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Scot Consultoria

Coprodutos das usinas de etanol de milho na alimentação animal, você conhece?

Entrevista com o médico veterinário e palestrante do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, Luciano Penteado

Sexta-feira, 31 de julho de 2020 - 11h00
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Luciano Penteado tem formação em Medicina Veterinária pela Universidade de Marília, é sócio proprietário da Firmasa – Tecnologia para Pecuária Ltda, empresa especializada em reprodução e produção bovina com filiais na cidade de Londrina e Campo Grande

Foto: Scot Consultoria


Na entrevista dessa semana, Luciano Penteado, Médico Veterinário e palestrante do Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria, nos contou um pouco sobre a importância dos coprodutos das usinas de etanol de milho na nutrição animal. Esse assunto vem ganhado cada vez mais espaço no mercado por ser uma alternativa para diminuição de custos de produção animal. Confira!

Luciano Penteado tem formação em Medicina Veterinaria pela Universidade de Marília, é sócio proprietário da  Firmasa – Tecnologia para Pecuária Ltda, empresa especializada em reprodução e produção bovina com filiais na cidade de Londrina e Campo Grande.

Scot Consultoria: O senhor poderia comentar um pouco sobre o tema de sua palestra em nosso Encontro? Na sua opinião qual a importância de um evento como o Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot para a pecuária nacional?

Luciano Penteado: Na nossa palestra no Encontro dos Recriadores, vamos apresentar resultados de desempenho e relação custo x benefício do uso do DDGS na recria intensiva, nas fazendas que trabalhamos. Os motivos de optarmos por esse ingrediente são: excelente fonte de proteína, fonte de energia, altas taxas de desempenho da recria suplementada com DDGS e principalmente a disponibilidade do produto praticamente o ano todo, o que facilita a questão de armazenamento (maioria das fazendas não disponibilizam ou tem disponibilidade restrita) e menor variação de preço, comparado com outros ingredientes, que possuem uma produção ao longo de poucos meses do ano e acabam elevando muito o preço na entressafra.

O Encontro de Confinamento e Recriadores da Scot Consultoria tem uma importância muito significativa para pecuária nacional, haja visto que um dos grandes gargalos da pecuária é a falta de informações sobre tecnologias, novos produtos, sistemas de manejose ferramentas que podem aumentar a produtividade e o retorno econômico da pecuária. Os eventos da Scot Consultoria, além de apresentarem essas informações, sempre buscam sanar as dúvidas dos participantes, trazendo o que existe de mais eficaz na pecuária, para seus eventos.

Scot Consultoria: O que é o DDGS? Qual a diferença entre DDGS, DDG e WDG?

Luciano Penteado: O DDGS é um produto amplamente utilizado nos Estados Unidos, oriundo das usinas de etanol que utilizam o milho como matéria-prima. Os grãos secos de destilaria com solúveis (da sigla em inglês – DDGS, Distiller`s Dried Grains with Solubles), são obtidos a partir da centrifugação do material que foi fermentado para a produção de etanol. Após a separação do material líquido e sólido, o WDG (grãos úmidos de destilaria), é oriundo da porção com resíduos sólidos da centrifugação e a porção líquida remanescente concentrada pelo processo de evaporação.

A retirada da água dá origem aos sólidos solúveis ou concentrado de solúveis (rico em aminoácidos, macro e microminerais e parede de leveduras). O DDGS é, então, oriundo da mistura do WDG e do concentrado de solúvel, diferentemente do DDG, que é o produto produzido a partir da secagem do WDG.

Scot Consultoria: Quais são as vantagens e desvantagens do uso desses coprodutos na nutrição animal? Existe algum nível limitante de inclusão nas dietas em geral?

Luciano Penteado: Dentre as vantagens, destacaria a possibilidade de termos mais uma opção de matéria-prima para os planejamentos nutricionais, nos mais diferentes tipos de sistema de produção (cria, recria e engorda); fornecendo proteína, macro e microminerais e energia, flexibilizando as estratégias nutricionais nos períodos secos e chuvosos do ano; em pastejo, semi confinamento e confinamento.

Como desvantagens, ressaltaria que temos diferentes tipos de produtos no mercado, que, muitas vezes são tratados como semelhantes, mas definitivamente não são. Temos tipos de processamento diferentes (característica do layout industrial adotado por cada usina), processos de secagem diferentes (que determinam padrões muito distintos de disponibilidade dos nutrientes), padrões de qualidade e homogeneidade do produto; características que somadas, determinam padrões muito distintos de desempenho zootécnico, possíveis de serem alcançados com cada uma das opções de produtos produzidos por usinas de etanol de milho instaladas no país.

Sem enxofre contaminante, a limitação de uso tem relação direta com o perfil do produto a ser formulado e as matérias-primas disponíveis. Caso não se tenha padrão de homogeneidade e ciência do grau de contaminação, é importante atentar para o limite seguro do produto utilizado.

Scot Consultoria: O avanço da geração de etanol de milho no Brasil possibilita uma competição maior com outros setores produtores de proteínas animais, como a avicultura e suinocultura? Quais os principais desafios para os próximos anos ao uso do DDGS?

Luciano Penteado: Sem dúvida. Com mais uma matéria-prima tão versátil, o setor ganha em competitividade e flexibilidade em seus planejamentos estratégicos.

Os desafios estão relacionados ao conhecimento, por parte dos técnicos, em relação às diferenças e potencialidades de cada opção disponível no mercado. Na grande maioria, as definições de compra se restringem ao custo da matéria-prima (R$/t), mas o correto é avaliar o custo de cada @ colocada, juntamente com o valor agregado entregue pelo produto no planejamento nutricional.

Scot Consultoria: Quais os cuidados necessários para o armazenamento desse coproduto da produção de etanol de milho?

Luciano Penteado: Cuidados semelhantes aos dispensados às matérias-primas armazenadas em fábricas e fazendas. O local precisa ser seco, ventilado, ao abrigo da luz, longe de paredes, em condições que previnam a contaminação por pragas e contaminantes químicos, físicos ou microbiológicos. Importante ressaltar que o DDGS tem concentração de extrato etéreo que permite o armazenamento por 12 meses, diferente de outros produtos que tem concentrações maiores e prazo de validade restrito.

Scot Consultoria: Na sua opinião, o pecuarista de hoje já reconhece a utilização desses coprodutos como uma fonte alternativa mais rentável? Qual as expectativas para esse mercado nos curto e médio prazos?

Luciano Penteado: Sim, já é uma realidade e a tendência é que nos próximos anos seja uma alternativa cada vez mais considerada nos planejamentos, pela relação do custo/benefício com o desempenho animal obtido.


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