanto, a população local precisa estar consciente de que terá que comer mais carne branca e pagar uma fortuna pelas migalhas de carne vermelha disponíveis. (FTR)
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