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Scot Consultoria

Drones, imagens de satélite e tecnologias voltadas ao monitoramento das pastagens

Entrevista com o engenheiro agrônomo, professor e chefe do Departamento de Engenharia de Biossistemas da FZEA/USP, Murilo Mesquita

Segunda-feira, 28 de agosto de 2023 - 12h00
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Engenheiro agrônomo pela Universidade Federal Rural da Amazônia (2001), Mestre e Doutor em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa (2005 e 2009). Em 2017, ocupou a posição de livre docente na Universidade de São Paulo (USP). Ao longo de sua trajetória acadêmica, desempenhou o papel de Professor Substituto de Mecânica e Mecanização Agrícola na Universidade Federal de Viçosa e assumiu a posição de Professor Adjunto I no Departamento de Engenharia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Atualmente, exerce a função de Professor Livre Docente na Universidade de São Paulo (USP), especificamente no campus de Pirassununga. Liderou a Comissão de Cultura e Extensão Universitária da FZEA (USP), além de ter assumido a presidência da Câmara de Cursos da Pró-reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, ocupa a posição de chefe do Departamento de Engenharia de Biossistemas da FZEA/USP. Tem experiência na área de Engenharia Agrícola, com ênfase em máquinas e mecanização agrícola, análise de imagens e agricultura de precisão, atuando, principalmente, nos seguintes temas: otimização de operações de máquinas, detecção de falhas, classificação de imagens, previsão de demanda e rendimento agrícola, controle inteligente de equipamentos, manutenção preditiva, sensoriamento remoto e deep neural network (DNN).


Scot Consultoria: Quais os níveis de degradação de pastagem? Existe algum nível em que não há possibilidade de reversão da produtividade?

Murilo Mesquita Baesso: Costumo considerar quatro níveis relacionados à degradação das pastagens: o nível leve, em que a pastagem ainda é produtiva, mas já há algumas áreas de solo descoberto ou plantas daninhas; o nível moderado, em que a pastagem tem baixa produção de forragem, com muitas áreas de solo descoberto e plantas daninhas; o nível forte, em que a pastagem tem produção muito baixa de forragem, com maior área do solo descoberto e plantas daninhas; e o nível muito forte, em que a pastagem não tem produção de forragem, com muito solo exposto e plantas daninhas. Em alguns casos, a degradação da pastagem pode ser tão severa que a produtividade não pode ser recuperada ou se torna economicamente inviável. A recuperação de uma pastagem degradada é um processo lento e gradual. Com o manejo adequado, é possível restaurar a produtividade da pastagem e garantir a sustentabilidade da área.

Scot Consultoria: Existe alguma tecnologia que possibilita o monitoramento do nível de degradação da pastagem? Se sim, é rentável ao pecuarista de médio a grande porte implementar em sua propriedade?

Murilo Mesquita Baesso: Sim, várias tecnologias permitem o monitoramento do nível de degradação da pastagem. Algumas das mais comuns são: sensoriamento remoto, modelagem de solo e análise de forragem. Elas podem ser usadas para identificar áreas de degradação da pastagem e para desenvolver estratégias de recuperação. O custo de implementação varia de acordo com o tamanho da propriedade, o tipo de tecnologia e a qualidade dos dados utilizados. No entanto, em geral, o custo de implementação é inferior ao benefício econômico obtido com a recuperação das pastagens degradadas.

Scot Consultoria: Em áreas destinadas à forragicultura, a avaliação do solo se faz necessária? Se sim, com qual frequência o solo deve ser analisado?

Murilo Mesquita Baesso: Sim, a avaliação do solo é necessária em áreas destinadas à forragicultura. O solo é um recurso natural finito e deve ser gerenciado de forma sustentável. A avaliação do solo ajuda a identificar os problemas de fertilidade, estrutura e erosão do solo, além de fornecer informações para desenvolver estratégias de manejo que aumentem a produtividade da pastagem. A frequência da avaliação do solo depende de uma série de fatores, como o tipo de solo, o clima, o tipo de forrageira e a intensidade de uso da pastagem. Em geral, é recomendado que a avaliação do solo seja realizada a cada 3 a 5 anos.

