• Sexta-feira, 19 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Consumidor brasileiro garante margens de lucro aos frigoríficos


Terça-feira, 19 de agosto de 2008 - 10h36

O aumento das vendas dos frigoríficos no mercado interno foi um dos responsáveis para que as margens de lucro do setor não caíssem ainda mais no último trimestre. Todas as empresas dessa área destacaram em seus balanços crescimento desse mercado - apesar dos investimentos fora do Brasil - e, do mesmo modo, margens inferiores às registradas em 2007. Das quatro indústrias que divulgaram seus resultados, apenas a JBS teve prejuízo. Analistas de mercado acreditam que o terceiro trimestre deve continuar com margens apertadas - mas talvez com estabilidade - e, no último, pode haver uma pressão maior. Também apostam que as grandes empresas estão preparadas para a crise de oferta de gado e que o momento, apesar de difícil, pode ser benéfico - com oportunidades de compras. “O que está acontecendo é que o Brasil está ficando interessante para o consumo, está ficando um mercado melhor. Por isso, faz sentido o mercado interno manter a margem”, acredita Roberto Russo, presidente do Independência. - pela primeira vez este mercado foi maior que o externo para a empresa. Para o analista Fabiano Rosa, da Scot Consultoria, o mercado interno se tornou viável, pois estava com a demanda aquecida. “Considerando que a União Européia está praticamente fechada, foi uma estratégia que todos adotaram”, diz. O analista Rafael Cintra, da Link, destaca que o aumento do custo de produção afetou os resultados. “Mesmo com política de repasse de preço, não conseguiram na mesma magnitude”, diz. Ele lembra que parte da carne que iria para a Europa foi para o mercado interno. Rosa acrescenta também o crescimento econômico do País e o aumento da renda. Cintra lembra que o desafio do setor é o aumento do custo de produção, uma vez que a expectativa é de reversão de ciclo no final de 2009 e início de 2010. “A partir de agora, a tendência é de comparar meses ruins com outros também ruins”, diz José Vicente Ferraz, diretor da AgraFNP. Para ele, a manutenção das dificuldades de exportação impediu uma alta nos preços maior. Rosa avalia que a expectativa não é de melhora das margens no curto prazo. “Mas a retração não será tão abrupta”. A maior diferença ocorreu com a JBS (de 14,4% para 4,1%), enquanto a menor foi a do Marfrig (de 12% para 11,4%). Rosa destaca que as indústrias estão colhendo os investimentos anteriores. “Eles se prepararam para aumentar a capacidade no Brasil, que ainda tem margem de ociosidade”. Por outro lado, segundo ele, apesar de o maior foco de compras, no último ano, ter sido no mercado externo e o interno é que foi o que mais cresceu Rosa lembra que as indústrias fazem apostas no longo prazo e que os ativos fora do Brasil estão mais favoráveis a compras. “Com isso, as indústrias acessam novos mercados e se protegem contra problemas no Brasil”. Na avaliação de Cintra, entre as indústrias de capital aberto, aquela que tem a melhor estratégia é o Marfrig, pois tem se focado em um mercado em expansão (food service), além de terem iniciado a diversificação entre as proteínas. Rosa destaca o “acerto” de algumas empresas, como o Independência - que investiu em Goiás, onde há maior oferta de gado - e do Marfrig - com o posicionamento no Uruguai. Por outro lado, segundo ele, a JBS teve “azar”, pois o mercado dos Estados Unidos está menos favorável, com oferta de animais e crise financeira, e o da Argentina, que teve o auto-embargo. Independência O Independência divulgou ontem os resultados do 2º trimestre. A empresa obteve lucro líquido de R$10,9 milhões - crescimento de 70,3% - e margem Ebitda de 14,7% - a maior no setor. O presidente do Independência destacou que a empresa está preparada para a abertura de capital - mas depende do cenário econômico - e acrescentou que, ao final deste ano, será “outra indústria”, com o aumento de sua capacidade de 10 mil para 12 mil abates por dia. Tobias Bremer, diretor-financeiro, destacou o aumento do preço da matéria-prima, além da grande diferença regional, que chegou a 20%. O presidente da empresa lembrou que “não existe convergência de margens” no setor, uma vez que, segundo ele, os frigoríficos têm estratégias diferenciadas. Ele acredita em melhora das margens no próximo trimestre e lembra que nos mercados interno e externo o preço da carne já chegou ao topo. O frigorífico Arantes Alimentos arrendou por 10 anos, com opção de compra, a fábrica da International Food Company (IFC), de Itupeva (SP), que produz, principalmente, beef jerky. As ações dos frigoríficos encerraram em queda ontem na BM&FBovespa: -4,17% para o Minerva, - 3,29% para a JBS e - 1,67% para o Marfrig. Fonte: Gazeta Mercantil. Agronegócio. Por Neila Baldi. 19 de agosto de 2008.
<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja