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Scot Consultoria

Encontro de Confinamento da Scot Consultoria entrevista Iveraldo Dutra


Quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012 - 09h44

Nos dias 14 e 15 de março de 2012 acontecerá o Encontro de Confinamento da Scot Consultoria, em Ribeirão Preto-SP. Mais informações em http://www.scotconsultoria.com.br/encontroconfinamento/ Um dos palestrantes será o médico veterinário Iveraldo Dutra, doutor em saúde animal pela Universidade Justus-Liebig na Alemanha. Atualmente é professor de Enfermidades Infecciosas dos Animais na Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba da Universidade do Estado de São Paulo (UNESP). Sua palestra abordará os riscos sanitários na produção animal e boas práticas sanitárias, segurança alimentar e saúde animal e a situação zoosanitária brasileira. Para saber um pouco sobre o que será abordado na apresentação do Professor Iveraldo, leia a entrevista que ele concedeu à Pamela Alves, analista júnior da Scot Consultoria. Entrevista Iveraldo Dutra Scot Consultoria: O decreto publicado no Diário Oficial da União divide a responsabilidade sobre a rastreabilidade entre o CNA e o MAPA. De que forma isso pode encerrar o assunto sobre a rastreabilidade no Brasil, que se prolonga sem resolução há dez anos? Iveraldo Dutra: As alianças púbico-privadas são o grande desafio no estabelecimento de responsabilidades na cadeia produtiva. O que efetivamente seria ideal é que o processo todo ficasse por conta da iniciativa privada, mas com a chancela final dos órgãos oficiais, sem a burocracia desnecessária que caracterizara as experiências anteriores. Embora eu acredite na capacidade humana de inovação e nas forças dos mercados, temos um caminho muito longo entre o que efetivamente seria necessário e o que de fato acaba ocorrendo. Enquanto o produtor não perceber efetivamente o porquê da rastreabilidade e os seus benefícios, pouco avanço será efetivado. Por outro lado, ainda não construímos um sistema em que possamos concretamente conciliar estas novas exigências e a nossa realidade. São enormes as barreiras de entendimento e as experiências sucessivas têm demonstrado um desencontro entre o que é idealizado em Brasília e o que acaba ocorrendo no campo. Não acredito que este assunto saia de pauta. Ao lado do processo da identificação animal em si, o que estará em discussão serão as práticas sanitárias adotadas pelo sistema de produção animal, os seus riscos e as medidas mitigadoras que se adotam. Ainda estamos distantes desse enfoque; aos poucos temos que criar o entendimento coletivo de que somos produtores de alimentos. Scot Consultoria: Caso a rastreabilidade seja implementada efetivamente no Brasil, existe tendência de aumento das exportações para países ou blocos mais exigentes, como a União Europeia? Iveraldo Dutra: Rastreabilidade é condição para acessar mercado mais exigente como o europeu ou outros que seguem as suas diretrizes. Atendida esta questão elimina-se um quesito; surgem, no entanto, outros, que estão associados e que não estão sendo devidamente tratados pelas autoridades sanitárias e que as lideranças do setor têm pouca sensibilidade para tratar. São vários os motivos que levam a este tipo de resolução de problemas, o que acredito ser cultural. O setor ainda foca na resolução de um problema por vez. Um exemplo típico disso é a questão da encefalopatia espongiforme bovina. Na atualidade temos uma legislação que atende a todos os argumentos e está perfeita em termos de atendimento às exigências internacionais. No entanto, ela tem pouca eficácia da porteira para dentro, os programas de vigilância são pouco efetivos, os produtores desconhecem e não temos dados concretos para gerarmos evidência de que não temos o problema. Enquanto isso, embora não tenhamos sequer um caso da doença no país, somos classificados no mesmo grupo do Reino Unido, com dezenas de milhares de casos confirmados desde a década de 1980. Scot Consultoria: É justificada a alegação de problemas de sanidade no rebanho brasileiro para que haja embargo, como alegou a Rússia? Iveraldo Dutra: A diversidade de problemas que temos enfrentado é natural quando exportamos regularmente para dezenas de países. O setor, embora agressivo e dinâmico, encontra ainda dificuldades e isto decorre de uma falta de diálogo e sintonia entre produtores, indústria exportadora, autoridades sanitárias e mercados compradores. Scot Consultoria: Qual o diálogo existente entre a indústria brasileira e os produtores quanto aos critérios para atendimento aos diferentes mercados? Iveraldo Dutra: No caso específico da Rússia existem questões sanitárias fundamentadas e isto é inegável, mas devido à nossa fragilidade elas são convenientemente bem exploradas de tempos em tempos. Com isso, estamos com o flanco sempre aberto e perdemos muito. Enquanto o país não criar a consciência de que temos que construir um sistema de saúde animal forte, estaremos sempre fragilizados. Scot Consultoria: Existe tendência de aumento de áreas livres de febre aftosa sem vacinação para 2012? Quais os impactos que isso pode ter no mercado externo? Iveraldo Dutra: Essa é a tendência natural, pois é a meta do programa de erradicação da doença no cone sul. As racionalidades técnicas e regionais vão fundamentando a ampliação da zona livre sem vacinação. O impacto disso certamente será positivo, tanto lá fora como aqui, mas trazem novos desafios. Temos a doença em áreas fronteiriças frágeis e pouco se investe em educação sanitária. Assim, devemos com muito cuidado arrefecer os anseios políticos se estes efetivamente estiverem se antecipando à racionalidade técnica e administrativa.
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