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Scot Consultoria

Encontro de Confinamento entrevista o palestrante Alcides Torres


Terça-feira, 26 de fevereiro de 2013 - 09h38


Nos dias 3, 4 e 5 de abril acontecerá o tradicional Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP, onde o melhor time de analistas de mercado e de técnicos do setor discutirão o que será possível e o que será impossível para os confinadores nesta temporada.


O encontro é uma referência de mercado e vem sendo realizado há vários anos, concentrando profissionais de toda a cadeia pecuária.


O evento reunirá os principais agentes-chave da pecuária brasileira para expor, de forma clara e objetiva, as tendências de mercado: principais ferramentas de proteção de preço, estratégias de manejo, mercado de grãos, nutrição de animais, reforma de pastagens, custos do confinamento, entre outros.


Mais informações em www.scotconsultoria.com.br/encontroconfinamento/


Um dos palestrantes será o engenheiro agrônomo Alcides Torres, analista de mercado e diretor da Scot Consultoria.


Sua palestra abordará o mercado do boi gordo, consumo doméstico e exportações de carne bovina  e investimentos no setor pecuário.


Para saber um pouco sobre a palestra, leia a entrevista que ele concedeu à organização do Encontro de Confinamento da Scot Consultoria.


Entrevista com Alcides Torres


Scot Consultoria: Para começar, faça um resumo do mercado do boi gordo em 2012.


Alcides Torres: Resumidamente, 2012 foi caracterizado pela maior oferta de fêmeas para abate. A participação de fêmeas no abate de bovinos aumentou. Essa injeção de vacadas às boiadas resultou num aumento de oferta e em queda de preço.


Caíram o preço da arroba do boi e da vaca gorda, ou pelo menos não subiram. O preço médio da arroba do boi gordo em São Paulo, em 2012, foi de R$96,67/@, a prazo, queda de 4,2% na comparação com o preço médio de 2011.


Se deflacionarmos pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna, da Fundação Getúlio Vargas), a queda em 2012 foi de 9,5%. Realmente um tombo!


Outro fator que contribuiu para um mercado morno em 2012 foram as chuvas. Em boa parte do Brasil Central as chuvas se estenderam além do período normal e esse fenômeno, essa melhor distribuição das águas, permitiu uma longevidade maior das pastagens, melhor distribuição das vendas e até um pequeno ganho de peso em carcaça.


Em 2012, o custo de produção subiu. Subiu 8,3% considerando um sistema que adota tecnologia intensamente.


Segundo estimativa da Scot Consultoria, com os dados disponíveis até o momento, os abates de bovinos aumentaram 7,8%, na comparação com 2011.


 


Scot Consultoria: Podemos dizer que estamos na fase de baixa do ciclo pecuário? 


Alcides Torres: Sim. Os preços em queda, o aumento na participação de fêmeas no abate e aumento nos abates totais são características da fase de baixa do ciclo de pecuário de preços.


Em 2012, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação de fêmeas nos abates até setembro foi de 43,2%, ante 41,3% em 2011. Em 2010, as fêmeas participaram com 36,2% dos bovinos abatidos.


Segundo estimativa da Scot Consultoria, a rentabilidade média, em 2012, de um sistema de produção de cria, com aplicação crescente de tecnologia, foi de 1,4% ao ano, ante 1,9% estimado para 2011. É de se esperar que quando há queda de rentabilidade no sistema de cria o descarte de matrizes seja uma opção de renda.


 


Scot Consultoria: Qual a situação do Brasil no mercado internacional de carne bovina?


Alcides Torres: As exportações brasileiras de carne bovina em 2012 foram de 1,72 milhão de toneladas equivalente carcaça (MDIC), aumento de 9,6%, frente ao resultado de 2011. Melhoramos.


A comercialização mundial de carne bovina em 2012 foi de 8,32 milhões de tec (USDA). O Brasil participou com 20,7%. Ou seja, um quinto do comércio global de carne bovina é de carne bovina brasileira.


A maior oferta de animais terminados, associada ao câmbio favorável, barateou a carne bovina brasileira no mercado internacional. O preço médio foi de US$3.078,62/tec, redução de 2,6%, na comparação com 2011.


Em 2012 a receita foi de US$5,3 bilhões, aumento de 6,7%, frente ao ano anterior.


Em dezembro houve a divulgação do achado priônico em um bovino paranaense morto em 2010. Houve embargos à carne bovina brasileira, mas estes devem ser revertidos neste ano.


A conjuntura é positiva à exportação de carne bovina. A oferta de matéria prima deve se manter em bom patamar.


Segundo o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central em janeiro, a expectativa é que o dólar termine 2013 cotado ao redor R$2,06, valor 5,2% maior que a cotação média em 2012, cuja cotação foi de R$1,96. Isto é positivo para as exportações.


 


Scot Consultoria: E o consumo doméstico, tem atrapalhado ou ajudado, neste momento de oferta maior?


Alcides Torres: A demanda se comportou bem, considerando o aumento de oferta.


A margem de comercialização da indústria subiu em 2012, na comparação com a média histórica.


Estima-se que a disponibilidade interna de carne bovina em 2012 tenha sido de 8,4 milhões de tec, acréscimo de 7,6%, ante as 7,8 milhões de tec de 2011.


O consumo per capita em 2012 foi estimado em 42,3kg, 6,7% mais que no ano anterior.


 


Scot Consultoria: O cenário atual é de retração de investimentos devido ao mercado frouxo?


Alcides Torres: O momento é de atenção à gestão da propriedade. Saber exatamente quanto custa a produção de seus produtos, arrobas, bezerros, garrotes, leite, etc, e saber o resultado econômico da atividade.


Se houver capital disponível e interesse em ampliação de rebanho, podemos considerar este como um momento apropria do ciclo de preços pecuários. A reposição está com preços em baixa.


Uma bezerra comprada na fase de baixa levará alguns anos até que as suas crias cheguem ao mercado, ou seja, haverá tempo para que o mercado se recupere e os preços se tornem atrativos.


Quanto aos investimentos em genética e nutrição, também devem ser mantidos, mas com rédeas curtas. Isto significa fazê-los com base em cálculos precisos de retorno, não necessariamente investir menos.


 


Scot Consultoria: Como o próprio título da palestra questiona, o que podemos esperar para 2013 no mercado do boi gordo?


Alcides Torres: Para este ano espera-se que a oferta se mantenha e em função disso, o cenário é de mercado pressionado. As variações sazonais acontecerão, é claro, e será fundamental aproveitar esses acontecimentos, essas oportunidades. A margem dos frigoríficos tende a se manter confortável, o que é comum para períodos de boa disponibilidade de boiadas.


A exportação, devido ao câmbio e aos preços das boiadas, deve ir bem, se questões comerciais não surgirem.


Talvez o principal ponto de atenção para este ano seja o consumo interno.


O aumento do salário mínimo tende a ser positivo para a demanda por carnes.


A diminuição dos estímulos ao consumo de bens duráveis (eletrodomésticos, automóveis, etc.) tende a reduzir o endividamento da população, atualmente alto.


Vamos ver se o consumo doméstico absorverá aumento da oferta de fêmeas em 2013, como aconteceu em 2012.



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