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Scot Consultoria

Agrindus: veja os impactos da quarentena em uma das maiores fazendas produtoras de leite no Brasil

Entrevista com o diretor presidente na Agrindus S/A, Roberto Hugo Jank Junior

Segunda-feira, 20 de abril de 2020 - 11h40
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Engenheiro Agrônomo, Diretor presidente da Agrindus S/A. É Vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite - Leite Brasil, Vice-presidente do Conselho Administrativo do Fundecitrus - Fundo de Defesa da Citricultura, Vice-presidente da Abraleite, e membro do Conselho Superior do Agronegócio - COSAG-FIESP.

Foto: www.altus.com.br


A entrevista da semana é com o engenheiro agrônomo e diretor presidente da Agrindus S/A, Roberto Hugo Jank Junior, que abordou o que mudou na empresa dentro e fora da porteira em função do coronavírus. Confira!

Roberto também é vice-presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite - Leite Brasil, Vice-presidente do Conselho Administrativo do Fundecitrus - Fundo de Defesa da Citricultura, Vice-presidente da Abraleite e membro do Conselho Superior do Agronegócio - COSAG-FIESP.

Scot Consultoria: Roberto, conte-nos brevemente sobre a história da Agrindus.

Roberto Jank: Fundada em 1945, desde então produz leite, sempre com um projeto de agroindústria ou especialidades acoplado à produção primária. Produzimos caseinato de cálcio para a indústria farmacêutica nos anos 50, queijo nos anos 60, leite tipo B nos anos 70/80 e leite tipo A no final da década de 90. Desde então buscamos as oportunidades que a rastreabilidade do leite tipo A nos permite explorar.

Scot Consultoria: Quais foram os impactos que o coronavírus trouxe para a cadeia leiteira e para seu negócio?

Roberto Jank: Os perecíveis sofreram bastante porque perdemos clientes do food service e passamos a competir fortemente por espaço na geladeira do cliente final. Para sorte do Brasil, ao contrário de outros países, o leite UHT não compete com espaço refrigerado e absorveu grande parte dos excedentes gerados pelos perecíveis e refrigerados. Na fazenda, estabelecemos novas práticas para resguardar a saúde de funcionários, frentistas e fornecedores. Estamos formando novos ordenhadores para substituição de possível absenteísmo. 

Scot Consultoria: Vocês, que já realizavam a venda de produtos no e-commerce, perceberam um crescimento na demanda neste período de quarentena? Acredita que este modelo de venda de lácteos veio para ficar?

Roberto Jank: Sim, percebemos. A venda de produtos frescos via e-commerce tende a crescer na mesma medida em que as soluções 4.0 surjam para facilitar a compra e a logística de entrega dos produtos ao cliente final.

Scot Consultoria: Sabemos que vocês fazem diversos investimentos em novos produtos, como o leite a2a2 e também em novas embalagens, a fim de sempre de agregar valor ao produto. Neste período de incertezas devido ao coronavírus e de economia decrescente, o que vocês esperam com relação à demanda? Quais serão os produtos mais afetados?

Roberto Jank: Nosso mercado é de nicho e o a2a2 é uma especialidade. Por essa razão, nossos clientes são muito fiéis e a demanda está estável. Acredito que os produtos mais afetados do mercado sejam os refrigerados/perecíveis do tipo commoditty, como a muçarela, por exemplo.

Scot Consultoria: O dólar em patamares recordes impacta diretamente os custos de produção. O que vocês têm feito para amenizar esse problema e quais são as dicas que o senhor pode dar a outros produtores de leite?

Roberto Jank: O dólar impacta negativamente no custo das rações, especialmente dos grãos exportáveis, como milho e soja. Mas também nos deixa mais competitivos em relação aos custos de produção internacionais e isso nos impacta positivamente, evitando a entrada de leite subsidiado no Brasil. Uma dica é trocar milho e soja por alimentos alternativos, cujo custo do ponto de proteína ou de energia estejam mais baratos que os do milho e soja. Como exemplo, o caroço e farelo de algodão, polpa cítrica, refinazil de milho e DDG.

Scot Consultoria: Os hábitos de consumo da população estão sempre mudando. Na sua opinião, quais são os efeitos que o Covid-19 pode trazer de mudança nesse sentido?

Roberto Jank: Suponho que esse período de isolamento, onde a alimentação está sendo exclusiva em domicílios, leve os consumidores a repensar sua rotina e, possivelmente, a retornar ao natural, ao produto fresco, alimentos da produção local, menos processados.

Entrevista originalmente publicada no informativo Boi & Companhia, edição 1387.


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