Scot Consultoria

Alta dos alimentos faz faixa de ganho do produtor aumentar

Alta dos alimentos faz faixa de ganho do produtor aumentar


Na escalada dos preços dos alimentos um cenário pouco comum começa a tomar forma e produtores de commodities como carne, trigo e arroz, estão garantindo margens iguais ou maiores que a indústria e o varejo. Além do aumento dos insumos, que resultam num natural repasse dos custos de produção para outros elos da cadeia, o apetite por rentabilidade após períodos de crise está fazendo com que os agricultores pressionem a rentabilidade do varejo. O mercado de carnes é um dos que essa tendência se confirma com mais força. De acordo com dados da Scot Consultoria, este mês a diferença entre o preço pago ao produtor de bovinos e o preço pago ao frigorífico é de aproximadamente 40%. No mesmo período do ano passado essa diferença era de 70,6%. Vale ressaltar que essa comparação da margem de lucro não considera os custos de cada setor. "A margem maior geralmente é do varejo, mas os produtores estão pressionando", afirma Gabriela Tonini, consultora da Scot. Segundo ela, a perspectiva é de um aumento contínuo também no segundo semestre. "Além de ter pouca carne no mercado, o encarecimento da matéria-prima deve gerar novos repasses para os frigoríficos", avalia. O "efeito dominó", fruto dos repasses e busca de rentabilidade, fez com que a aceleração nos preços dos itens alimentícios da cesta básica levasse a inflação, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a registrar, em maio, seu maior patamar desde 1996. Dentro do grupo Alimentos e Bebidas, do IPCA, o arroz foi o item que deu a maior contribuição individual. O preço do produto subiu 19,75% no mês. Os produtores do grão enfrentaram prejuízos nas três últimas safras e agora, com o mercado favorável, garantem uma margem de 5%, que é a margem histórica segundo Marco Aurélio Tavares, diretor de Mercado da Federarroz. O número é bastante próximo à atual margem líquida obtida pelo varejo com as vendas de arroz, 7%. Atualmente, o pacote de 5 quilos do grão chega para o consumidor da cidade de São Paulo em torno de R$9,50, considerando todos os impostos e fretes. "Com esse preço, o arroz não sofreria ajustes a partir desse ponto", diz Tavares. "Considerando o cenário atual de acomodação dos preços internacionais e internos não serão feitos novos repasses ao consumidor", completa. Até março, os rizicultores haviam passado 48 meses comercializando o grão por valores abaixo do custo de produção. "Quando o arroz está com preços baixos para o produtor o consumidor não sente porque o lucro fica concentrado em outros elos da cadeia", afirma Tavares. Na inflação no último mês, o arroz não é o grande vilão da cesta básica, segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Isso porque 3 quilos do produto, média mensal de consumo no Brasil, comprometem menos de 1,5% do salário mínimo. Os maiores gastos ficam por conta do pão francês e da carne, itens que ocupam o segundo e o terceiro lugar como os de maior impacto na inflação dos alimentos, registrando aumentos de 4,74% e 3,45%, respectivamente. No caso da carne o consumo de 6,6 quilos por mês compromete em 21% o salário do trabalhador da cidade de Porto Alegre. Já para o consumo de 6 quilos de pão francês o assalariado terá que utilizar 8,15% do seu salário mensal. Nem mesmo com a implementação de políticas governamentais e a expectativa de crescimento da produção de trigo no País, brecaram a aceleração do preço do pão. Segundo Lucílio Alves, pesquisador de Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicado (Cepea), o preço da matéria-prima evoluiu nos últimos meses e o mercado ainda está assimilando essa alta. "O que está chegando aos consumidores hoje é reflexo do aumento dos preços pagos ao produtor não só no Brasil como no mercado internacional." Na comparação entre os meses de maio de 2007 e de 2008, a alta nos preços no Rio Grande do Sul foi de 39% para o produtor e de 36% para a indústria. No Paraná, essa relação para o produtor foi 63% superior e para a indústria foi 55% mais elevada. Fonte: Diário do Comércio e Indústria (DCI). Agronegócios. 12 de junho de 2008. << Notícia Anterior Próxima Notícia >>
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