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Scot Consultoria

Alta do farelo de soja à vista


Sexta-feira, 24 de julho de 2015 - 14h40

Apesar da previsão de crescimento da área plantada na próxima safra de soja, 2015/2016, ela deve ser menor em relação aos outros anos. Para o próximo ciclo, a ser semeado a partir de setembro no Brasil, estimamos um avanço na área plantada entre 2,5% e 3,5% em relação a 2014/2015, quando a área aumentou 5,7%, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Um crescimento menor da área de soja em 2015/2016 pode impactar nos preços do farelo e, por consequência, nas cotações dos demais alimentos concentrados proteicos - bastante utilizados em confinamentos. A área deve se reduzir porque, com a recomposição dos estoques mundiais, a rentabilidade média da produção de soja diminuiu nos últimos anos.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em 2011/2012 eram 54 milhões de toneladas do grão em estoques finais. Para 2015/2016, a estimativa é de 93,2 milhões de toneladas, 72,4% a mais. O aumento dos estoques nos últimos anos veio acompanhado da queda no ritmo de crescimento da demanda mundial, pressionando as cotações nos mercados internacional e brasileiro.

No mercado brasileiro, o farelo de soja está no patamar mais baixo de preço desde 2012, quando chegou a ser vendido acima de R$ 1.400 por tonelada. Em junho de 2015, a referência em São Paulo era R$ 995/tonelada, segundo levantamento desta consultoria.

Sustentação de preços

Entretanto, esse cenário pode mudar, pois há outro fator de sustentação de preços: o dólar valorizado em relação ao real. O Brasil exporta metade da sua produção de farelo e as variações de câmbio têm impactado diretamente nas cotações do insumo. Após dois anos de preços historicamente baixos, em função de estoques mais confortáveis e demanda crescendo em proporção menor, os preços do farelo podem subir neste fim de 2015 e também no ano que vem.

As cotações tanto do grão como do farelo de soja já começaram a ganhar sustentação no mercado internacional em junho, com as chuvas nos Estados Unidos e a possibilidade de redução de área plantada em função dos prejuízos às lavouras. Assim, é importante lembrar que o planejamento das compras de insumos e a análise rotineira desses mercados são fundamentais para o sucesso da atividade pecuária.

Confinamentos

Afinal, a alimentação dos animais representa entre 20% e 25% dos custos operacionais de um confinamento de bovinos. A participação do concentrado proteico varia entre 5% e 10% desses custos, dependendo do tipo de dieta e dos ingredientes utilizados. E o farelo de soja é o principal concentrado proteico utilizado e um balizador de preços.

Com a colheita do algodão, a maior disponibilidade de caroço e farelo desse produto _ outro insumo básico para a pecuária bovina, _ poderá tirar a sustentação das cotações em médio prazo. De qualquer maneira, a produção desses insumos deverá ser menor este ano, já que houve redução de quase 13% na área plantada de algodão na safra 2014/2015.

Por isso, é bom repetir, a análise de todos estes componentes é essencial, principalmente para o setor de confinamento de bovinos.

Fonte: Revista DBO, edição no. 417 (julho/2015) - texto de Alcides Torres e Rafael Ribeiro (Scot Consultoria).


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