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Scot Consultoria

Câmbio valorizado e escassez de crédito reduzem negócios futuros


Sexta-feira, 24 de outubro de 2008 - 16h00

A forte volatilidade do dólar somada aos problemas desencadeados pela crise internacional estão simplesmente anulando a opção do produtor ou investidor de fixar preços no mercado futuro e garantir sua renda. O volume dos contratos dos principais produtos agropecuários negociados na BM&FBovespa tiveram forte redução em outubro. Dados da bolsa brasileira mostram que, até 22 de outubro, foram negociados 107.830 contratos, entre os de boi gordo, café arábica, milho e soja. Em 2007, o mês de outubro inteiro movimentou 266.735 papéis dos mesmos itens.A ferramenta é considerada por analistas como um importante aliado na garantia da receita diante de uma tendência de preços agrícolas pouco remuneradores. Embora também tenha recuado, os contratos do boi gordo foram os menos atingidos pela turbulência até agora. Neste caso, 61,88 mil papéis estavam em aberto. “A crise reduziu a expectativa de alta nos preços do boi. Por isso, muitos investidores que atuam no mercado, incluindo os pecuaristas, encerraram os contratos”, revela Rodrigo Simões, diretor da Guepardo Investimentos. Ele cita como exemplo o caso da Rússia, maior comprador da carne brasileira, que tenta negociar novos preços por causa da alta do câmbio. Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria, acrescenta que é normal uma redução no volume de negócios em outubro. Mas ressalta que se por um lado existe a tendência de queda de demanda, por outro existe um câmbio mais valorizado que deve remunerar na mesma proporção o produtor. “O boi foi o menos atingido pela crise”, completa o analista. Mesmo com tendência de menor consumo, os preços da arroba do boi subiram na BMF&Bovespa nos últimos meses. De 22 de setembro até agora, a arroba do boi teve uma valorização de 4,5%, saltando de R$87,00 para R$91,00. Tito Rosa acrescenta que a redução no volume de contratos futuros não significa que o pecuarista será prejudicado. Simões acrescenta que o mercado interno consome 70% da produção. “No médio prazo os preços devem ser firmes”. Os contratos do café arábica, que por um bom tempo foram os mais negociados na Bolsa, já passam por um ano atípico. “Está tudo muito diferente neste ano. No último mês, a crise tirou a lógica de tudo”, avalia Sérgio Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes. Segundo os números da Bolsa, cerca de 29,4 mil contratos de café arábica foram negociados até o dia 22 deste mês, número bem inferior aos 104,2 mil contratos negociados em outubro de 2007. “Não dá para fazer nenhuma previsão técnica com o dólar oscilando desse jeito. A oscilação pode consumir muito caixa e não permite um cálculo adequado”, observa. Gil Barabach, analista da Safras & Mercado, acrescenta que é ruim o produtor perder mais uma ferramenta que ajude na renda. “O custo para atuar nessas condições é muito alto. Os contratos de opções, que não exigem pagamento em caso de oscilação, seria uma alternativa. Mas a falta de liquidez torna esse sistema pouco atraente”. Anderson Galvão, da Céleres, diz que a queda nos contratos da soja confirmam a situação do produtor. “Muitas empresas de insumos trabalham no futuro. Isso pode indicar que os produtores não devem ter opção para trocar seus produtos”. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Roberto Tenório. 24 de outubro de 2008.
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