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Scot Consultoria

Programa Balde Cheio: Um importante alicerce para pecuária leiteira nacional

Entrevista com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Artur Chinelato

Segunda-feira, 14 de janeiro de 2019 - 10h00
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Artur Chinelato engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, da Universidade de São Paulo, mestre em Nutrição e Produção Animal pela Universidade de São Paulo. Possui doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. É pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Possui experiência na área de Produção Animal - Bovinocultura Leiteira com ênfase em Transferência de Tecnologia, atuando como coordenador do Projeto Balde Cheio desde 1998

Foto: Scot Consultoria


O Balde Cheio é um programa da Embrapa Sudeste que visa trazer melhorias para o setor leiteiro no Brasil, capacitando técnicos para melhor atender as propriedades rurais. Resolvemos bater um papo com o coordenador do projeto, Artur Chinelato, para trazer mais informações para os produtores.

Artur possui graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade de São Paulo (1981), mestrado em Nutrição e Produção Animal pela Universidade de São Paulo (1988) e doutorado em Ciências Biológicas (Biologia Vegetal) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1992). Atualmente é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Possui experiência na área de Produção Animal - Bovinocultura Leiteira com ênfase em Transferência de Tecnologia, atuando como coordenador do Projeto Balde Cheio desde 1998.

Scot Consultoria: Artur, para os produtores que não conhecem o programa Balde Cheio, conte-nos um pouco qual o objetivo do programa e quais os benefícios para o produtor?

Artur Chinelato: O Balde Cheio tem por objetivo capacitar técnicos que atuam na assistência técnica e na extensão rural sobre o que significa produzir leite de uma forma intensiva, eficiente, respeitando as legislações vigentes e, evidentemente, como poder transformar uma propriedade problemática quanto à rentabilidade em uma que gere renda para garantir a qualidade de vida desejada por seus proprietários.

Os técnicos poderão ser de instituições públicas, de empresas privadas ou profissionais autônomos. Eles poderão ser, é claro, de ambos os sexos. Poderão ser de nível médio com formação em técnico em agrimensura, técnico agrícola ou técnico em agropecuária ou de nível superior como engenheiros agrônomos, médicos veterinários ou zootecnistas.

Tomando uma propriedade de pequeno porte selecionada pelo técnico ingressante como sua "sala de aula prática" as tarefas serão combinadas entre os envolvidos, ou seja, entre o instrutor, o técnico em capacitação e o produtor. Nesta propriedade, que denominamos UD (Unidade de Demonstração), quem atuará efetivamente será o instrutor acompanhado pelo técnico, que observará como o instrutor acolhe as desventuras por que passou aquele produtor, quais os seus objetivos e dentro de seu universo, que é único, como proporá as ações para que os estes sejam atingidos.

A vantagem para os produtores participantes é indireta, à medida que os técnicos entenderem como devem se portar diante de cada situação que lhes for apresentada, começarem a alçar voos mais altos, passando a atender outras propriedades na região que demandarem seus trabalhos a partir dos resultados palpáveis obtidos na UD. As propriedades que procurarem a assistência técnica do técnico participante do Balde Cheio poderão ser de qualquer tamanho e situação financeira, sendo denominadas no projeto com PA (Propriedades Assistidas).

Scot Consultoria: Em quais estados o programa está presente e qual o primeiro passo para o produtor que tem interesse em participar do programa?

Artur Chinelato: O Balde Cheio está presente em 14 estados: Acre, Bahia, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e São Paulo.

Neste ano o trabalho será iniciado no Amazonas e em Sergipe, além de ser retomado em Alagoas e no Tocantins. Os estados não mencionados bem como o Distrito Federal não sinalizaram desejar participar. Nós só iremos onde formos convidados.

Desde março de 2018, a metodologia do Balde Cheio está sendo transferida para outras 14 unidades da Embrapa espalhadas pelo Brasil. O objetivo dessa internalização da metodologia é atingir o maior número possível de técnicos e, consequentemente, de produtores de leite. O Balde Cheio em Rede, como foi denominada esta nova etapa do trabalho, é coordenado pelo pesquisador André Luiz Monteiro Novo da Embrapa Pecuária Sudeste.

Além disso, o Balde Cheio cruzou fronteiras e está estabelecido na Colômbia, existindo ainda tratativas para levá-lo para a Guatemala e o Peru.

Se o produtor estiver em algum dos estados participantes, basta entrar em contato com a Embrapa Pecuária Sudeste pelo serviço de atendimento ao cliente, pelo endereço eletrônico: cppse.sac@embrapa.br ou pelo telefone (16) 3411-5600, ou ainda, comigo mesmo pelo endereço eletrônico: artur.camargo@embrapa.br que iremos indicar o técnico, que em sua maioria são profissionais autônomos, mais próximo.

A negociação dos honorários entre o produtor e o técnico autônomo é de livre e a Embrapa não interfere quanto a esta questão. Apenas como sugestão, no entanto, seria interessante que a remuneração do profissional por uma visita de meio período por mês, seja o valor referente a um dia da produção de leite multiplicado pelo valor recebido pelo litro de leite. Esta sugestão visa dar oportunidade a todos os produtores, independentemente do volume de sua produção e condição financeira.

Caso o produtor esteja em um estado que ainda não participa do Balde Cheio, ele deverá mobilizar alguma instituição púbica ou empresa privada ou se nenhuma delas se interessar, tentar motivar algum técnico autônomo e conseguir recursos para bancar a ida de um instrutor designado por nós da Embrapa para atender ao chamado.

Scot Consultoria: Existe alguma exigência para participar ou qualquer produtor está apto para entrar no programa Balde Cheio?

Artur Chinelato: Sim. São quatro as exigências para participar do Balde Cheio.

1ª) O produtor deverá realizar exames anuais para detecção de brucelose e de tuberculose;

2ª) O produtor deverá permitir que sua propriedade seja visitada em dia e hora agendados pelo técnico responsável pela propriedade;

3ª) O produtor deverá fazer SEMPRE o que for COMBINADO e;

4ª) O produtor deverá efetuar anotações básicas relacionadas ao clima (chuvas e temperaturas mínimas e máximas diariamente), às finanças (despesas e receitas em relação à atividade leiteira) e zootécnicas (parições, coberturas, controle leiteiro no mínimo uma vez ao mês e secagem das vacas).

Qualquer produtor poderá participar do Balde Cheio. Hoje no trabalho temos propriedades produzindo nada de leite por estar iniciando a atividade e propriedades com 10.000 litros diários. O sistema adotado também não importa, podendo ser sob regime exclusivo de pastagens, semi-confinamento ou confinamento.

Além disso, o Balde Cheio passou a atender propriedades produtoras de leite orgânico, bem como propriedades que criam búfalas leiteiras, cabras leiteiras e ovelhas leiteiras. Nestes três últimos casos estamos aprendendo com os técnicos e produtores sobre as peculiaridades de cada espécie.

Scot Consultoria: Geralmente como é o passo a passo para a adoção de novas tecnologias nas propriedades e qual a periodicidade das visitas feitas pelos técnicos?  

Artur Chinelato: Não existe um manual de adoção das técnicas de produção, pois cada propriedade é única. Esse é um dos princípios mais importantes a ser compreendido pelos técnicos que participam do Balde Cheio.

A periodicidade obrigatória de visita do técnico às propriedades é mensal, mas, se ele desejar ir mais vezes, nada o impedirá. O técnico esperto percebe que aquela propriedade tomada como "sala de aula prática" poderá ser a vitrine de seu trabalho.


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