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Scot Consultoria

Alex Lopes concedeu uma entrevista ao canal Terra Viva


Quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017 - 17h10

Foto: Alex Lopes consultor de mercado da Scot Consultoria

 


O zootecnista e consultor da Scot Consultoria Alex Lopes responde ao programa Terra Viva DBO na TV o que espera para o mercado do boi gordo no curto e médios prazos.


Sidnei Maschio: Alex, o mercado do boi gordo começou o ano assim bem mais ou menos, mas piorou e agora tá ameaçando afundar na descida da ribanceira. Até onde vai essa pressão baixista que já está sendo motivo de “assustamento” para o companheiro pecuarista?


Alex Lopes: É difícil precisar até onde vai esta pressão. Mas é fácil afirmar que ainda há espaço para novos recuos. Enquanto houver dificuldade para vender carne, é certo que as indústrias continuarão pressionando os preços da arroba.


Sidnei Maschio: Geralmente o abate de vacas aumenta nestes próximos meses, principalmente por conta do descarte das fêmeas que não emprenharam na estação de monta. Mas o preço do bezerro agora também está “tropicando” e “cambeteando”, diminuindo o interesse na cria. Isso quer dizer que este ano vai ter mais vaca para abater do que seria o normal para o período?


Alex Lopes: Essa possibilidade é grande. Desde o ano anterior, quando ainda não tínhamos muita oferta de bezerro, os preços desta categoria vêm caindo. E, em 2017 - com o aumento do número de fêmeas que entraram em estação de monta em 2015 -, esperamos um mercado de animais de desmama mais ofertado e, aparentemente, pouco estímulo do recriador para repor.


Diante disso, é provável que haja redução na atratividade da produção de bezerros e, portanto, mais fêmeas devem ser descartadas.


Sidnei Maschio: No ano passado, com a disparada no preço dos grãos como soja e milho, muita gente que estava planejando fazer confinamento desistiu da ideia e deixou o gado na invernada, para vender agora em 2017. Qual será o peso dessa boiada que estava “estocada” na propriedade?  


Alex Lopes: Essa boiada vai incrementa a oferta regular de 2017. É difícil saber quando estes animais serão entregues ao mercado. Os sistemas de engorda a pasto no Brasil são muito heterogêneos, cada um tem um desempenho. Isso nos leva a acreditar que será difícil ocorrer uma concentração de entrega desta “oferta extra”, mas de alguma forma ela irá facilitar a compra das indústrias ao longo do ano.


Sidnei Maschio: De quem é a culpa pelo tanto que o preço do boi já caiu, é do enfraquecimento do consumo de carne ou é a oferta de gado terminado que já começou a aumentar?


Alex Lopes: Com certeza isso deve ser “colocado na conta da situação econômica”, responsável pela significativa redução no consumo de carne. Embora a dificuldade para compor as escalas de abate não seja mais a mesma do começo do ano, a oferta de boiadas não é grande. A disponibilidade de matéria-prima talvez melhore nos próximos meses. Mas, por enquanto, o que vemos no mercado é resultado da dificuldade de escoamento.


Sidnei Maschio: Numa situação como esta que a gente tá enfrentando agora, adianta o pecuarista segurar no pasto o gado que já está pronto para abate, para tentar escorar a pressão baixista do frigorífico? Isso pode por em risco o resultado econômico e financeiro da fazenda?


Alex Lopes: A retenção da boiada no pasto não me parece uma alternativa que deve ser considerada. Primeiro, porque o mercado tem espaço para cair mais. As indústrias não tem interesse em alongar as escalas de abate diante do nível de consumo atual. Portanto, não faz diferença nenhuma para o comprador esse “endurecimento” do pecuarista.


Além disso, com a seca persistindo na maior parte do país, alongar o tempo na fazenda é igual aumentar o desembolso com suplementação. A alternativa é não suplementar e deixar o gado perdendo peso. Qualquer uma das opções irá “dificultar a conta” da fazenda.


Agora, imagine só vender mais tarde, com um custo maior e com a arroba “mais barata”. É preciso muita eficiência no ganho de peso para valer a pena assumir este risco.


Sidnei Maschio: A margem do varejo também andou subindo bem e está melhor do que tinha sido em 2016. Qual é a explicação para esta situação?


Alex Lopes: Os varejistas têm conseguido regular melhor seus estoques, trabalhar mais ajustados a demanda existente. Isso tem permitido aos açougues e supermercados, gradualmente, de forma constante, em pequenas doses semanais, aumentar seus preços e melhorar as margens.


Sidnei Maschio: Dá pra ter a esperança, pelo menos de alguma melhora, assim num prazo curto, do consumo de carne aqui no nosso mercado interno?


Alex Lopes: Aparentemente a economia não deve melhorar no curto prazo ou, pelo menos, a população não deve sentir eventuais sinais de melhora tão rapidamente. Portanto, é difícil acreditar em aumento significativo das vendas de carne.


Sidnei Maschio: Pra arrematar a prosa, Alex, considerando que a pecuária vive de ciclos de alta e de baixa, e que sempre foi assim, o que é que o pecuarista já deveria ter feito e o que ele ainda pode de fazer para atravessar esse período de aperto do mercado? 


Alex Lopes: O pecuarista precisa se planejar. E isso passa por saber quanto custa cada uma das ações e operações da fazenda, qual o retorno que a adoção ou não de determinada tecnologia garantirá, conhecer movimentos sazonais de mercado para entender quando é melhor vender a produção e, por último, mas não menos importante, fazer a leitura correta do mercado.


O ano será desafiador e só quem se planejar é que conseguirá ter bons resultados.



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