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Scot Consultoria

O caminho para uma gestão mais eficiente do seu negócio pecuário

Entrevista com o proprietário e dirigente da Nadak Consultoria, Frederico Nadaf

Terça-feira, 26 de março de 2024 - 06h00
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Zootecnista pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). É proprietário da Nadak Consultoria, empresa especializada na gestão econômica da pecuária de corte. Teve uma carreira executiva trabalhando nas indústrias de alimentos e frigorífica. Planejador financeiro pessoal formado pela GFAI e Pecuarista.


Scot Consultoria: Frederico, como você define eficiência econômica na pecuária e quais são os principais indicadores para determinar o andamento de uma propriedade?

Frederico: Eficiência econômica na pecuária nada mais é do que o pecuarista atingir boa produtividade utilizando da maneira mais eficaz possível os recursos disponíveis (dinheiro, pessoas, pasto, gado etc.).

É comum no início do trabalho em uma fazenda observarmos bons números de produção (lotação, ganho de peso etc.) e, quando esses números são bons, são inclusive os primeiros que nos apresentam. Porém, a fazenda pode não ser eficiente, pois para conquistar esses números, ela gasta demais, tem um parque de máquinas desproporcional, altos custos administrativos, muita gente e assim por diante.

O importante é buscar o equilíbrio e ele existe. Há um orçamento e um padrão estrutural adequado para cada modelo de negócio pecuário, mas para termos essas referências, precisamos entender muito bem o potencial de cada fazenda, a necessidade de cada pecuarista, o que está comprometendo o resultado e o que é possível ser feito naquele momento.

Os principais indicadores para determinar o andamento de uma propriedade são 4:

1 – Ganho individual dos animais;

2 – Custo de produção individual;

3 – Comercialização;

4 – Volume.

Se a fazenda estiver iniciando o processo de gestão e for escolher o que é prioridade para medir, escolha esses 4 fatores, pois eles estão fortemente ligados ao sucesso da fazenda. Indicadores como a produção de arrobas por hectare, o custo da arroba produzida, entre outros, podem ser deixados para um segundo momento.

Scot Consultoria:  Em relação à gestão de custos, quais são as áreas onde você identifica potenciais gargalos ou oportunidades de redução de custos nas operações das fazendas?

Frederico: Em relação a custos, concordamos com a frase que diz que “o que quebra empresa é custo fixo”. Uma grande qualidade da pecuária como negócio é que ela é mais difícil de quebrar, e se isso tende a acontecer, é de forma lenta, onde temos condição de agir e corrigir o que for preciso.  Mas com certeza temos ótimas oportunidades na correção de custo nos custos fixos, que são: mão de obra, máquinas, impostos, custos administrativos e manutenções estruturais.

É muito comum, quando é constatado um problema orçamentário, a fazenda atacar primeiro os “maiores boletos”. Tentar reduzir o custo com a nutrição, por exemplo. O problema é que a classe dos custos variáveis, onde está a nutrição, é ligada a produção de uma maneira direta e dessa forma existe o risco da redução da produção e, consequentemente, do faturamento. A redução dos custos variáveis deve ser uma opção, mas primeiro devemos atacar os custos fixos.

Uma dica seria se atentar aos custos mais difíceis de serem observados, como:

    • Custos financeiros com juros dificilmente são lançados nas planilhas;

    • O desperdício também aumenta o custo de produção. Desperdício de tempo, de pasto e de estrutura muitas vezes não são observados;

    • Se a fazenda não está fazendo a manutenção de sua estrutura corretamente, o custo da depreciação também está acontecendo e, por mais que no curto prazo você não vai perceber, quando precisar arrumar a fazenda a conta vem cara.

Scot Consultoria: Entendemos que, em sua rotina, você se depara com uma variedade de contextos na pecuária. Diante disso, qual você identifica como o principal desafio enfrentado na pecuária de corte? Além disso, quais estratégias você recomenda para lidar com essa situação?

