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Scot Consultoria

Sabrina Marcantonio Coneglian - Vale Fertilizantes


Segunda-feira, 2 de abril de 2012 - 14h27

Zootecnista formada pela Universidade Estadual de Maringá – PR. Possui doutorado em nutrição de ruminantes. Atua na área de Inovação, Qualidade de Produto e Assistência Técnica da Vale Fertilizantes.


Scot Consultoria: Qual o impacto do custo da alimentação nos custos totais da pecuária de corte de alta tecnologia (por exemplo, no confinamento)?


Sabrina Coneglian: O grande entrave para adesão de tecnologia é o medo do pecuarista em correr riscos. No entanto, este risco decresce à medida que acumulamos conhecimento e entendemos do sistema como um todo. Se deixarmos de contabilizar o próprio animal, o maior custo da pecuária de corte de alta tecnologia é a alimentação.


Este custo pode representar 70-80% do custo total de produção e se agrava ainda mais em sistemas que apresentam nutrição incorreta, manejo inadequado e falta de planejamento. Desta forma, o acompanhamento do rebanho avaliando o ganho de peso diário e a conversão alimentar são fundamentais para avaliar o custo benefício da adoção de tecnologia. Além, é claro, de acompanhar o mercado de insumos (planejamento de compra) e o mercado do boi (planejamento de venda).


Não adianta produzir mais carne se o gasto com o concentrado for maior que a receita gerada pelo ganho adicional.


Scot Consultoria: Devido aos custos, o produtor, na maioria das vezes, procura alternativas na alimentação para reduzir custos. Sendo assim, quais os subprodutos e alimentos alternativos mais utilizados na nutrição de bovinos? Quais as novidades sendo testadas nesta área?


Sabrina Coneglian: A alimentação dos animais apresenta um impacto muito grande nos custos de produção, o que leva o produtor a buscar alternativas. No Brasil, nós temos uma infinidade de alimentos alternativos, no entanto, as principais características a serem observadas são o seu valor nutricional e seus fatores anti-nutricionais. A partir desses dados, pode-se analisar o custo-benefício da utilização destas matérias-primas. Alguns subprodutos bastante utilizados são polpa cítrica, bagaço de cervejaria, bagaço de cana, casca de soja, casca de arroz, entre outros. Na escolha por um alimento é interessante acompanhar as épocas de maior disponibilidade, as principais regiões produtoras, formas de armazenamento, entre outros fatores que favorecerão a aquisição a um custo menor. Atualmente, um subproduto que vem chamando atenção por seu alto valor energético e possibilidade de substituir parcialmente o milho nas dietas totais é a glicerina, produto oriundo da fabricação de biodiesel, mas estudos ainda estão sendo feitos para constatar o melhor nível de inclusão na ração.


Scot Consultoria: Como a qualidade das pastagens afeta a nutrição de bovinos e qual o peso no custo total?


Sabrina Coneglian: As pastagens constituem o principal alimento dos bovinos em sistema extensivo. E quando falamos de nutrição animal a pasto, temos que levar em consideração dois fatores: a oferta e a qualidade de forragem. Nenhum suplemento proporcionará os resultados esperados se não houver forragem disponível. Diversos fatores afetam a qualidade e a quantidade de forragem produzida, como o tipo de solo, o clima predominante, a época do ano, a espécie forrageira, a categoria animal utilizada, etc.


Como a produção das forrageiras é sazonal, na época das secas, onde o pasto apresenta menor teor de nutrientes (minerais, proteína, energia), os sinais clínicos aparecem com mais evidência e a estratégia nutricional é diferente.


No entanto, ressalta-se que na época das águas também se faz necessário a avaliação da pastagem e das exigências dos animais. Quando pensamos em produção de carne ou leite a pasto, a terra e as pastagens são os ativos de maior custo (podendo chegar a 80%), logo, para diluí-lo, o caminho é o uso adequado e eficiente. Um ponto importante é o manejo da pastagem e a observação da lotação adequada de pastejo.


Scot Consultoria: Pode-se afirmar que a suplementação de bovinos a pasto, principalmente em épocas de seca, já é uma tendência consolidada?


Sabrina Coneglian: Com certeza. Hoje em dia o produtor que não aderir a esta tecnologia perderá dinheiro e se distanciará da produção eficiente. A suplementação em todo período de vida do animal é essencial. Nossas pastagens não conseguem suprir as exigências nutricionais dos animais, em especial, animais de cria e de média a alta produção.


Durante a época seca, as pastagens tendem a aumentar seus níveis de fibra e diminuir sua produção, além de perder seus teores de minerais, proteínas, energia e vitaminas e consequentemente a digestibilidade e absorção desses nutrientes. O impacto que a não-suplementação pode causar no animal é enorme.


No primeiro momento, como os sinais são subclínicos (diminuição das reservas do organismo do animal) tem-se a ideia equivocada que o animal não está sendo afetado. No entanto, após algum período com escassez de nutrientes, estes animais perdem peso, diminuem seus índices reprodutivos e em casos mais severos podem chegar à morte.


O que precisamos ter em mente é que a suplementação é uma das tecnologias essenciais para termos uma pecuária eficiente e financeiramente viável. A suplementação deve ser vista como um investimento, onde, se bem planejada, assegura a saúde do animal e o deixa apto para desempenhar sua máxima produção. Para garantir a eficiência no custo/benefício da mineralização, é imprescindível a utilização de produtos com elevada biodisponibilidade, cientificamente elaborados, específicos para a categoria animal em questão e para a época do ano, que melhoram significativamente a conversão alimentar do volumoso oferecido. Isso, aliado às boas práticas de manejo e ao correto controle sanitário, garante índices elevados e maior rentabilidade.



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