• Domingo, 28 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Desmatar não causa aquecimento global


Terça-feira, 23 de janeiro de 2007 - 09h54

Variação da temperatura da Terra é quase nula tanto em áreas de floresta intacta quanto devastada O desmatamento de florestas não influencia o aquecimento global, segundo o geofísico Valiya Hamza, professor do Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro. Após realizar medições geotérmicas em diversos locais do Brasil, Hamza concluiu que, em regiões de floresta – tanto as de cobertura intacta, quanto as desmatadas – a variação de temperatura foi praticamente zero. A afirmação contraria a crença da comunidade científica internacional de que o desflorestamento é um dos fatores para o aumento do efeito estufa. “Essa pesquisa vai desmistificar a idéia passada pela imprensa de que o Brasil, por conta do desmatamento, principalmente na Amazônia, contribui para o aquecimento global”, avisa Antônio Jorge de Lima Gomes, geofísico do ON e orientando do professor Hamza. Segundo o próprio professor, a comunidade científica que prega que o desmatamento influi no aquecimento global está errada. “Os cientistas não têm noção realística do que está acontecendo”, afirma. O trabalho de medição geotérmica de temperatura foi realizado nas diferentes zonas climáticas do país, com especial atenção para as regiões Sudeste e Norte (em estados que contemplam áreas de floresta amazônica). Foram colocados sensores de temperatura de alta precisão – capazes de determinar a magnitude da variação de temperatura ocorrida no interior da Terra e em quanto tempo ela se deu – em poços perfurados com profundidades entre 100 e 1.000 metros. A ocorrência de mudança de temperatura no subsolo significa que houve também variação na superfície. “Esse processo de medição geotérmica nos permite obter dados da variação de temperatura nos últimos mil anos com alto grau de certeza” afirma Hamza. “Os cálculos obtidos com o sensor são precisos, já que descontamos o valor do gradiente geotérmico, ou seja, da variação natural gerada pelo calor da Terra”, explica. As conclusões do estudo mostram que o aquecimento começou por volta de 1850 e ocorreu em todas as áreas analisadas. Amazônia: vítima do efeito estufa As medições, realizadas desde 1992, apontam uma variação de 2 ºC em um período de cem anos no estado do Rio de Janeiro, por exemplo. Já em poços perfurados em Manaus (AM), próximos à floresta amazônica, a variação climática verificada foi de quase zero. “Isso comprova que o desmatamento não contribui para o aquecimento global”, afirma Hamza. “A Amazônia é um sistema ecológico extremamente sensível às mudanças climáticas. Ela é vítima, não causadora do aumento do efeito estufa.” A pesquisa concluiu que as variações de temperatura mais significativas se deram nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, enquanto no Norte e Nordeste os números foram menores. “Se o desmatamento realmente influísse, seria o contrário”, comenta. “Acredita-se que a cobertura florestal atue como barreira contra o aquecimento, mas não há evidências disso. Em uma lista de principais atividades causadoras do aquecimento global, o desmatamento estaria em último”, complementa. O engenheiro e economista Emílio La Rovere, pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), contraria essa opinião. “Desmatamento contribui em 10% para o aquecimento global. É o que acredita a grande maioria dos cientistas que atuam na área, baseados sim em evidências científicas”, afirma. Apesar de não existir comprovação científica que indique que a cobertura vegetal protege contra o aquecimento, o simples fato de se cortar madeira contribui para o aumento das emissões de carbono. “Quando ela apodrece ou é queimada, libera gás carbônico, grande causador do aumento do efeito estufa. Quanto a isso, não há a menor dúvida”, diz La Rovere. “Mas concordo que a contribuição do desmatamento é pequena. É difícil se chegar a um consenso quando o assunto é aquecimento global”, resume. Tinoco, Juliana. Ciência Hoje On-Line. 18 de janeiro de 2007.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja