• Quarta-feira, 24 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Expectativas para o mercado do leite no início de 2019

Entrevista com a zootecnista, analista de mercado da Scot Consultoria, Juliana Pila

Segunda-feira, 28 de janeiro de 2019 - 10h00
-A +A

Zootecnista, formada pela Universidade Estadual Paulista-UNESP, com MBA em Gestão de Negócios pela Pecege USP/Esalq. É editora-chefe da área de pecuária de leite e da Carta Leite. Pesquisadora e analista do mercado pecuário (boi gordo, leite, grãos, frangos, suínos e insumos para a atividade). Ministra palestras e treinamentos nas áreas de mercado de leite, boi gordo, grãos e assuntos relacionados à agropecuária em geral.

Fonte: Scot Consultoria


A analista e consultora de mercado da Scot Consultoria, Juliana Pila, foi convidada a dar uma entrevista para o canal Terra Viva sobre o mercado do leite.

Confira quais são as expectativas para a demanda, produção e preço do leite pago ao produtor para esse início de ano.

Sidnei Marchió: No geral, como é que foi de janeiro aqui no mercado atacadista de produtos derivados de leite?

Juliana Pila: No mercado atacadista, na média de todos os produtos lácteos pesquisados pela Scot Consultoria, a alta foi de 2,3% na primeira quinzena do ano, em relação a quinzena anterior (segunda quinzena de dezembro/18).

O mercado vem ganhando força devido, principalmente, a menor oferta de matéria prima, uma vez que o pico de produção de leite no Sudeste e Centro Oeste foi nas primeiras semanas de dezembro/18.

Uma coisa que a gente destaca Sidnei é que o movimento no atacado, principalmente do leite UHT antecipa a curva de preço do leite ao produtor, ou seja, essa alta no atacado nos dá um indicativo que os preços ao produtor tendem a subir no curto prazo.

Sidnei Marchió: Especificamente em relação ao UHT, que é o leite de caixinha, como foi o comportamento do preço neste começo de ano?

Juliana Pila: O preço do leite longa vida (UHT) teve uma forte alta nesta quinzena, dentre a lista de produto em que coletamos o preço do leite longa vida foi um dos que apresentou maior alta. No período o produto subiu 7,2% e ficou cotado, em média, em R$2,56 por litro. Lembrando que este é o preço médio dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Paraná.

Sidnei Marchió: A pesquisa da Scot também apurou alta nos preços do mercado spot, comércio feito entre as empresas do setor. O que aconteceu neste mercado, Juliana?

Juliana Pila: O mercado spot, que é o leite comercializado entre as empresas, teve uma forte alta nesta primeira quinzena de janeiro, como você já comentou.

Para exemplificar, os preços subiram, em média, R$0,18 por litro, ou 15,9% frente a quinzena anterior.

Em São Paulo, por exemplo, o preço do leite spot subiu 14,3% na primeira quinzena de janeiro e ficou cotado, em média, em R$1,38 por litro, posto na plataforma. Os maiores valores negociados foram próximos de R$1,50 por litro.

O aumento é um indicativo de maior procura em um cenário de redução da oferta de matéria prima. A disponibilidade de leite neste elo da cadeia diminuiu com as empresas aumentando a secagem para produção de leite em pó e/ou destinando para a produção de outros lácteos.

Sidnei Marchió: Qual é a explicação para a alta dos preços no atacado nas últimas semanas?

Juliana Pila: O mercado vem ganhando força devido, principalmente, a menor oferta de matéria prima (leite cru), uma vez que o pico de produção de leite no Sudeste e Centro Oeste aconteceu nas primeiras semanas de dezembro e de lá para cá essa redução na produção vem impactando o mercado.

Sidnei Marchió: Por que a produção agora está caindo nas principais regiões leiteiras brasileiras?

Juliana Pila: A diminuição no preço do leite recebido pelo produtor nos últimos meses acabou repercutindo em menores investimentos na atividade, o que já vem refletindo no movimento do sentido da curva de produção. Portanto, a partir de janeiro já é esperado inversão no sentido da curva de produção na média nacional.

Sidnei Marchió: Qual é a previsão a respeito da produção de leite no curto e no médio prazos?

Juliana Pila: Sazonalmente a produção de leite no Brasil Central e Sudeste do país diminui a partir de agora até meados de junho ou julho.

No entanto, a produção de leite ao longo de 2019 deve ficar maior na comparação com 2018, o ano começa com expectativas positivas do lado da demanda, visto que a previsão é positiva do lado econômico, com melhora de alguns indicadores, como o PIB por exemplo, e custos com alimentação concentrada menores em relação a 2018, tendo em vista a possível maior disponibilidade de grãos este ano.

Sidnei Marchió: Além da influência da época e do clima, faz tempo que o pecuarista de leite está apanhando no mercado devido ao aumento no seu custo produção? Isso também está ajudando a diminuir a entrega de leite na indústria?

Juliana Pila: Sim, os custos de produção subiram em um momento de queda nos preços do leite ao produtor, o que acabou pressionando as margens. Consequentemente o ímpeto de investimento na atividade acabou sendo abalado, a confiança do produtor em investir acabou diminuindo.

Sidnei Marchió: O que deve acontecer com o custo de produção do setor leiteiro daqui para frente?

Juliana Pila: A expectativa é de custos de produção menores em 2019, com o aumento da oferta de milho e soja (2018/2019) e o câmbio pesando menos em relação a 2018.

De qualquer forma a sugestão é cautela e planejamento, principalmente com relação a compra dos itens que compõe os custos de produção da atividade, para fugir/amenizar os riscos.

Sidnei Marchió: Juliana, as altas de preço no mercado atacadista já estão influenciando os valores no comércio varejista de derivados do leite?

Juliana Pila: Sim, no varejo assim como no atacado nós observamos alta nas cotações. Em São Paulo, os produtos lácteos fecharam com alta de 0,4% na primeira quinzena de janeiro. O leite longa vida (UHT) ficou cotado em R$3,33 por litro nos supermercados, uma alta de 0,3% no período.

Sidnei Marchió: Este reajuste de preços no varejo quer dizer que o consumidor brasileiro está voltando a se animar?

Juliana Pila: Do lado da demanda, a expectativa é de uma maior movimentação a partir de meados de fevereiro, com o final das férias escolares.

Além disso, ficam as expectativas também com relação a uma melhora (ainda que ligeira) do lado do consumo em geral no país, com a retomada do crescimento econômico.


<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja