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Scot Consultoria

Otávio Celidonio - IMEA


Segunda-feira, 5 de novembro de 2012 - 17h36


Otávio Celidonio é superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA).


Scot Consultoria: Analisando os números do IMEA, as áreas de milho e de soja aumentaram no Mato Grosso na temporada 2011/2012. O crescimento destas culturas se deu sobre área de pastagens? Comente.


Otávio Celidonio: Com as pressões contra o desmatamento a tendência de crescimento sobre áreas de pastagens está muito grande. Recentemente fizemos uma pesquisa avaliando sobre qual tipo de área os agricultores pretendiam expandir sua produção na próxima safra (12/13). O resultado mostrou que 52% deve ocorrer sobre áreas de pastagens, 47% sobre áreas marginais da fazenda, que são áreas em pousio que foram utilizadas em outros momentos. Menos de 1% do aumento deve acontecer sobre áreas de desmatamento legal.


A tendência é que essa fatia do crescimento sobre áreas de pastagens cresça ano a ano e daqui a 10 anos estimamos que a área cedida pela pecuária de corte seja de mais de 4 milhões de hectares, ou 20% do valor atual. Ainda assim, com o aumento dos confinamentos, da integração lavoura-pecuária e da própria melhoria das pastagens e índices reprodutivos, nossa produção de carnes deve se manter ou até aumentar.


Scot Consultoria: Qual é a previsão do IMEA para o número de animais confinados em 2012 e quais as expectativas em relação ao mercado do boi gordo para o próximo ano?


Otávio Celidonio: De acordo com o último levantamento apresentado pelo IMEA, no mês de agosto, o número de animais confinados em Mato Grosso foi próximo de 740 mil cabeças, o que indica uma redução de 20,4% em comparação à expectativa do levantamento de intenção de confinamento de abril e queda 9,0% em relação ao número de animais confinados em 2011.


Os números finais de 2012 devem ser apresentados no último levantamento de confinamento do IMEA. O cenário deste ano, em que se observou uma expressiva oferta de bovinos para o abate no Mato Grosso, com um aumento de 14% no acumulado de janeiro a agosto, principalmente em função do elevado abate de fêmeas, que apresentou um acréscimo de 19% no mesmo período, leva a crer que o mercado em 2013 não deverá ser muito diferente do de 2012.


Scot Consultoria: No Mato Grosso, qual o impacto que a logística tem no custo da carne bovina?


Otávio Celidonio: A logística, em algumas regiões do estado, é um fator complicador na questão da produção e do mercado do boi gordo. Como estamos longe dos mercados consumidores, quem mais sofre é o produtor, já que o custo para se levar uma carcaça bovina para São Paulo fica ao redor de 5% do preço da carga. Para transportar um animal vivo esse custo fica ao redor dos 10% e, geralmente, é esse diferencial que vemos entre os preços do indicador da BVM&F e Cuiabá.


Seguramente, tipos de transporte mais adequados para grandes distâncias, como as ferrovias e hidrovias, tornariam nosso produto mais competitivo e deixariam insumos, como fertilizantes e defensivos, mais acessíveis.


Além da logística interestadual, a logística regional também preocupa. As condições de acesso limitam a comercialização de animais de uma cidade para outra, por exemplo nos períodos chuvosos do ano, assim como dificultam a aquisição de insumos, em especial relacionados à produção de grãos.


Scot Consultoria: De que forma as medidas de apoio ao consumo anunciadas desde o ano passado pelo governo federal, como as reduções consecutivas da taxa Selic, estão impactando no consumo de produtos agropecuários?


Otávio Celidonio: O interessante da redução da taxa de juros é que ela aumenta os investimentos no país. O caso da agropecuária é o mais nítido, pois as análises sérias de investimentos em commodities agropecuárias raramente mostram um retorno médio anual maior que 10% a 15%.


Nas condições de Selic acima dos 10%, era muito mais interessante investir em títulos do governo do que na produção agropecuária, que possui riscos climáticos, produtivos e ainda exige uma estrutura administrativa e dedicação. Por isso, acredito que os benefícios para a população virão pelo aumento da produção, já que, financeiramente, a agropecuária está mais competitiva e aumentando a atratividade de investimentos.


Esse aumento da produção tende a baratear os alimentos, mas como o custo dos alimentos para os brasileiros é um dos menores do mundo (hoje, quem ganha um salario mínimo consegue alimentar uma família de quatro pessoas com, praticamente, metade deste valor) a tendência é que aumente a demanda por produtos de valor agregado, como carnes, lácteos e produtos industrializados em geral.



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