Frederico: O principal desafio da pecuária, que vem justamente dessa variedade de contextos que vocês comentam, é tomar decisão, fazer escolha. A pecuária é uma atividade extremamente heterogênea, tem gado de todo tipo, pasto de todo tipo, tem pecuária até sem pasto, podemos intensificar ou não, podemos dar sal ou ração, podemos criar, recriar ou engordar e todas essas diversidades dificultam a tomada de decisão.

Uma estratégia eficiente para lidar com a dificuldade na tomada de decisão está dividida em 4 etapas:

1º Focar na sua realidade. Entender perfeitamente o que acontece hoje na sua fazenda. Qual o resultado que sua fazenda te entrega hoje? Quais são as forças e quais as fraquezas?

2º Ter clareza de onde você quer chegar. Qual a renda que essa fazenda precisa te entregar? Como o seu sistema de produção te deixaria satisfeito? Você tem perfil para sistemas mais intensivos e trabalhosos? Tem perfil a risco?

3º Agora que você sabe onde está e sabe onde quer chegar, é hora de montar um bom plano. O que está te distanciando de onde você está e onde você quer chegar? Onde você precisa agir? Falta pasto? Falta dinheiro? Falta gado? Falta organização? Precisa amortizar dívidas? Falta Estrutura? Quanto tempo vou precisar? Quanto dinheiro vou precisar? O que é prioridade?

4º Só agora, com um bom plano montado, faz-se o que precisa ser feito. Ação!

Scot Consultoria: Diante das recentes flutuações nos preços de commodities, qual é sua orientação ao pecuarista para adaptarem suas estratégias de compra e venda visando maximizar os lucros e minimizar os riscos?

Frederico: Existe uma lista de estratégias. O pecuarista precisa realmente mudar o jeito que ele olha a atividade, sair um pouco do tradicional e se adaptar a nova realidade do nosso negócio. O mercado está muito dinâmico.

Devemos nos perguntar: Qual o meu critério de escolha para passar pela fase da engorda e levar os animais até o abate? Por que foi o que eu sempre fiz? Será que não existem alguns momentos do mercado onde tenho mais vantagem em vender o boi magro? Saber escolher qual a categoria mais interessante para a sua fazenda, naquele momento, é uma excelente estratégia. Será que estou aproveitando essa janela do mercado para aumentar o volume de cabeças na fazenda, diminuir o custo fixo unitário e resolver boa parte do meu problema com margem?

Posso garantir a vocês que algumas fazendas ganham dinheiro, independente do preço da arroba. O que é preciso é ter a coragem de mudar, se adaptar e aproveitar as oportunidades.

Também tem muita estratégia indicada para a diminuição de risco. Pecuária é uma atividade que não combina com risco. Quando tratamos desse tema é muito comum que já seja considerada a possibilidade de travamento de preços, o que pode fazer muito sentido para alguns modelos, mas não é a única opção. Temos outras opções complementares que muitas vezes são até mais simples.

Ter comida para o gado o ano inteiro diminui muito o risco. Você ser obrigado a vender em um momento e só poder repor em outro te expõe a oscilações do mercado que podem comprometer fortemente o resultado de uma safra. Trabalhar com capital de giro te protege do risco, ser obrigado a vender o gado porque acabou o dinheiro pode te levar a fazer um mal negócio.

Scot Consultoria: Frederico, mais um ano presente no evento da Scot Consultoria, o Encontro de Confinamento e Recriadores. Qual a expectativa para a palestra?

Frederico: Por já conhecer os eventos da Scot, a expectativa sempre é alta. É um privilégio poder participar desse evento que na nossa opinião, já a alguns anos, é o principal evento de pecuária do Brasil. O nível, não só do conteúdo, como também das pessoas que vão até Ribeirão acompanhar o evento é altíssimo. Adoramos as palestras, as conversas e todo o conhecimento adquirido nessa semana sempre muito produtiva. A Scot sempre dá um show na organização e estrutura do evento.

Nossa palestra esse ano trata de uma das questões que mais geram dúvidas entre os pecuaristas, que é: “Tem bezerro bom e mais caro, e pior e mais barato. Qual vale mais a pena? Como tomamos essa decisão?” Temos certeza que é um assunto muitas vezes mal resolvido e vamos nos dedicar ao máximo para contribuir com essa tomada de decisão.


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