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Scot Consultoria

Otávio Cançado - ABIEC e SIC


Terça-feira, 3 de novembro de 2009 - 12h52

Formado em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e MBA pela Universidade de São Paulo, atuou como assessor do Ministro Marcus Vinicius Pratini de Moraes, Assessor Internacional do Secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretário Executivo do Conselho Extraordinário de Relações Nacionais e Internacionais do Governo do Estado do Mato Grosso do Sul e Secretário Executivo do Conselho Empresarial Brasil-Rússia, foi Diretor Executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA) e atualmente é Diretor Executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) e Presidente do Serviço de Informação da Carne (SIC). Scot Consultoria: Falta e encarecimento do crédito, preços baixos ou apreciação do real? Qual foi e qual está sendo o principal desafio enfrentado pelos frigoríficos exportadores do Brasil? Otávio Cançado: Desde que o Brasil passou a liderar o ranking mundial na exportação de carne, volume em 2003 e receita cambial em 2006, o principal desafio tem sido o protecionismo dos países concorrentes e os ataques contra a cadeia produtiva da carne brasileira. Mesmo diante te tanta artilharia contra nossos produtores, os exportadores conseguiram em 2008 contabilizar uma receita cambial de US$5,3 bilhões. Com a crise financeira deflagrada a partir de setembro do ano passado, a falta de crédito passou a ser o principal vilão do setor. Com a redução da demanda, provocada pela crise mundial, a receita cambial e o volume das exportações brasileiras tiveram uma queda de 15% de janeiro a setembro de 2009 quando comparamos com o mesmo período de 2008. Nos últimos cinco anos o mercado mundial da carne mudou. No Brasil as mudanças foram ainda maiores com fusões e investimentos em plantas novas. O desafio dos frigoríficos será o de se adaptarem a uma nova era. As expectativas são de que o consumo de carne aumente e, nesse caso, o Brasil já mostrou que tem qualidade e volume para abastecer o mercado. Scot Consultoria: Qual a avaliação que podemos fazer da última feira de Anuga? Ocorreram bons negócios? Otávio Cançado: A ABIEC participou da Feira Anuga 2009 com um estande de 156 metros quadrados onde foi montado um restaurante com degustação de churrasco de carne bovina brasileira, acompanhada da tradicional caipirinha. Foram servidos 500 kg de churrasco durante a feira. Esta edição de Anuga foi muito melhor do que a de 2007 ou o SIAL 2008 (Salão Internacional de Alimentos, a outra grande feira de alimentos do mundo, em Paris). Os exportadores brasileiros trocaram cartões com potenciais clientes de mercados como Irã, Iraque e importadores tradicionais na Europa. Na ocasião, o Presidente da ABIEC, Roberto Giannetti da Fonseca, participou de coletiva de imprensa e falou sobre a situação econômica das Indústrias Brasileiras Exportadoras de Carne Bovina, com destaque para as recentes fusões e aquisições do setor. Scot Consultoria: Qual é o significado imediato e o futuro da abertura do mercado sul coreano para a carne termoprocessada do Brasil? Otávio Cançado: A abertura de mercado sempre tem conseqüências positivas. Primeiro, porque é um sinal de aumento de vendas. Segundo, porque quando um país como a Coréia do Sul dá um sinal para o mercado de que quer comprar carne do Brasil, mostra que confia no sistema sanitário brasileiro e na forma dos nossos exportadores de fazer negócio. Scot Consultoria: O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgou uma expectativa de aumento de 20% para as exportações brasileiras de carne bovina em 2010. A ABIEC concorda? Otávio Cançado: Não podemos afirmar que o aumento nas exportações em 2010 será de 20%. Mas há um consenso de que as vendas no ano que vem serão incrementadas substancialmente. Espaço para crescer 20% nós temos, pois houve uma queda nas exportações em 2009, em função da crise financeira mundial. Voltaremos aos níveis de produção e exportação de 2008. Scot Consultoria: Não poderia o real “supervalorizado” diminuir a atratividade das vendas externas brasileiras e aumentar o foco no mercado doméstico? Otávio Cançado: O Brasil exporta em torno de 25% do que produz. O principal mercado para os frigoríficos brasileiros é o próprio Brasil. O câmbio desfavorável para as exportações inibe um pouco os negócios. Mas o Brasil é o maior exportador de carne do mundo. Tem clientes importantes que fazem negócios há mais de 10 anos com alguns frigoríficos. Conquistar mercado é uma tarefa muito difícil, reconquistar é ainda mais complicado. Não acho prudente que os exportadores saiam do mercado somente por conta do câmbio. Aliás, o câmbio não é o único fator concorrente para a diminuição das vendas. Pode ser um dos principais, porém, crédito, aumento da demanda, desoneração tributária, logística entre tantos outros também devem ser objeto desta análise. Temos que torcer para que o câmbio se ajuste assim como os outros pontos que citei. Por outro lado, não resta dúvida de que, se os frigoríficos canalizarem tudo para o mercado interno, os preços cairão em real também no Brasil.
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