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Scot Consultoria

Quanto maior o risco financeiro de uma atividade, mais refinado deve ser o seu processo de monitoramento e gestão


Quinta-feira, 16 de março de 2017 - 06h00

Foto: Dia de campo do Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, 2016.


“Quanto maior o risco financeiro de uma atividade, mais refinado deve ser o seu processo de monitoramento e gestão”.


Essa e outras frases foram ditas por Marcelo Ribas, médico veterinário e diretor de tecnologia e inovação da Intergado, em uma entrevista concedida à Scot Consultoria.


Marcelo será um dos palestrantes do Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, que acontecerá de 5 a 7 de abril, em Ribeirão Preto-SP e Barretos-SP.

Confira o bate papo na íntegra:


Scot Consultoria: Sem entregar o jogo, você poderia dar uma “palhinha” do que está preparando para o Encontro de Confinamento da Scot Consultoria?


Marcelo Ribas: O objetivo principal da minha apresentação é discutir novas ferramentas para a gestão de confinamentos. Será dado foco especial ao monitoramento do peso vivo e, consequentemente, o acompanhamento diário do desempenho dos animais.


Independente do setor produtivo, a informação é considerada insumo básico para a gestão e tomada de decisão. Cada segmento do mercado deverá direcionar seus esforços para a captura, armazenagem e interpretação da informação que melhor lhes convém, de forma dinâmica e precisa. No caso específico do confinamento de bovinos de corte, a análise diária de desempenho, realizada conjuntamente com os demais dados coletados durante o confinamento, poderá provocar um avanço significativo na forma com que os sistemas de produção são gerenciados.


Scot Consultoria: Por favor, faça um comentário sobre o método atual de monitoramento de confinamentos?


Marcelo Ribas: Quanto maior o risco financeiro de uma atividade, mais refinado deve ser o seu processo de monitoramento e gestão. Quando se fala em confinamento, o sistema de gestão tende a ser mais profissional que as demais fases de produção. Isso se deve, principalmente, ao risco que essa etapa apresenta frente às demais. Entretanto, um dos grandes problemas observados nesta atividade é a defasagem da informação. Até mesmo os dados coletados de forma eficiente, quando interpretados tardiamente, podem retardar e, consequentemente, comprometer a qualidade da tomada de decisão. Do que adianta saber, um mês após o abate dos animais, que o resultado econômico de um confinamento não foi satisfatório? A avaliação a posteriori é importante para discutir planejamento, mas não é eficiente para gerenciar e monitorar o dia a dia da produção.


Existe uma tendência natural de se implementar sistemas automáticos de coleta de dados para tornar o processo dinâmico e passível de monitoramento em tempo real. Como exemplo desta transformação, posso citar os sistemas embarcados em vagões misturadores que monitoram a dieta preparada e fornecida aos animais, permitindo um maior controle do manejo nutricional.


Scot Consultoria: Atualmente, qual o método de avaliação do desempenho animal mais usado nos confinamentos?


Marcelo Ribas: Atualmente, como o principal método para monitorar o ganho de peso depende do deslocamento dos animais até a balança de pesagem no curral de manejo, os confinadores realizam a avaliação do desempenho somente ao final da engorda. Durante o confinamento, os relatórios de monitoramento estão baseados no consumo de alimentos e no peso vivo médio ajustado por uma taxa de ganho de peso arbitrada pelo nutricionista (consumo em % do peso vivo). É sabido que grande parte dos animais não apresenta ganho de peso linear durante a fase de terminação. Desta forma, este parâmetro tende a superestimar o consumo dos animais, principalmente no inicio quando muitos destes estão em ganho compensatório. Vale destacar também que o ganho de peso, arbitrado pelo técnico, pode não estar sendo atingido, comprometendo ainda mais o trabalho de monitoramento por parte da mão-de-obra e dos gestores, e o resultado financeiro planejado.


Scot Consultoria: Quais os métodos de avaliação do desempenho diário dos animais usados hoje em dia nos confinamentos?


Marcelo Ribas: Já existem métodos de pesagem ou mensuração indireta do peso que podem ser realizados dentro do curral de confinamento. Estes métodos são automáticos e tendem a realizar o registro do desempenho sem intervenção da mão-de-obra. Os animais tendem a ir voluntariamente ao local de avaliação, evitando assim o estresse e perda de peso comumente observados durante a avaliação no método tradicional.


Dentre os métodos posso citar:


- Pesagem estática dos animais em plataforma instalada em frente ao bebedouro;


- Pesagem dinâmica dos animais em plataforma de passagem entre currais ou sub-áreas de um curral de confinamento;


- Mensuração indireta do peso a partir da volumetria do animal determinada por imagem tridimensional.


Scot Consultoria: Quais os benefícios da análise diária de desempenho animal?


Marcelo Ribas: A análise diária do desempenho permite a detecção precoce de várias falhas no manejo como: animal doente, falha na adaptação à dieta, não atendimento da meta de ganho proposta pelo nutricionista, dentre outros. Atualmente, todas estas detecções são dependentes da capacidade de observação e interpretação por parte da mão-de-obra, mas, muitas vezes, a escala impede que este trabalho seja realizado de forma eficiente.


Apesar de todos os ganhos promovidos pelos benefícios descritos até agora, a principal vantagem de se avaliar diariamente o desempenho, e que talvez justifique todo o investimento em busca deste parâmetro, é a determinação do ponto ideal de abate dos animais.


Com passar dos dias de alojamento, é natural que a conversão alimentar do sistema piore. Isto quer dizer que, a cada dia, o confinamento vai se tornando “biologicamente ineficiente” e a engorda mais cara. Logicamente, não podemos abater precocemente os animais porque existe uma agregação de valor com o aumento do rendimento de carcaça e deposição de gordura com os dias em cocho, mas isso, novamente, não se dá de forma linear, ad infinitum. O sucesso da atividade está na capacidade de se detectar o ponto de equilíbrio entre ajuste da carcaça e aumento do custo de produção. Com o conhecimento da curva de crescimento de cada animal e de todas as informações relacionadas ao custo de produção, é possível avaliar em que momento os animais reduzem o acúmulo de receita e, consequentemente, devem ser abatidos para que o lucro do sistema seja otimizado.



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