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Scot Consultoria

Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria entrevista o palestrante Rafael Ribeiro


Quinta-feira, 26 de julho de 2012 - 10h30

Nos dias 21 e 22 de agosto de 2012 acontecerá o Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP.


Mais informações em www.scotconsultoria.com.br/encontrodeleite


Um dos palestrantes será Rafael Ribeiro, zootecnista formado pela UNESP/Ilha Solteira e consultor de mercado da Scot Consultoria.


Sua palestra abordará o cenário atual do mercado e perspectivas com relação à oferta de leite, demanda e preços aos produtores.


Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Rafael, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista da Scot Consultoria.


Entrevista Rafael Ribeiro


Scot Consultoria: A produção de leite no Rio Grande do Sul pode vir a ser protelada para se investir em outras atividades, devido à competição com produtos lácteos argentinos e uruguaios, mais competitivos?


Rafael Ribeiro: A diversificação da produção é uma característica do sul do país. É comum em uma propriedade você ter agricultura, além de outras atividades, como a produção de frango, suíno, pecuária de corte e leite.


Este ano, em função das perdas registradas nas lavouras de verão, foram feitos mais investimentos na pecuária de leite, para tentar minimizar os prejuízos. O preço do leite ao produtor está em um bom patamar historicamente. A questão é o custo de produção em alta.


Com relação às importações, o grande volume de lácteos, em especial de leite em pó, que entra no Brasil prejudica o mercado interno, já que, na maioria das vezes, o produto importado (principalmente da Argentina e Uruguai) chega ao mercado brasileiro a um preço abaixo do verificado no mercado interno, tirando a competitividade dos produtos nacionais.


Pela proximidade, a região Sul é a mais prejudicada, mas o reflexo é no mercado de uma maneira geral.


A valorização do dólar pode colaborar para diminuir as compras de lácteos de países vizinhos. As recentes quedas nos preços no atacado (maio e junho) também podem favorecer os produtos nacionais.


Em 2012, de janeiro a junho, o Brasil importou aproximadamente US$315 milhões em produtos lácteos, 16% mais em relação ao mesmo período de 2011, que foi um ano de grande volume de importação.


cot Consultoria: Quais as expectativas para o mercado ao longo deste ano? É hora de investir na atividade ou de conter aportes maiores de capital?


Rafael Ribeiro: A expectativa para este ano é de preços ao produtor, no mínimo, em um patamar próximo do verificado em 2011. Ou seja, uma média anual ao redor de R$0,80 por litro de leite, considerando a média Brasil.


Este cenário vai depender da demanda, já que a produção foi prejudicada em muitas regiões devido ao clima adverso este ano.


Do lado dos custos de produção, a preocupação maior é com a alta de preços dos alimentos concentrados proteicos, principalmente na entressafra. O preço do farelo de soja subiu mais de 90% no primeiro semestre e está 105% maior em relação ao mesmo período do ano passado.


O milho, que até junho estava mais barato que no ano passado, acompanhou a valorização no mercado internacional. Em julho os preços subiram mais de 20%.


Com relação aos investimentos na pecuária leiteira, a palavra é planejamento. E planejamento envolve todas as etapas, desde a compra de insumos, animais de reposição, equipamentos, até a negociação com a indústria.


Scot Consultoria: Como a atual situação de seca, que afeta principalmente a região Nordeste, pode afetar o mercado do leite?


Rafael Ribeiro: O clima tem grande impacto sobre a pecuária de maneira geral, principalmente considerando o sistema de produção a pasto.


Em 2012, as chuvas atrasaram e em boa parte do país o volume foi abaixo da média histórica.


No Sul, além do calor intenso no verão, ficou sem chover mais de 40 dias em algumas regiões, causando perdas não só à produção de leite, mas também à agricultura.


No Nordeste a situação foi mais complicada. Em algumas regiões as chuvas atrasaram dois meses. O reflexo foi a queda na produção, que em muitos casos chegou a 20%, ou mais, em um mês.


Mais recentemente, em junho, tivemos volumes de chuvas elevados, o que não é comum, considerando a época do ano. Estas chuvas favorecem as pastagens, em especial as pastagens e culturas de inverno no Sul do país.


Mais que a análise de preços, oferta e demanda, a análise e acompanhamento de questões ligadas ao clima é de extrema importância para a construção de cenários dentro da pecuária de leite.


É uma ferramenta indispensável.


Scot Consultoria: Como anda o consumo interno de leite?


Rafael Ribeiro: A demanda por produtos lácteos no país cresce a uma taxa de 3,0% a 3,5% ao ano. A melhoria da renda da população é o principal responsável pelo incremento, em especial por produtos de maior valor agregado.


A diversidade de produtos e lançamentos colaboram.


Este crescimento é positivo para a pecuária de leite no país. A concorrência entre as indústrias tem melhorado o preço no campo e permitindo investimentos. Tem agregado profissionalismos a cadeia.


Além disso, o mercado consumidor é cada vez mais exigente quanto à qualidade e procedência do produto. Ou seja, gera ganhos para a cadeia dentro e fora da porteira.


Scot Consultoria: Quais são os principais gargalos da atividade leiteira no país?


Rafael Ribeiro: Os principais gargalos da atividade são a falta de mão de obra especializada, visto que está difícil e caro manter um funcionário de confiança e capacitado na propriedade leiteira; questões ligadas à logística de coleta e distribuição do leite, como péssimas condições das estradas, que encarecem o custo do frete; qualidade do leite, melhoria dos padrões nacionais, pagamento de bonificação/incentivo por qualidade, fiscalização e programas para adequação à Instrução Normativa 62; linhas de financiamentos, por exemplo, para a compra de tanques resfriadores, treinamento da mão de obra e a relação da indústria com o produtor, que precisa evoluir e ser encarada como a ligação de dois elos, que se complementam dentro da cadeia.




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