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Scot Consultoria

Frigoríficos: desafio em 2008 será repassar aumento de custos


Quarta-feira, 28 de novembro de 2007 - 10h01

O aumento do preço do boi gordo continua a pressionar os frigoríficos brasileiros, que no terceiro trimestre reportaram altas significativas nos seus custos de produção. O cenário de escassez de matéria-prima deve se manter durante o próximo ano, forçando as companhias a buscarem reajustes de preço e novos nichos de atuação, além de mercados que ofereçam melhor remuneração. No terceiro trimestre, o preço do boi gordo, que representa quase 80% dos custos dos frigoríficos, subiu em média 13,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. A alta foi de 12,5% no acumulado do ano frente ao mesmo intervalo de 2006, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP. Até o momento, a alta do custo teve um impacto restrito na rentabilidade dos três maiores frigoríficos brasileiros, devido ao reajuste de preços praticado no mercado interno. O Friboi, por exemplo, aumentou seus preços médios em 8,6% no mercado doméstico no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período do ano passado, chegando a R$2,37 por quilo, enquanto o Minerva reajustou os preços da carne in natura em 16,6% no mercado interno. A Marfrig não detalhou o aumento de preços em seu balanço trimestral, mas revelou que o custo dos produtos vendidos foi de R$656,9 milhões, um aumento de 43,1% se comparado ao terceiro trimestre de 2006. A companhia informou que está adotando medidas operacionais para compensar o efeito do aumento da matéria-prima, como concentrar os abates onde há melhores preços para o boi gordo. Mesmo com reajustes, as margens de algumas empresas foram afetadas. No terceiro trimestre, o Friboi registrou um decréscimo de 0,7 ponto porcentual na margem Ebitda, que passou de 13,8% no terceiro trimestre de 2006 para 13,1% no mesmo trimestre de 2007. A margem do Minerva passou de 7,8% para 7% no mesmo período. A Marfrig foi a única a registrar uma pequena alta na margem, passando de 10,1% para 11% na comparação do terceiro trimestre deste ano com o de 2006. Já em relação ao segundo trimestre de 2007, houve uma queda de 1 ponto porcentual, em função da diminuição da oferta de gado. A soma do Ebitda das companhias no trimestre subiu em média 16,9%, para R$292,9 milhões. A receita líquida cresceu 207,8%, chegando a R$6,45 bilhões, impulsionada pela incorporação da americana Swift nos resultados do Friboi. A companhia teve prejuízo de R$78,3 milhões no trimestre, ao passo que Marfrig e Minerva tiveram lucro. Mas somando os três, o resultado dos grandes frigoríficos aponta um prejuízo de R$32 milhões. Segundo Fabiano Tito Rosa, da consultoria Scot, o repasse de preços no mercado externo não foi tão bem sucedido quanto no mercado nacional. Por isso, os frigoríficos começarão a procurar países mais rentáveis para exportar seus produtos, além de aumentar a oferta de itens com maior valor agregado, como industrializados e carne embalada a vácuo. "Haverá um movimento em busca de menores custos e preços melhores", disse Rosa. O fato de o Brasil exportar 33% de toda a carne exportada no mundo deve ajudar os frigoríficos na tarefa de reajustar preços, assim como a elevada demanda internacional. "O consumo de carne está em alta no mundo e grandes produtores, como Estados Unidos e Austrália, não retomaram sua plena capacidade", disse. Os Estados Unidos foram afetados pelos casos de vaca louca em 2003, enquanto a Austrália enfrenta problemas climáticos. No mercado interno, o cenário é positivo para os frigoríficos no próximo ano devido ao aumento do consumo nas classes mais pobres. A alta do frango, provocada pelo aumento do milho, também ajuda a indústria, uma vez que inibe a migração do consumo da carne bovina para o frango. Câmbio A valorização cambial e a alta dos preços internos estimularam os frigoríficos a direcionar uma parcela maior de suas vendas para o mercado interno, em busca de maior rentabilidade. No caso do Friboi, a participação dos embarques nas vendas caiu de 70% para 61% no terceiro trimestre frente ao mesmo trimestre do ano anterior. No segmento de carne in natura, as vendas do Friboi cresceram 41,2% nos mercados internos da companhia, passando de 115,7 mil toneladas para 163,5 mil toneladas no período. Segundo relatório da empresa, o aumento do consumo de carne bovina no Brasil, impulsionado pelo crescimento econômico, também estimulou os resultados domésticos. O Minerva seguiu o mesmo movimento ao reduzir os volumes exportados de carne bovina e subprodutos em 3,6% para 37,6 mil toneladas, enquanto as vendas para o mercado interno cresceram 39,7% para 48,4 mil toneladas no período. O faturamento da empresa teve alta de 55% no mercado doméstico e queda de 6,3% no exterior. A participação de produtos direcionados ao mercado externo no resultado consolidado da Marfrig foi de 57,1% no terceiro trimestre, uma queda em comparação aos 58,3% do trimestre anterior. A expectativa dos analistas é de que as medidas de redução de custo e a entrada em nichos de valor agregado possam garantir bons resultados para as companhias em 2008. As medidas serão indispensáveis para contornar o custo da matéria-prima, que deve seguir firme no ano que vem. Fonte: Agência Estado. Por Natalia Gómez. 28 de novembro de 2007.
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