Boi e clima

Após longo período de preços deprimidos a cotação da arroba do boi gordo reagiu. Reagiu por vários motivos, entre eles porque estamos em plena entressafra e a entressafra da produção de bovinos se caracteriza pelo período seco. Pouca água significa diminuição da produção de capim e demais plantas forrageiras. O nosso telefone não pára de tocar com pecuaristas querendo saber por quanto tempo os preços ficarão firmes e se continuarão subindo. Pergunta difícil de responder, mas dando uma olhada na previsão do tempo para os próximos meses, podemos arriscar um palpite que talvez ajude a responder essas perguntas. No jornal O Estado de São Paulo, de 22 de setembro, o jornalista Alaor Barbosa entrevistando peritos em clima da Universidade Federal do Rio de Janeiro informa que o volume de água dos reservatórios de nossas hidroelétricas está se aproximando de níveis críticos. Está faltando chuva. Com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico prevê-se que até o final de novembro as represas do Sudeste brasileiro estarão com 40% de sua capacidade. Assim como existe sazonalidade na produção de capins, existe sazonalidade no regime de chuvas. Ciclos de seca e ciclos de chuvas. Segundo os pesquisadores, estamos provavelmente encerrando um período de ciclo de chuvas, de abundância, para começarmos um ciclo de seca ou mais seco. Se essa previsão se concretizar, será mais difícil produzir nos próximos dois ou três anos. Junte-se a esse fenômeno climático o abate intenso de fêmeas dos últimos anos e o que temos é um quadro de diminuição de oferta, considerando somente esses dois fatores, clima e abate de matrizes. Diante disso, é de se supor, que os preços devem permanecer firmes e com tendência de alta. Assim como o ciclo das águas abundantes está se encerrando, provavelmente o ciclo de preços favoráveis ao produtor deve estar se iniciando. (AT)
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