Em Ribeirão Preto, Pedro Gonçalves analisa a transformação da pecuária nacional com foco na produtividade, sustentabilidade e protagonismo global da carne produzida a pasto.
O Brasil está vivendo um dos momentos mais expressivos da história de sua pecuária, e foi exatamente sobre isso que o zootecnista Pedro Gonçalves falou na palestra “Análise tática da evolução das áreas de pastagens no Brasil”, durante o Encontro de Intensificação de Pastagens da Scot Consultoria, realizado nos dias 24 e 25 de setembro. O evento reuniu produtores, técnicos e pesquisadores que acompanham as rápidas transformações do setor, em especial o avanço da produtividade mesmo diante da redução da área total de pastagens no país.
Com uma abordagem leve, mas repleta de dados técnicos, Gonçalves traçou uma linha do tempo desde a chegada dos primeiros bovinos com os colonizadores portugueses até o atual protagonismo brasileiro no mercado internacional de carne. “Nós deixamos de ser uma pecuária que guardava dinheiro, para ser uma pecuária que produz alimentos com eficiência. E isso só foi possível porque o pasto evoluiu com a gente”, afirma o palestrante, que fez questão de agradecer a equipe da Scot Consultoria pela construção conjunta da apresentação.
Durante a exposição, foram destacados os avanços tecnológicos que permitiram ao país reduzir a área de pastagem - de cerca de 170 para 150 milhões de hectares — sem comprometer a produção. Pelo contrário, a produtividade saltou de 12 para quase 70 quilos de carcaça por hectare entre 1970 e 2025. Esses números refletem o uso mais eficiente dos recursos, com adoção de boas práticas de manejo, melhoramento genético e integração com outras culturas. “A nossa carne a pasto representa 12,3% da produção mundial, e isso com baixo custo e alta sustentabilidade”, reforça.
O impacto econômico dessa transformação também foi quantificado por Pedro: de 1997 a 2025, os ganhos gerados apenas pela melhora da produtividade representam quase R$ 21 bilhões injetados no sistema pecuário nacional. Ele ainda lembrou que, embora o confinamento seja uma ferramenta relevante, cerca de 90% da carne brasileira ainda é produzida em pastagens. “A pastagem aguenta desaforo. É ali que está a vaca descartada, o boi que não vai para o grão. E mesmo assim, o Brasil virou líder global em exportação de carne bovina”, disse, em tom descontraído, arrancando risos da plateia.
Ao encerrar sua palestra, Pedro Gonçalves reforçou que o Brasil tem uma responsabilidade cada vez maior no cenário global, especialmente com o aumento da demanda internacional e as exigências ambientais de mercados como o europeu e o asiático. Ele destacou que, mesmo com desafios, o país se posiciona como potência sustentável na pecuária. “O Brasil se tornou uma potência pecuária sobre o pasto. Sobre esse tapete verde que garante alimento, renda e respeito ao meio ambiente”, conclui, sob aplausos do público.
Matéria originalmente publicada em: Intensificação das pastagens e evolução da pecuária no Brasil são temas centrais em evento da Scot Consultoria
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