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Scot Consultoria

Douglas Ribeiro – Dow AgroSciences


Quarta-feira, 1 de abril de 2009 - 10h18

Douglas Ribeiro é técnico agrícola, engenheiro agrônomo pela UNIMAR, especialista em agribusiness pela Universidade de Wisconsin-USA e pós-graduado em gestão empresarial pela FVG. Atualmente é gerente de marketing para os negócios de pastagem da Dow AgroSciences no Brasil. Scot Consultoria: Estima-se que o Brasil possua algo em torno de 70 milhões de hectares de pastagens degradadas, de um total de pouco mais de 170 milhões hectares. Qual a avaliação que você faz desse número? O que fazer para enfrentar o problema? Douglas Ribeiro: Existem diferentes estimativas de hectares degradados no Brasil. Porém, o que é consenso é que nossas pastagens não são manejadas adequadamente, e isso não é resultado de um descuido geral dos pecuaristas brasileiros, isso também se dá em função da dificuldade de interagir a cultura da pastagem com a boca do boi. Precisamos capacitar os profissionais que lidam com o dia-a-dia da pastagem, lá na ponta, em um processo contínuo, pois não se resolverá esse problema em dois dias. Precisamos recuperar a fertilidade dos solos, sendo quase impossível manejar qualquer espécie forrageira em solos de baixíssima fertilidade. Scot Consultoria: Nos últimos anos, muita atenção tem se dado à expansão do volume de animais confinados no Brasil. Em sua opinião, qual o papel que as pastagens irão desempenhar dentro desse modelo de produção mais intensivo, com terminação em confinamento? Douglas Ribeiro: No princípio muitos “defensores” do sistema produtivo a pasto tinham receio que o Brasil estava caminhando para o lado errado, talvez desnecessário, confinando seus animais. Eu avalio a questão de um ângulo completamente diferente: o confinamento no Brasil só será economicamente viável quando para terminação, dentro de um contexto integrado com a fazenda como um todo. O confinamento de terminação irá reduzir a idade de abate dos animais, adicionando qualidade à carcaça. E o principal: irá permitir se explorar altas taxas de lotação nas pastagens durante o período chuvoso. Então esse é um cenário totalmente dependente da produção a pasto. Teremos que produzir e recriar mais bezerros para atender os confinamentos, e será a pasto, e teremos condição de intensificar as pastagens durante o verão, fechando os animais no inverno. Scot Consultoria: Os resultados técnico-econômicos são relativamente visíveis e mensuráveis, porém, o pecuarista ainda investe pouco na manutenção e, principalmente, no aumento da capacidade de suporte das pastagens. É um problema de falta de informação, de instrução, de recursos, de gestão ou um pouco de cada coisa? Douglas Ribeiro: Um pouco de cada coisa. Para mim, “o bolso” irá ditar as regras e tendências, ou seja, não sendo mais possível expandir para novas áreas e sofrendo forte pressão das culturas emergentes sobre as áreas de pastagens, só vão restar duas opções para quem quer expandir rebando (e 90% dos pecuaristas que conheço querem): 1-) comprar a fazenda do vizinho, pagando “e imobilizando” R$10 mil (como referência) por hectare, ou 2-) investindo em recuperação e intensificação das pastagens da sua fazenda, gastando de R$1 mil a R$2 mil/hectare. Se a escolha mais economicamente viável é a segunda, quem irá escolher a primeira? Só os investidores imobiliários. Pecuaristas produtores de carne e leite, com o modelo mais simples de calculadora em mãos, irão 100% escolher a segunda. Scot Consultoria: É possível estimar as perdas econômicas advindas de uma pastagem com “elevado grau” de infestação por plantas invasoras? Elas são significativas? Douglas Ribeiro: Existem vários trabalhos científicos que tratam dessa questão, e fazemos isso na prática quase todos os dias no nosso trabalho de campo junto aos pecuaristas. Mostramos in loco o quanto estão deixando de produzir em função da presença de invasoras. Obviamente que existem outras variáveis que influem no impacto da invasora, mas em muitos casos apenas o controle isolado associado à vedação do pasto pode dobrar a capacidade de suporte do mesmo. Nesse contexto, o retorno do investimento em herbicidas para o controle de plantas invasoras é de curtíssimo prazo. Veja abaixo o exemplo de um trabalho realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG) medindo quanto a mais de matéria seca verde (capim) uma área sem invasoras produziu em relação à mesma área sofrendo competição. Scot Consultoria: A Dow AgroSciences está organizando mais uma edição do TECNOTOUR. Qual o objetivo e as expectativas para o evento? Douglas Ribeiro: Essa será uma versão diferente, pois será um TECNOTOUR sem “tour”, considerando que estamos sempre priorizando o que é mais relevante e urgente de se colocar na mesa em uma ocasião tão única como essa. Chamo de única, pois talvez seja um dos poucos eventos que reúne tantas personalidades técnicas da pecuária brasileira, juntos como uma equipe trabalhando e discutindo o futuro da pecuária a pasto no Brasil. Nesta edição iremos promover um fórum sobre sustentabilidade, só que do ponto de vista técnico e prático, ou seja, o que é sustentabilidade aplicada na pecuária.
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