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Scot Consultoria

Sobre o “novo” SISBOV


Quarta-feira, 6 de setembro de 2006 - 13h26

Hoje o Brasil enfrenta dois grandes problemas para a expansão das exportações de carne bovina. Um é a febre aftosa, o outro é a rastreabilidade. Com relação à febre aftosa, as informações são conhecidas: cerca de 60% dos mercados estão fechados para a carne in natura do Brasil, em função da presença do vírus da doença em território nacional. A maioria dos grandes importadores, como EUA, Japão e Coréia do Sul, não aceitam comprar carne de países que não sejam totalmente livres da doença; e sem vacinação! Sobre a rastreabilidade, cerca de 2/3 das vendas externas de carne bovina brasileira já se destinam a países que exigem essa prática. No caso, o Chile e os membros da União Européia. Não bastasse, outros mercados que o Brasil ainda busca acessar, destacando-se novamente EUA e Japão, também fazem questão da rastreabilidade. Portanto é forçoso afirmar que, hoje, praticamente não se tem exportação sem SISBOV. O “novo” SISBOV veio acompanhado de algumas adequações interessantes, como o conceito de propriedade certificada e a não obrigatoriedade de adesão ao programa. Mas ainda há muita coisa para ser aperfeiçoada. De toda forma, o interessante é que o SISBOV vá rodando, e que os ajustes sejam implementados com o tempo, mediante discussão e consenso de toda a cadeia produtiva da carne bovina. É importante considerar o ponto de vista de quem trabalha diretamente com o comércio internacional, mas é imprescindível ouvir também quem está no campo, na lida, que conhece como ninguém as dificuldades de implantação e condução do programa. Vale, porém, destacar um ponto. A partir de 2009, as propriedades aprovadas no SISBOV (Estabelecimentos Rurais Aprovados no SISBOV) só poderão comprar animais de outras propriedades também aprovadas. Ou seja, recriadores e invernistas terão, obrigatoriamente, que adquirir bezerros já rastreados. A medida faz com que o SISBOV abrace todo o ciclo produtivo, o que vai de encontro com o próprio conceito de rastreabilidade, no que tange o monitoramento de toda a vida do animal, do nascimento ao abate. Porém, é preciso que se trabalhe de forma eficiente na promoção do programa e na conscientização do produtor para que não se chegue em 2009 sem bezerro rastreado no mercado. Vale lembrar que, hoje, quem rastrea é, quase que exclusivamente, o invernista, uma vez que o prazo mínimo para a permanência do animal no Base Nacional de Dados (BND) do SISBOV, antes do abate, é de 90 dias. Recentemente o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), juntamente com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), lançou uma cartilha explicando as novas regras do SISBOV. De leitura simples e rápida, ela foi distribuída a todos que já estão inscritos na BND. A iniciativa é boa. Mas quem já participa do SISBOV já está, naturalmente, procurando se informar ou sendo informado, pelas próprias certificadoras, sobre as novas regras. O mais urgente é acessar a base da pirâmide produtiva, que são os criadores. Eles respondem, provavelmente, por 80% dos mais de 2 milhões de pecuaristas brasileiros. É esse o “gargalo” do programa. A conscientização dos criadores começa justamente com seus clientes, que são os recriadores e invernistas, e culmina em ações que devem contar, obrigatoriamente, com a participação do MAPA e de organizações representativas como associações de produtores, associações de raça e sindicatos rurais. Vale lembrar que o Brasil é um país continente, com realidades econômicas, sociais e culturais das mais diversas. Portanto, a promoção do SISBOV, principalmente junto à base da pirâmide produtiva, é um trabalho hercúleo, que deveria ter começado antes de ontem. Mãos à obra! (FTR)
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