• Domingo, 28 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Viabilidade da adubação nitrogenada em pastagens

Entrevista com o palestrante do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, Geraldo Martha

Terça-feira, 2 de maio de 2023 - 12h00
-A +A

Engenheiro agrônomo formado pela ESALQ/USP e doutor pela mesma instituição. É pesquisador da Embrapa desde 2001, atualmente lotado na Embrapa Agricultura Digital, em Campinas. Seus trabalhos de pesquisa focam na análise bioeconômica e de risco na agropecuária, na dinâmica de uso da terra e no desenvolvimento regional.


Scot Consultoria: Geraldo, você poderia nos explicar um pouco sobre a adubação nitrogenada e como podemos avaliar se está sendo viável ou não?

Geraldo Martha: A adubação nitrogenada em pastagens é diferente da adubação realizada na cultura do milho, em que aplicamos o fertilizante e temos a eficiência de que o quilo do fertilizante gera determinada quantidade de biomassa. Por exemplo, no caso do milho, a cada 20kg de nitrogênio (N), uma tonelada de grão é gerada. O que tentamos chamar atenção na pastagem, é que essa seria a primeira de três eficiências parciais ao lançar o nitrogênio e produzir a massa seca de forragem, ou seja, é a relação kg de massa seca por kg de nitrogênio aplicado. Mas, uma vez que produzo essa forragem, ela precisa ser consumida eficientemente pelos animais, que é a segunda eficiência parcial, a eficiência de pastejo. E, uma vez que o animal consome essa forragem, vem a terceira eficiência parcial, aquela eficiência que mostra quantos kg de matéria seca são necessários para gerar 1kg de ganho de peso.

Quando unimos as três eficiências parciais, temos uma relação kg de ganho de peso / produto animal / kg de N aplicado, e só então consigo avaliar se a adubação está sendo ou não econômica. O que fará variar os preços relativos conforme o preço do insumo, então, se o fertilizante se tornar mais caro em relação ao preço do produto, que é o boi, a adubação se torna menos vantajosa. Portanto, cada vez que o preço do insumo aumenta com relação ao preço do boi, isso funciona como um desestímulo à adubação. Por outro lado, cada vez que o preço relativo melhora e o insumo nitrogenado se torna mais barato em relação à arroba do boi, fica mais interessante realizar a adubação.

Scot Consultoria: Temos visto muito sobre agro sustentável e, dentro desse cenário, sobre os fertilizantes verdes. Você acredita que seria viável utilizá-los para pastagem?

Geraldo Martha: Então, minha linha de pesquisa não é no segmento de fertilizantes verdes e nem com leguminosas, porém, a Embrapa tem um histórico muito grande nesse segmento. Mas, acredito que é tudo uma questão de escala, então numa área de pastagem com escala muito grande, quando se entra com esses fertilizantes, que são biomassa verde e irão favorecer a decomposição de matéria orgânica e, consequentemente, a disponibilidade de nutrientes no solo, penso que pode ser interessante num caso ou outro, mas em questão de grande escala, pensando em pastagens, fica mais complicado, porque até com leguminosas estamos tendo problemas. Mas isso eu deixo para os especialistas em fertilizantes verdes.

Scot Consultoria: Agora, por fim, uma pergunta sobre o ECR. O que você achou do evento e como você acredita que os eventos da Scot podem ajudar os pecuaristas?

Geraldo Martha: Olha, eu gosto muito dos eventos da Scot, primeiro pela capacidade que têm de atrair diferentes “atores” da cadeia produtiva e conseguem mobilizar produtores, empresas e outros setores, como a Embrapa, na parte de pesquisa e temos pessoas até mesmo do governo em alguns anos. Então acredito que se cria um ambiente em que estes diferentes stakeholders se encontram para criar oportunidades, já que, de certa forma, todos estão “puxando a corda para o mesmo lado”, ao tentar resolver os problemas do setor através de reflexões, contatos e conhecimento.


<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja