• Sábado, 27 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

A rentabilidade da atividade leiteira


Sexta-feira, 29 de janeiro de 2016 - 09h00


Rafael Ribeiro, consultor de mercado pela Scot Consultoria concedeu uma entrevista ao apresentador Sidnei Maschio, do canal Terra Viva sobre a rentabilidade média da atividade leiteira.


Rafael Ribeiro é zootecnista formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) - Ilha Solteira.



Confira a entrevista na íntegra:


Sidnei Maschio: Rafael, considerando as diferenças entre os sistemas de produção mais modernizados e as fazendas que usam menos tecnologia, como é que foi o desempenho do setor leiteiro em 2015?  


Rafael Ribeiro: A rentabilidade média da atividade leiteira de alta tecnologia caiu de 7,91% em 2014 para 1,69% em 2015.


Já a pecuária leiteira de baixa tecnologia amargou mais um ano de prejuízo (-7,61%). Foi o pior resultado dentre as atividades agropecuárias analisadas.


Sidnei Maschio: Qual o motivo dos resultados tão ruins apresentados no ano passado?


Rafael Ribeiro: Os resultados econômicos foram pressionados pela queda nos preços do leite ao produtor e aumento dos custos de produção.


Comparando as médias de 2015 em relação a 2014, o preço do leite caiu 3,3% em valores nominais, enquanto os custos de produção subiram, em média, 5,4%, segundo o Índice Scot Consultoria de Custos de Produção da Pecuária Leiteira.


Sidnei Maschio: Quais foram os principais motivos da alta do custo de produção do leite em 2015?


Rafael Ribeiro: Grande peso dos alimentos concentrados (milho e farelos), fertilizantes e suplementos minerais no aumento dos custos de produção. As cotações desses produtos sofreram influencia da alta do dólar.

No caso do milho, o dólar valorizado aumentou a movimentação para exportação.


Sidnei Maschio: E em relação ao consumo interno, Rafael, o que foi que mudou de 2014 para 2015?


Rafael Ribeiro: Demanda por lácteos patinando em função do quadro econômico do país. Houve relatos de menor demanda por produtos de maior valor agregado, como os queijos, iogurtes, leite condensado e manteiga.


Sidnei Maschio: No começo do ano passado, mais uma vez a grande esperança do setor leiteiro brasileiro era de avançar no mercado internacional. O que foi que aconteceu com as nossas exportações?


Rafael Ribeiro: A balança comercial brasileira de lácteos fechou 2015 com déficit de US$96,61 milhões. Apesar de negativo, este foi o melhor resultado desde 2009.


Em 2015, a exportação brasileira de produtos lácteos foi de 73,61 mil toneladas. Na comparação com 2014, houve uma diminuição de 12,0% em volume. O faturamento caiu 8,1%, de US$332,43 milhões em 2014 para US$305,52 milhões em 2015.


O fornecimento para a Rússia que começou em 2014, resultado das barreiras impostas pelos russos aos Estados Unidos e países europeus, caiu em 2015. Os russos importaram 48,7% menos em volume e 49,2% menos em faturamento. No caso da China, apesar da abertura do mercado para os lácteos brasileiros em setembro de 2015, não houve registro de embarques.


Sidnei Maschio: O mercado internacional de leite e derivados vai reagir em 2016?


Rafael Ribeiro: Apesar das recentes quedas, a expectativa para meados de 2016 é de ligeira recuperação nos preços. Tal movimento é reflexo das expectativas de que a produção da Nova Zelândia apresente quedas expressivas durante 2016, devido aos baixos preços praticados. Porém, o mercado está longe dos US$4,0 mil-US$5,0 mil por tonelada de leite em pó de anos anteriores. Os contratos futuros de leite em pó integral projetam, para julho/16, um preço na casa dos US$2,4 mil/t, frente aos US$2,2 mil/t no último leilão.


Sidnei Maschio: De todas as questões que atrapalharam a vida do produtor de leite em 2015, o que é que vai melhorar e o que é que vai piorar agora em 2016?


Rafael Ribeiro: O cenário em termos de oferta e demanda (leite) está mais ajustado, com os preços do leite ao produtor subindo já agora em janeiro e altas também no mercado spot. Este mercado mais ajustado deve dar sustentação aos preços do leite e derivados no primeiro semestre de 2016.


Porém, do lado dos custos de produção, o produtor não terá alívio. Expectativa de patamares de preços mais altos e menores oportunidades de compras, por exemplo, de milho e farelo, a exemplo do primeiro semestre de 2015.


Sidnei Maschio: Especificamente em relação ao custo da alimentação das vacas, a grande preocupação do produtor neste começo de ano é a respeito do milho. O que é que vocês aí na Scot Consultoria estão achando que vai acontecer com o preço do grão este ano?


Rafael Ribeiro: A nossa expectativa é de um preço médio acima do registrado em 2015.


As cotações do milho devem seguir firmes em janeiro/16, em função das exportações aquecidas, do atraso na colheita da safra de verão e da menor produção na primeira safra (2015/2016). Para fevereiro, com os leilões previstos do governo e avanço da colheita da safra de verão no país o movimento de alta deverá perder força. O mercado futuro sinaliza quedas nos preços em março. A partir daí a safrinha ou segunda safra definirá os preços no mercado interno. A expectativa é de aumento da área e produção na segunda safra.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>

Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja