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Scot Consultoria

Enchentes no Rio Grande do Sul: qual o impacto para a agropecuária?

Entrevista com a gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, Ana Doralina

Segunda-feira, 20 de maio de 2024 - 06h00
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Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade da Região da Campanha (2002), especialista em Gestão em Agronegócios e especialista em produção, higiene e inspeção de produtos de origem animal. Atualmente é gerente nacional do Programa Carne Angus Certificada, da Associação Brasileira de Angus, e atua como professora horista da Universidade da Região da Campanha, nas disciplinas de tecnologia e industrialização de carnes e derivados, e higiene e inspeção de carnes e derivados.


Scot Consultoria: Ana, o Brasil e o mundo estão impactados com a catástrofe no Rio Grande do Sul. Nesse momento, já é possível contabilizar os efeitos das enchentes no estado, especialmente considerando os impactos na produção agropecuária e na infraestrutura local?

Ana Doralina: Realmente, o que estamos vivendo aqui no estado do Rio Grande do Sul é uma catástrofe de tamanho nunca visto anteriormente. Ainda não é possível termos uma avaliação precisa dos danos, pois a maior parte das regiões atingidas ainda estão inundadas, e só conseguiremos mensurar os danos quando as águas baixarem.

Com relação aos impactos na cultura do arroz, onde o estado é responsável por 75,0% da produção nacional, mais de 80,0% da área plantada já havia sido colhida. Considerando os municípios atingidos na região Central e Sul do estado, são previstas perdas consideráveis nas áreas que ainda não tinham sido colhidas. No caso da soja, estima-se que mais de 80,0% da área plantada no estado já havia sido colhida, a Conab estima que existam cerca de 5,0 milhões de toneladas do grão ainda no campo. Também é importante considerarmos que tivemos danos importantes em unidades de armazenamento e beneficiamento destes grãos, muitos silos foram totalmente destruídos.

Na produção animal, as regiões atingidas são importantes criatórios, principalmente de suínos, aves e gado de leite, tendo um grande volume de animais que morreram nas enchentes, além das estruturas totalmente destruídas. Na pecuária de corte, também se teve perda de animais, mas a principal dificuldade hoje é a logística, pela questão das estradas. Não é possível o transporte de animais, tanto que existem muitos frigoríficos parados ou com abates reduzidos, tanto de bovinos, quanto de aves e suínos, e problemas para o recolhimento do leite, sendo que muitos produtores estão tendo que descartar o produto.

Scot Consultoria: Considerando que neste momento os agricultores gaúchos preparavam-se para a realização dos trabalhos de semeadura para as culturas de inverno, qual o impacto desta situação pensando nas pastagens, alimentação de bovinos e demais culturas?

Ana Doralina: Sem dúvida, teremos um grande impacto negativo nas culturas de inverno no estado. As regiões que foram atingidas, anteriormente já vinham com um grande volume de chuvas, impossibilitando a semeadura, o que resultará num atraso de, no mínimo, 30 a 60 dias no plantio. O cenário das pastagens para alimentação de bovinos não é diferente, as poucas áreas que já haviam sido plantadas estão encharcadas, impossibilitando a entrada dos animais, e lavouras perdidas em áreas recentemente semeadas.

Scot Consultoria: Quais são as medidas de curto e médio prazos que estão sendo consideradas ou implementadas para mitigar os danos causados pelas enchentes no setor agrícola do Rio Grande do Sul e garantir a recuperação da região?

Ana Doralina: As entidades de classe do estado, como por exemplo a Farsul, estão em tratativas junto ao Governo Federal, solicitando medidas em caráter de emergência, específicas para o setor primário como prorrogação de todas as parcelas de custeio, investimento e comercialização, independente da fonte dos recursos, e linhas de crédito para reconstrução, reinvestimento, e giro, buscando apoio para os produtores rurais gaúchos.

Scot Consultoria: Como indivíduos e organizações podem contribuir para ajudar na recuperação do estado após as enchentes, seja por meio de doações financeiras, voluntariado ou outras formas de apoio?

Ana Doralina: O que vivenciamos hoje é uma grande mobilização para ajudar o povo gaúcho, não apenas dos próprios gaúchos, mas de todo o país. Um grande senso humanitário foi criado, que tem ajudado grandemente neste momento crítico, as mobilizações, campanhas, doações, enfim, todo esse movimento que vivemos hoje precisa ter continuidade, pois temos um grande desafio pela frente.

Sendo assim é muito importante a ajuda de todos, da forma que conseguirem, com doações ou com voluntariado. As empresas e entidades têm se movimentado muito. Nós, da Associação Brasileira de Angus, em um primeiro momento, criamos imediatamente um PIX para doações que estamos recebendo de todo o país, e assim realizando ações de apoio. Já está sendo organizado o Leilão Angus Solidariedade, que será realizado em breve, onde todos os produtores do país podem participar fazendo as suas doações, para que assim possamos seguir ajudando os desabrigados pela enchente no estado.

Campanha Angus - SOS Rio Grande do Sul

A Scot Consultoria expressa sua solidariedade com o estado do Rio Grande do Sul e todo seu povo que sofre com as chuvas e suas consequências.

Por isso, estamos participando desta corrente de ajuda com a @associacaobrasileiradeangus para ajudar as famílias mais afetadas.

O Rio Grande do Sul precisará de um apoio significativo não apenas agora, mas também, durante todo o processo de reconstrução.

Você também pode ajudar! Faça sua doação através da chave pix: financeiro@angus.org.br


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