Scot Consultoria: Atualmente a mensuração do ajuste da taxa de lotação em campo é um manejo trabalhoso e demorado, existem outras formas que o pecuarista poderia adotar para facilitar o manejo?

Murilo Mesquita Baesso: Sim, algumas tecnologias podem ser usadas para facilitar o manejo da taxa de lotação em campo. Essas tecnologias incluem drones, modelos computacionais, registros, visitas regulares e consultas de especialistas. O uso dessas tecnologias pode ajudar os pecuaristas a gerenciarem a taxa de lotação em campo de forma mais eficiente, o que pode levar a um aumento na produtividade da pastagem, a uma redução nos custos de produção e a uma melhoria na qualidade da carne e do leite.

Scot Consultoria: Como as imagens de satélite são transformadas em informações de pastejo?

Murilo Mesquita Baesso: As imagens de satélite podem ser usadas para monitorar e gerenciar pastagens. O sensoriamento remoto é uma técnica que utiliza sensores para medir a energia que é refletida ou emitida da superfície da Terra. As imagens de satélite podem ser usadas para medir uma variedade de parâmetros, incluindo a cobertura vegetal, a altura da vegetação, o estado do solo e a presença de plantas daninhas. Essas informações podem ser usadas para avaliar a produtividade da pastagem, para identificar áreas de degradação e para desenvolver estratégias de manejo que aumentem a produtividade. O processo de transformação de imagens de satélite em informações de pastejo pode ser dividido em quatro etapas principais: captura, processamento, análise e aplicação. As imagens de satélite são uma ferramenta valiosa para o monitoramento e o manejo das pastagens.

Scot Consultoria: Há alguma tecnologia, como imagens de satélite ou softwares gratuitos para o produtor estimar a produção de biomassa da sua pastagem? É necessário a realização de uma contraprova a campo?

Murilo Mesquita Baesso: Determinadas tecnologias podem ser usadas para estimar a produção de biomassa de uma pastagem. Algumas dessas tecnologias incluem imagens de satélite, softwares e contraprova a campo. As imagens de satélite podem ser usadas para estimar a cobertura vegetal, a altura da vegetação e a densidade da forragem. Os softwares (alguns deles gratuitos) podem ser usados para calcular a produção de biomassa a partir de imagens de satélite ou modelos de computador. A contraprova a campo pode ser usada para confirmar as estimativas de biomassa obtidas com as tecnologias mencionadas acima e pode ser feita coletando amostras de forragem e pesando-as. A massa das amostras pode ser usada para calcular a produção de biomassa da pastagem.

Scot Consultoria: Características individuais do terreno de pastagem, como a altimetria, podem interferir na utilização de satélites?

Murilo Mesquita Baesso: Sim, as características podem interferir na utilização de imagens de satélite. A altimetria pode afetar a qualidade das imagens, a precisão das medições e a disponibilidade de dados de satélite. No entanto, as imagens de satélite ainda podem ser uma ferramenta valiosa para o monitoramento e o gerenciamento de pastagens, se as características individuais do terreno forem levadas em consideração.

Scot Consultoria: É possível utilizar tecnologias no campo para saber o momento de rotacionar a pastagem?

Murilo Mesquita Baesso: Tecnologias de sensoriamento remoto, drones e modelos de computador podem ser usadas para saber quando rotacionar a pastagem. Essas tecnologias podem ser usadas para avaliar a produtividade, identificar áreas de degradação e desenvolver estratégias de manejo, entretanto, como disse anteriormente, manter registros, realizar visitas regulares e consultar especialistas também podem ajudar a gerenciar a rotação de pastagens.


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