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  • Sexta-feira, 11 de julho de 2025
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Scot Consultoria

Dicas para realizar um bom manejo de pastagens

As etapas de um programa eficiente de manejo da fertilidade do solo para pastagem envolvem o diagnóstico, o cálculo do potencial do sistema, o estabelecimento de metas, a análise do solo e interpretação de dados, além de recomendações de correção e adubaç


Foto: Bela Magrela


Adilson Aguiar, zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU), consultor associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

Scot Consultoria: Adilson, o que o produtor deve fazer para ter sucesso trabalhando com sistemas produtivos baseados em pastagens?

Adilson Aguiar: Primeiro, é essencial buscar a orientação de um especialista. Sistemas de pastejo são complexos, pois envolvem muitas variáveis, portanto, o produtor precisa de orientação adequada. O especialista irá orientar e conduzir o passo a passo do programa, começando pelo inventário das pastagens, seguido de um diagnóstico. Em seguida, serão estabelecidas metas e objetivos, depois será realizado o planejamento de curto, médio e longo prazos. Na sequência, ocorrerá a etapa de acompanhamento, treinamento dos membros da equipe, monitoramento, controles, avaliações dos resultados e, por fim, as tomadas de decisão.

Scot Consultoria: Quais medidas devem ser tomadas quanto à regeneração de pastagens em áreas de degradação?

Adilson Aguiar: Com base no inventário de pastagens, será realizada uma classificação das condições das áreas de cada piquete da fazenda. Nesta classificação, serão identificadas as fases de degradação, que variam desde a degradação da pastagem até a última fase, caracterizada pela degradação do solo. Com base neste inventário, será elaborado um diagnóstico, serão oferecidas orientações sobre as possíveis ações a serem tomadas. De acordo com a situação, poderá ser necessário e viável realizar recuperação ou renovações, direta ou indireta.

Scot Consultoria: Quais são as etapas de um programa eficiente de manejo de fertilidade do solo para pastagem?

Adilson Aguiar: Inventário de pastagens, diagnóstico, cálculo do potencial do sistema, estabelecimento de metas, tomadas de decisões, medida das áreas, coleta de amostras de solos, análise e interpretação dos resultados obtidos, recomendações de correção e adubação para o alcance das metas, cotações das fontes, avaliação da viabilidade técnica e econômica, execução do programa com as correções e as adubações necessárias.

Scot Consultoria: Como podemos otimizar a adubação nitrogenada e como integrar os adubos orgânicos e organominerais na adubação?

Adilson Aguiar: É necessário calcular o potencial do ambiente, o qual é condicionado pelos fatores de pluviometria e temperatura para pastagens em sequeiro e pluviometria, temperatura e evapotranspiração potencial para pastagens irrigadas. O objetivo desse cálculo é determinar a capacidade de suporte do local e verificar se as metas estabelecidas poderão ser alcançadas ou não nesse ambiente específico.

Com base na dose total de nitrogênio (N) necessária para atingir uma determinada meta, será estabelecido o parcelamento desse N ao longo da estação chuvosa (no caso de pastagem em sequeiro) e ao longo do ano (para pastagens irrigadas). O N é o modulador da produção de forragem e deve ser aplicado após a correção de acidez do solo e da disponibilidade de outros nutrientes, como o fósforo (P), potássio (K), enxofre (S) e micronutrientes, necessários para alcançar a meta estabelecida.

A adubação nitrogenada é, na maioria das situações, a mais cara, o N se perde por diversas formas, não deixando um efeito residual direto no solo. Além disso, o N tem relações sinérgicas com outros nutrientes, especialmente com P, K e S, e sua máxima assimilação ocorre em solos com pH ligeiramente ácido. Portanto, para obter a máxima resposta, é fundamental que o solo esteja equilibrado.

Adicionalmente, a resposta ao N só será otimizada com uma conversão eficiente em produto animal, como carne, leite, lã etc. Nesse contexto,  o manejo adequado do pastoreio é fundamental.

Quanto à escolha entre adubação química, orgânica ou organoquímica (organomineral), essa decisão é tomada após avaliar as cotações dessas fontes e analisar a relação custo-benefício. Nessa avaliação, é preciso considerar que, para uma mesma dose de nutrientes, os adubos orgânicos podem responder em até 20% a mais de produção de forragem, enquanto os adubos organominerais podem proporcionar até 30% a mais em relação à adubação química.

Scot Consultoria: Quais os principais fertilizantes a serem utilizados nas pastagens?

