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Scot Consultoria

Crise acirrará disputa pelo mercado da União Européia


Quarta-feira, 1 de outubro de 2008 - 11h57

A crise norte-americana de crédito pode vir a acirrar a concorrência entre os exportadores de carnes brasileiros e dos Estados Unidos pelo mercado consumidor europeu, na opinião de analistas. Com a desaceleração da economia dos Estados Unidos - o que acaba refletindo em redução de consumo, inclusive de itens alimentícios -, as empresas daquele país deverão buscar mercados alternativos para direcionar produtos, já considerando também certa queda de produção por parte dessas companhias. A União Européia é uma das plataformas onde Brasil e Estados Unidos concorrem para a venda de carne bovina e de frangos, tanto in natura quanto industrializada, levando em conta restrições sanitárias que os dois países enfrentam, lembram os especialistas. “O Brasil deve perder um pouco de espaço tanto no mercado americano quanto no europeu, onde os Estados Unidos devem apostar com a redução de seu consumo interno”, avalia Peter Ho, analista da corretora Planner. Ho acrescenta que a União Européia também deverá ser alvo dos norte-americanos, mesmo sendo o mercado asiático hoje sua principal estratégia de exportação de carnes. O Brasil ainda não exporta diretamente para diversos países na Ásia por conta de questões sanitárias. Fausto Gouveia, analista da WinTrade, home broker da Alpes Corretora, também acredita em disputa um pouco maior pelo mercado europeu, embora seja fator chave levar em conta o fôlego do consumidor europeu. “Há de se considerar que essa crise também poderá respingar na Europa”, acrescenta. Gouveia lembra que os Estados Unidos já vêm adotando política para tornar suas exportações mais competitivas e, se o dólar voltar a sofrer desvalorização, os brasileiros perderiam espaço. “Não vejo essa desvalorização agora. O dólar deve continuar nesses patamares até o final do ano”, avalia. “No entanto, esse dólar atual já torna os exportadores americanos competitivos. Os Estados Unidos têm vantagem logística sobre os brasileiros. No Brasil, mesmo considerando o baixo custo de produção, a logística ainda é uma das mais caras”, diz. Ho, da Planner, acredita que a moeda americana possa sofrer desvalorização em um período de um mês, aproximadamente. Gouveia, da Alpes, acrescenta, ainda, que, o fato de haver possibilidade de aumento de concorrência na Europa não deve preocupar os frigoríficos brasileiros, que agora estão com o foco no mercado interno. Os frigoríficos brasileiros discordam sobre a perda de espaço. “Não vejo esse cenário porque hoje o Brasil está pouco presente no continente europeu e há muita demanda. Prova dela é o boi valorizado das fazendas aptas a fornecer animais para os frigoríficos que exportam para o continente”, avalia Luiz Carlos de Oliveira, diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). “Se o país tivesse um número dez vezes superior de fazendas aptas a fornecer carne para a União Européia, ainda assim, haveria demanda”, acrescenta. Para Oliveira, a situação da indústria brasileira de carne bovina é sólida, sobretudo, porque o mercado interno está aquecido. O setor espera que mesmo com a turbulência no mercado internacional, a demanda de carne bovina pelos europeus deverá continuar firme. A analista da Scot Consultoria, Gabriela Tonini, lembra que a primeira conseqüência direta para os exportadores brasileiros é a redução de exportações de carne industrializada para o mercado norte-americano. JBS A JBS S.A. informou ontem, em nota ao mercado, que registra até o dia 29 de setembro uma valorização de R$422 milhões relativos aos investimentos realizados no exterior. A companhia também informou ter obtido “ajustes diários acumulados positivos superiores a R$300 milhões, principalmente oriundos das operações de hedges dos recursos disponíveis para as aquisições da National Beef, Smithfield Beef e Five Rivers”, dizia em nota. A JBS atribuiu o resultado positivo até o momento à política da companhia, que obriga as diversas áreas a “zerarem” suas exposições diárias. Fonte: DCI. Agronegócios. Por Érica Polo. 1 de outubro de 2008.
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