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Scot Consultoria

Para EUA, não há mais subsídio para cortar


Terça-feira, 15 de agosto de 2006 - 12h42

Os produtores de algodão dos Estados Unidos criticam o comportamento do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e declaram que a nova disputa que o País levará à entidade nas próximas semanas sobre os subsídios americanos poderia ter sido evitada. Isso se o Brasil, ao lado de Índia e Europa, houvesse aceitado a proposta da Casa Branca de cortes de tarifas e subsídios nas negociações da Rodada Doha da OMC, suspensa no mês passado. Para os fazendeiros americanos, não há mais subsídios a serem retirados. Há poucos dias, o Itamaraty decidiu voltar a apelar à entidade depois que a Casa Branca se recusou a dar sinal de que iria retirar seus subsídios. No ano passado, a OMC condenou os subsídios americanos à pedido do Brasil. Mas a Casa Branca cumpriu apenas parcialmente as ordens e acabou com programas que representam só 15% dos subsídios ao algodão. Agora, uma nova batalha jurídica está prestes a começar em Genebra. Para os produtores dos EUA, nada disso seria necessário. O Conselho Nacional do Algodão dos EUA afirmou que se União Européia, China, Índia e Brasil tivessem oferecido concessões equivalentes às que os Estados Unidos fizeram na Rodada Doha, o Congresso americano estaria trabalhando em uma legislação para cortar os subsídios em 60%, incluindo os programas de ajuda ao algodão. Explicou ainda que ao invés disso, a oferta significativa dos Estados Unidos está desaparecendo e o Congresso americano vai debater as leis de ajuda à agricultura - a Farm Bill de 2007 - usando apenas os tetos permitidos hoje pela OMC, que são mais elevados que o teto sugerido pelos Estados Unidos nas negociações Brasil e União Européia esperavam cortes maiores dos EUA nas negociações da OMC. A União Européia, por não aceitar a proposta americana, se recusou a cortar mais suas tarifas de importação de produtos agrícolas. Foi, então, a vez de a Casa Branca dizer que não aceitava os cortes propostos pela Europa, o que acabou bloqueando o processo e suspendendo a negociação. Entre os brasileiros, as opiniões são bem diferentes da avaliação dos americanos. O diretor da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), afirma que, se a OMC provar mais uma vez que os EUA estão violando as regras ao subsidiar o produto, o Congresso americano poderá ser pressionado a aprovar uma Farm Bill que preveja cortes na ajuda ao setor. O embaixador do Brasil na OMC tenta desvincular o caso do algodão ao fracasso de Doha. As negociações da rodada teriam efeitos de longo prazo. A disputa é para ser cumprida imediatamente. SIGILO No setor privado americano, apesar das críticas ao Brasil, o sigilo sobre o volume de subsídios recebidos é total. O Conselho Nacional do Algodão dos EUA levou mais de uma semana para responder a um pedido de entrevista feita pelo Estado. Quando o fez, não respondeu às perguntas enviadas sobre os efeitos dos subsídios ou o valor da ajuda anual. O Conselho Nacional do Algodão acredita que, ao eliminar um componente importante do programa americano ao setor, os Estados Unidos já lidaram de forma suficiente com o caso. Para o setor, o que já foi feito pela Casa Branca deixa o país em conformidade com a OMC. Mas o Itamaraty diz que a avaliação não é verdadeira e quer que a OMC julgue se os EUA cumpriram de fato a condenação de retirar os subsídios. Apesar de os produtores se recusarem a divulgar quanto recebem em subsídios, a entidade americana Environmental Working Group enviou ao Estado uma lista das empresas que mais se beneficiaram dos cofres estatais na produção de algodão nos últimos dez anos. No total, US$ 2,4 bilhões foram distribuídos em só um dos programas condenados. O volume de recursos de apenas um programa equivale a quase toda a exportação de frango do Brasil. Do total, quase metade foi para dez companhias. A líder é a Allenberg Cotton, do Tennessee, com mais de US$ 180 milhões desde 1995. Em segundo lugar vem a Dunavent Enterprises, com US$ 167 milhões, seguida pela Cargill Cotton, com US$ 155 milhões. A Allenberg não fala sobre o assunto. "Não tratamos desses temas com a imprensa", disse um funcionário. Fonte: O Estado de São Paulo
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