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Scot Consultoria

Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria entrevista o palestrante Roberto Jank


Sexta-feira, 13 de julho de 2012 - 10h33

Nos dias 21 e 22 de agosto de 2012 acontecerá o Encontro da Pecuária Leiteira da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP.


Mais informações em www.scotconsultoria.com.br/encontrodeleite


Um dos palestrantes será o engenheiro agrônomo Roberto Jank, diretor-presidente da Agrindus/SA.


Sua palestra abordará estratégias de mercado, nutrição e manejo de vacas leiteiras, voltados à Agrindus S/A.


Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Roberto, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista da Scot Consultoria.


 


Entrevista Roberto Jank


Scot Consultoria: Como você enxerga a verticalização da cadeia leiteira? É possível de acontecer no Brasil?


Roberto Jank: Não acredito que a verticalização seja uma solução para muitos. O leite é uma atividade complexa e demanda escala de produção. A verticalização será sempre voltada a uma atividade de nicho.


 


Scot Consultoria: Quais as maiores dificuldades e adversidades enfrentadas pelo produtor de leite no Brasil? E pela indústria leiteira?


Roberto Jank: Não existe controle ou previsão de estoques de leite pelo mercado, com o produto cotado em bolsa de futuros, de forma que os eventuais excedentes rapidamente afetam os preços do setor industrial e primário, criando altos e baixos em curtíssimo espaço de tempo.


O poder dos supermercados em garantir seu mark-up e ditar preços também é muito forte, principalmente considerando o leite longa vida. Isso afeta toda a cadeia.


  


Scot Consultoria Como você avalia o mercado de leite A?  E com relação à qualidade, o que ainda falta para o Brasil chegar aos níveis dos principais produtores?


Roberto Jank: O leite A é um nicho elitizado, que atende a uma fatia pequena de consumidores. Ganhar espaço nesse setor é um trabalho lento e permanente, com o fortalecimento gradual das marcas. Qualidade se faz com normas oficiais e fiscalização, porém, na prática, cabe à indústria de leite estimular a qualidade, com sinalizadores de mercado, ou restringir a entrada de leite fora das normas em suas fábricas. Se elas não pressionarem, a qualidade não vai evoluir.



  


Scot Consultoria: Como você analisa o custo de produção da atividade leiteira nos últimos anos? Aonde é o principal ponto de constrição, em relação ao custo? Quais as estratégias que o grupo adota para minimizá-los?


Roberto Jank: Os custos subiram muito nos últimos cinco anos, principalmente em dólares, pela apreciação do real. As commodities (no caso, os insumos da pecuária de leite e corte) também subiram por conta das quebras de safra e influencia da China e Ásia em geral.


O custo da mão de obra tem acumulado ganhos reais importantes sobre a inflação e isso tem pesado cada vez mais no custo global. Os medicamentos também sobem sempre, independentemente do dólar ou da inflação. Uma maneira de minimizar custos seria investir em aumento da escala de produção e na automação/mecanização dos processos, com vistas em ganhos de eficiência.


Porém, os equipamentos e produtos estão carregados de impostos, que tiram competitividade destes investimentos quando comparados com o mesmo tipo de investimento, mas realizado em outros países. Portanto são decisões difíceis, mas que precisam ser observadas sempre.


  


Scot Consultoria: Como você vê o mercado mundial em termos de demanda e oferta e como isso pode ser vantajoso para o Brasil?


Roberto Jank: Crescente, principalmente na Ásia. Desde a crise de 2008, tivemos a sorte de contar com o mercado interno crescente, porque nossa politica de câmbio foi desastrosa e destruiu nossa competitividade. Imagino, porém, que o consumo de proteínas animais continuará em ascensão e, ao contrario do que acontece hoje, o Brasil participará cada vez mais da oferta de leite ao mercado mundial.


 


Scot Consultoria: A pecuária de leite é uma das poucas atividades onde há sempre a abordagem ao tema da inclusão social de pequenos produtores, o que quase não acontece em se tratando da pecuária de corte ou outras atividades agropecuárias. Qual sua opinião a respeito? Comente.


Roberto Jank: Acho essa visão um contrassenso. No Brasil, o leite foi eleito como uma atividade fácil e que pode atender pequenos produtores por ter renda mensal garantida, sendo hoje o principal produto financiado pelos projetos do Pronaf e dos assentamentos rurais.


Mas isso é ilusão. A pecuária de leite é uma atividade complexa que exige investimentos. A atenção ao padrão imposto pela IN62 reforça mais ainda a necessidade de tecnologia de alto nível aplicada aos processos e dificulta mais ainda a inclusão de produtores amadores.


Também no resto do mundo, a tendência de ganho de escala e profissionalização tem sido a tônica, ainda que o subsídio europeu "segure" gente no campo artificialmente.


Aqui, os investimentos nessas linhas de crédito têm baixíssimo retorno em produção ou resultados, além de ínfima probabilidade de que as normas de qualidade sejam atendidas.



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