Foto: Hyberville Neto, Analista da Scot Consultoria.
Hyberville, dois mil e dezesseis foi muito ruim pra todo mundo, né, mas dá pra dizer que a pecuária nacional sofreu menos do que os outros setores da economia?
Por um lado, os custos de produção, sem a reposição, subiram mais que os preços de venda, considerando a média de 2016.
Por outro, temos preços historicamente altos em valores reais, para o boi gordo e animais de reposição. Além disto, a relação de troca melhorou para quem não produz a reposição.
Em dois mil e dezesseis faltou boi gordo na praça, mas sobrou carne no mercado. Como é que a gente explica essa situação?
A situação econômica limitando o consumo dificultou o escoamento da carne. Por outro lado, a oferta de boiadas trabalhou curta ao longo do ano.
Apesar da carestia de gado terminado e da extraordinária inapetência do consumidor brasileiro, os frigoríficos terminaram o ano com margens de comercialização acima até das medias históricas, né. Qual foi a mágica que eles fizeram pra conseguir isso?
Com produção menor, os frigoríficos conseguiram impor altas às cotações da carne bovina no atacado ao longo do segundo semestre, o que melhorou suas margens e estreitou as do varejo.
Na sua opinião, existe alguma razão pra ter medo de uma nova onda de fechamento de frigoríficos no Brasil?
Devemos ter uma oferta maior de boiadas em 2017 com uma possível melhoria, mesmo que sutil, da demanda. Isto tende a melhorar a situação da indústria. Não descartamos fechamentos, mas se estes ocorrerem, é mais provável que seja de empresas que trouxeram problemas financeiros de anos anteriores.
Apesar das dificuldades no mercado, a pecuária brasileira conseguiu avançar em outras questões como, por exemplo, a necessidade de aumentar a sua produtividade?
A pecuária brasileira tem passado por melhorias nos últimos anos. A pressão econômica e a necessidade de diluição de custos fixos gera a necessidade de produzir mais na mesma área.
Sistemas que trabalham de maneira mais eficiente lida melhor com períodos de preços ruins e ganha mais nas fases boas.
Ao longo do ano, a equipe da Scot foi chamada muitas vezes pra falar sobre gestão do negócio pecuário, né. O que foi que o fazendeiro brasileiro aprendeu a esse respeito neste tempo mais recente?
Gradativamente os produtores têm percebido que o investimento em tecnologia e em intensificação gera retornos interessantes. Eles geram aumento de custo por um lado, mas a receita e o lucro compensam, se a tecnologia é adequada e usada da maneira correta.
Como o mundo tem de andar pra frente, vamos pensar logo no dois mil e dezessete, né, e a primeira grande questão principal também pro setor pecuário é a respeito do consumo. O povo brasileiro vai poder voltar a frequentar o balcão do açougue, Hyberville?
As incertezas não são poucas, mas pode ser que já observemos algum alívio na situação econômica. Como a carne é um dos itens que respondem rápido à alteração do cenário econômico, pode haver melhoria, sutil, na demanda.
Diferentemente do ano passado, pelo menos por enquanto a promessa é de uma colheita generosa na safra de grãos este ano, né. O pecuarista já pode contar com algum desaperto no seu custo de produção?
As incertezas quanto ao clima sempre rondam a agricultura, mas as expectativas apontam para um cenário de aumento da oferta. Aí temos outros pontos, como câmbio e exportações, que também afetam o mercado.
Mas atualmente as expectativas apontam para algum alívio nos custos, com boa parcela vinda dos preços menores da reposição.
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