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Scot Consultoria

Não entendo mais nada


Segunda-feira, 24 de julho de 2006 - 12h47

Duas matérias veiculadas recentemente na imprensa. Na revista Exame, o jornalista Felipe Seibel mostra o descalabro do governo brasileiro que, depois de 2 anos de crise do agronegócio, prepara um pacote de medidas que visam elevar o índice mínimo de produtividade de propriedades rurais, a fim de conseguir mais terras para desapropriação. Se a canetada do presidente vier, o governo deve alcançar um bom êxito, já que o produtor, “esmilingüido”, está sem caixa para investir. Já no jornal Valor Econômico, o colunista Ricardo Balthazar fez um apanhado de uma série de matérias do Washington Post, que mostram o grau elevado de protecionismo praticado pelo governo dos EUA para com seus produtores rurais. Só um exemplo: quando explodiu o ônibus espacial Columbia no céu do Texas, as autoridades norte-americanas distribuíram cheques (bem gordos) para produtores rurais a fim de amenizar prejuízos com a queda dos destroços nas lavouras. Acontece que muitas propriedades, que estavam a quilômetros de distância de onde caiu o último pedaço do ônibus, também receberam a “ajuda”. Quem tentou ser honesto, cogitando devolver o dinheiro, desistiu depois que ficou claro que o montante seria imediatamente repassado a outro produtor, que muito provavelmente também não precisaria dele. Acredito que, aqui no Brasil, poderia cair o cometa Halley no meio do cinturão da soja no Centro-Oeste que os produtores iriam ficar a ver navios. Tem-se aí dois exemplos extremos. O engraçado é que, nos EUA, o agronegócio é um dos setores menos competitivos da economia, com pouca participação relativa em termos de PIB e de exportações. Já no Brasil, como bem lembrado na matéria da Exame, o agronegócio responde por mais de 30% do PIB, 37% dos empregos e 93% do saldo da balança comercial brasileira. Dá um show, encanta o mundo. Mas lá nos EUA o produtor tem força, é respeitado. Aqui no Brasil é tratado como cidadão de segunda categoria; seus pleitos nunca são prioridade. Sua voz não faz eco. Realmente é difícil de entender. (FTR)
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