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Scot Consultoria

Boi tem o maior preço em dólar desde início do real


Quarta-feira, 11 de outubro de 2006 - 19h05

A arroba do boi gordo registra neste mês de outubro o maior valor em dólar desde fevereiro de 1995, no início do plano real, quando a moeda brasileira chegou a valer mais do que a americana. De acordo com levantamento da Scot Consultoria, o preço médio da arroba em outubro (até ontem) em São Paulo está em US$29,42. O maior valor anterior foi US$30,74, em fevereiro de 1995. Analistas atribuem o quadro, em boa parte, à valorização da moeda brasileira em relação ao dólar. Em real, no entanto, os preços corrigidos pelo IGP-DI estão nos mesmos patamares de outubro de 2004, quando a arroba teve preço médio de R$63,48 em São Paulo. Na média dos primeiros dias de outubro deste ano está em R$63,64, segundo a Scot. "O boi está apenas recuperando o que perdeu nos últimos anos", avalia Fabiano Tito Rosa, analista da Scot. Os preços estavam em baixo patamar em parte por conta dos problemas gerados pelos casos de aftosa no país no ano passado. Paulo Molinari, da Safras&Mercado, observa que a atual valorização do boi se deve ao período de entressafra, que gera "especulação em cima do gado confinado e do mercado futuro, influenciando o físico". O ritmo forte de exportações de carne bovina, apesar das restrições sanitárias ao Brasil, também sustenta a alta do boi gordo. Molinari discorda de que esteja ocorrendo uma "virada de ciclo" na pecuária, como crêem Tito Rosa e outros analistas. Segundo Molinari, o comportamento das cotações da vaca e dos animais de reposição não indicam tal mudança. Mas o fato, avalia Jerry O Callaghan, diretor de carnes da Coimex, é que o crescimento do rebanho bovino não acompanhou o avanço das exportações brasileiras de carne nos últimos anos. Um dos efeitos da valorização do boi gordo em dólar é a queda da competitividade brasileira em relação a outros produtores de gado, diz Fabiano Tito Rosa. Historicamente, os preços do boi brasileiro em dólar oscilam entre US$20 e US$21 por arroba. Esse é o preço verificado atualmente na Argentina. Em outro concorrente brasileiro, o Paraguai, a arroba está em cerca de US$25, segundo a Scot. Para ele, o boi com preço mais alto em dólar também limita os ganhos dos exportadores de carne bovina, que negociam o produto na moeda americana. O efeito colateral recai sobre o pecuarista, já que o frigorífico busca segurar os preços do boi gordo em reais. Mas Paulo Molinari pondera que a arroba hoje está em um nível de preço, em reais, muito superior ao do primeiro semestre, período de safra, quando a arroba bateu R$49 em São Paulo. "Normalmente, a diferença entre safra em entressafra fica em R$8 a R$9 e hoje está em R$15", informa o analista. Ele acredita que se o câmbio estivesse "menos distorcido", a arroba do boi poderia estar com preço até maior. Seu raciocínio é que o dólar mais valorizado estimularia as exportações e, em decorrência, as cotações do gado. Fonte: Jornal Valor Econômico. Agronegócios. Por Alda do Amaral Rocha. 11 de outubro de 2006.
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