Adilson Aguiar: Como corretivos, o calcário, os agrosilicatos e o gesso agrícola; como adubos fosfatados, o MAP (fosfato monoamônico), superfosfatos simples e o triplo;  como adubo potássico, o KCL; como adubos nitrogenados, a ureia convencional, a ureia com inibidor de urease, o nitrato de amônio e o sulfato de amônio; como adubos sulfatados, o gesso agrícola, o superfosfato simples, o sulfato de amônio e o enxofre elementar; e as fontes de micronutrientes: ácido bórico, sulfatos de cobre e zinco. Normalmente, são esses os mais utilizados. A decisão por uma fonte de determinado nutriente (P, K, N, S etc.) é tomada com base no preço do nutriente (R$ por % de P2O5 ou de K2O ou de N ou de S etc.). Na avaliação de fontes nitrogenadas, ainda considero os potenciais de perdas por volatilização e lixiviação de cada fonte. Na avaliação de fontes fosfatadas, eu considero o tipo de fosfato, se natural de rocha ou se natural de origem sedimentar e a solubilidade destes fosfatos em ácido ou em água.

Scot Consultoria: Quais os benefícios de realizar um bom manejo de pasto para o desenvolvimento do gado?

Adilson Aguiar: O manejo do pastoreio é uma área fundamental para a gestão de pastagens, pois pode gerar ganhos significativos no desempenho animal e na produtividade por hectare sem gastar ou investir um centavo. Por meio do manejo adequado, é possível alcançar aumentos expressivos, como 20 a 389% no ganho médio diário dos animais, entre 7 e 120% na produtividade de carne por hectare, entre 18 e 30% na produção de leite/vaca/dia e 45 a 55% na produtividade de leite por hectare. Para obter ganhos adicionais no manejo das pastagens, é preciso investir (plantios, construção da infraestrutura, irrigação) ou custear (manejo e controle de insetos, pragas e plantas invasoras, correção e adubação do solo). Ao manejar cada espécie forrageira pelas alturas alvos e ao ajustar a taxa de lotação à capacidade de suporte da pastagem, é possível maximizar a produtividade da pastagem, além de evitar a sua degradação.

Scot Consultoria: Existe alguma diferença no manejo de pastagens entre gado para o abate e gado de leite?

Adilson Aguiar: Não. Os fundamentos são os mesmos em pastagens tropicais, subtropicais ou temperadas, para bovinos de corte ou de leite, búfalos, ovinos e caprinos. Existem particularidades, mas os fundamentos são os mesmos (explorar forrageiras adaptadas, em pastagens bem estabelecidas, com infraestrutura compatível com o projeto, correto manejo do pastoreio, manejo e controle de insetos pragas e plantas invasoras; correção, adubação e irrigação do solo etc.).

Um exemplo de particularidade: em sistemas em que as fêmeas são ordenhadas (búfalas, cabras, ovelhas ou vacas em lactação), é preciso orientar o manejo do pastoreio para que os animais colham forragem de alta qualidade em um menor número de horas, porque tem o tempo de ordenha (percurso de ida e vinda da sala de ordenha e em sala de ordenha), além das atividades diárias naturais de animais ruminantes (pastejo, ruminação, descanso e interações sociais).

Scot Consultoria: Fornecer forragem ao rebanho na época da seca é um desafio constante para os produtores rurais. Quais estratégias, ou técnicas, são indicadas para garantir alimentação volumosa aos animais?

Adilson Aguiar: O primeiro passo é o planejamento alimentar. As bases para este, em sistemas de pastejo, são o cálculo da demanda mensal, estacional e anual por forragem e o cálculo da disponibilidade de forragem na pastagem mensal, estacional e anual para então calcular o balanço entre estas duas variáveis e conhecer quando há excedente e quando há déficit de forragem. Posteriormente, deve-se avaliar as alternativas para o balanceamento, que pode ser com uso de pastagens em sistema de ILP; silagens de capim, ou de cana-de-açúcar, e de culturas agrícolas (aveia, girassol, milheto, milho, sorgo, trigo etc.), fenos e pré-secados. O fato é que quanto maior for o nível de intensificação do uso das pastagens no período de crescimento, maior será a demanda por suplementação volumosa no período de menor crescimento ou paralisação do crescimento das pastagens.

Além de volumosos suplementares, o déficit de forragem pode também ser suprido por suplementação concentrada.

Adilson Aguiar

Zootecnista, professor de Forragicultura e Nutrição Animal no curso de Agronomia e de Forragicultura e de Pastagens e Plantas Forrageiras no curso de Zootecnia das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda, investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

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