Exportações e preços de leite

O cenário internacional favorece o aumento das exportações de lácteos. O mercado está aquecido e não há oferta suficiente para atender toda a demanda. O resultado é elevação nos preços do mercado internacional. No entanto, a competitividade brasileira é limitada pelo efeito do câmbio e por problemas infra-estruturais. No atual câmbio, em torno de R$2,15/US$1,00, a exportação de leite em pó nos preços médios que o Brasil está vendendo, permite a remuneração de apenas R$0,50/litro ao produtor, preço já praticado atualmente. Se o câmbio favorecesse, e o Brasil mantivesse o ritmo de crescimento das exportações conforme ocorreu em 2004 e em 2005, é provável que os preços aos produtores fossem ligeiramente mais altos. O aumento nos preços do mercado interno, no entanto, não seria tão significativo porque mesmo melhorando o desempenho das exportações, o Brasil ainda exporta apenas cerca de 2% da produção nacional. É pouco para mexer com todo o mercado. O preocupante, no caso do mercado externo, é a falta de escoadouro para a produção leiteira. A produção, que segundo o IBGE, aumentou 4,7% em 2005, pode aumentar outros 1,5% a 3%, em 2006. É muito leite no mercado, para um consumo interno que não avança significativamente. Produção aumentando, consumo praticamente estagnado, não há espaço para aumentos nos preços do leite. No mundo há maior pressão de consumo, com oferta apertada de leite. No Brasil há oferta de leite, com consumo retraído. O cenário, por si só, é conclusivo. É preciso exportar e aproveitar o momento do mercado internacional, mas o setor, como os demais, depende do câmbio. (MPN)
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