Dúvida de um cliente da Scot Consultoria
Nos últimos dias vimos o mercado do boi gordo tendo uma boa melhora nos preços, mas até que ponto podemos acreditar em preços na casa dos R$60,00/@?
Para os próximos meses poderemos dosar a oferta para valorizarmos nossa mercadoria, e não ficarmos a mercê dos frigoríficos?
O zootecnista Leonardo Alencar responde:
A chegada da entressafra, com a retração da oferta de gado de pasto, sinalizava reação nos preços. Essa reação foi acima do esperado porque muitos pecuaristas atrasaram a hora de fechar o gado no confinamento, uma vez que os preços não indicavam uma remuneração satisfatória.
Esse buraco criado entre oferta de gado de pasto e gado de cocho resultou em grande dificuldade dos frigoríficos preencherem as escalas, forçando altas consecutivas e quase diárias.
Com a disponibilidade crescente de gado de cocho, esperada para o fim de agosto ou início de setembro, as indústrias devem tentar segurar os preços. Entretanto, em 2005, a oferta de gado de cocho acabou antes da safra, o que proporcionou uma alta nos preços mesmo com a aftosa.
Com o abate acentuado de matrizes ao longo dos últimos 3 anos, o mercado sinaliza uma oferta de bezerros e garrotes mais enxuta, sendo este um dos indícios de virada de ciclo. A expectativa é de início de ciclo de alta em 2006.
A cotação da arroba no patamar de R$60,00 é possível, mas é mais sustentável em situações em que o dólar esteja acima de R$2,50, porque dessa forma o preço do boi brasileiro permanece competitivo no mercado internacional.
Deve-se ressaltar, entretanto, que problemas sanitários podem fazer o mercado voltar à situação de especulação, onde o temor de vender o boi gordo a preços deprimidos força o pecuarista a vender logo. O aumento expressivo da oferta de gado terminado em pouco tempo resulta em uma queda brusca nos preços.
Outro fator que pode influenciar esse cenário é o clima. Caso as chuvas cheguem mais cedo em novembro, é possível que a oferta de gado de pasto se eleve antes do esperado.
A expectativa é de alta, mas é preciso manter os pés no chão para não correr riscos.
<< Notícia Anterior
Próxima Notícia >>