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Scot Consultoria

Sóstenes – Só Boi – Consultoria em Comércio Bovino


Segunda-feira, 3 de maio de 2010 - 07h57

Sóstenes Henrique Correa Mendonça, 52 anos, produtor rural, pecuarista, empresário, trabalha no ramo frigorífico desde 1978, tendo passado por vários segmentos do abate até venda de carne. Atua como comprador de bovinos na Só Boi - consultoria em comércio bovino. Scot Consultoria: Com sua experiência prática trabalhando no dia a dia do mercado do boi gordo, como acha que devem se comportar os preços esse ano? Deve ser um ano de mercado firme? Sóstenes Mendonça: O volume de chuvas foi muito grande, fora do normal. Há muitos anos não chovia tanto no período de secas. Com isso sobrou pasto, principalmente nas propriedades localizadas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, onde estão os maiores rebanhos de bovinos de corte. Sendo assim, toda pecuária localizada nessas áreas foi beneficiada. Hoje é difícil ter uma estimativa do mercado em curto prazo, em longo prazo então, é impossível. Os grandes frigoríficos têm se unido e o mercado trabalha hoje todo sobre pressão. De um lado o pecuarista tentando colocar sua mercadoria com preços razoáveis, e do outro, o Frigorífico tentando sempre manter uma barreira para que o preço não evolua muito. Dessa forma, saber como o preço do boi vai se comportar no longo prazo é difícil. Scot Consultoria: Muito tem se especulado em relação à pequena oferta de animais para abate. Você acredita que o volume de animais “represados” ainda é grande a ponto de alavancar o mercado, e que com a chegada da entressafra devemos ter uma “desova” desses animais, fragilizando os preços? Ou o que existe mesmo é uma demanda maior do que o número de bois disponíveis? Sóstenes Mendonça: Acredito que sim. No período das chuvas, o produtor estava muito desestimulado com a queda dos preços, pois vendia um boi a R$80,00 a arroba e comprava um bezerro a R$120,00, dessa forma houve um grande desinteresse na venda. Além disso, as boiadas que estão sendo abatidas nesse período estão muito pesadas, mais um indicativo de que o pecuarista tem segurado os animais no pasto. Sendo assim, pode ocorrer uma queda no preço do boi gordo. Vai depender do fator clima, pois, se a seca for intensa, o bezerro poderá se desvalorizar e a oferta de boi gordo aumentar, reduzindo os preços. Scot Consultoria: O abate de fêmeas vem se reduzindo há pelo menos três anos seguidos. Você acha que é possível uma redução nos preços do bezerro ainda durante esse ano? Quais suas perspectivas para o mercado de reposição em 2010? A procura por matrizes tem crescido? Sóstenes Mendonça: Mais ou menos de cinco anos para cá aumentou o número de abate de fêmeas para atender principalmente o mercado interno. Inclusive a diferença do preço do boi para a fêmea nunca esteve tão pequena. O normal era essa defasagem ficar entre 10% e 12%, hoje a diferença tem chegado a até 5%, o que torna interessante ao pecuarista continuar abatendo fêmeas. Esse comportamento faz com que a oferta de bezerro fique escassa mantendo o cenário atual. Scot Consultoria: Como está a procura por bois magros? Em relação a 2009, deve crescer ou aumentar as vendas dessa categoria? Baseado nisso, acredita que o número de animais confinados deve aumentar ou diminuir? Sóstenes Mendonça: Devido à insegurança e aos prejuízos acumulados em anos anteriores, diminuiu bastante a demanda pelo boi magro por parte dos pequenos e médios confinadores. Estes invernistas não acreditam em lucratividade no momento atual, mesmo que os custos com a alimentação do gado estejam menores. No entanto, acredito que, para os confinadores de grande porte, que possuem estrutura para trabalhar ligados a grandes fornecedores, vai haver mais disposição em confinar. O que falta é uma política de comercialização mais estável, que aumente o interesse dos pequenos e médios confinadores. Devemos tomar como exemplo alguns países com situações opostas a nossa, onde existe uma política de comercialização mais estável para o pequeno e médio confinador. Esses países trabalham com 100% dos bois confinados e abatidos travados na Bolsa, negociados diretamente entre produtor e corretora, assegurando o preço no mercado futuro, dando assim uma maior garantia para o pecuarista. Nós hoje vivemos a necessidade de mudar. Aumentar o fluxo das operações do pecuarista direto com o mercado futuro, onde ele possa ter a opção de entrar e sair quando quiser. Procurar criar cooperativas entre os próprios pecuaristas, que possam dar suporte nas negociações dos seus animais, dando assim uma maior sustentação aos preços. Scot Consultoria: A relação produtor/frigorífico sempre foi pautada por conflitos. Você acha que isso tem mudado nos últimos anos? Como avalia essa situação atualmente? Sóstenes Mendonça: Não, a situação é a mesma devido a vários fatores. A grande empresa frigorífica tem falado muito em parcerias com o pecuarista, como confinamentos, empréstimo de dinheiro, mercado futuro, mas no final das contas o produtor fica de mãos e pés amarrados com o frigorífico, fazendo com que seu próprio produto derrube o mercado. Outro exemplo também é aquele pecuarista que engorda seu gado desde o começo (do bezerro até o abate) e quando vai abater não tem o resultado esperado. Mas pode ser que futuramente haja diálogo entre as partes, fazendo com que essa situação mude.
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