• Sexta-feira, 26 de abril de 2024
  • Receba nossos relatórios diários e gratuitos
Scot Consultoria

Rogério Marchiori Coan – COAN Consultoria


Segunda-feira, 1 de dezembro de 2008 - 08h51

Rogério Marchiori Coan é zootecnista, mestre em nutrição animal, doutor em forragicultura e pastagens e especialista em administração de empresas pela UNESP/Jaboticabal. É fundador e diretor técnico da COAN Consultoria.

Scot Consultoria: Houve uma forte recuperação dos preços pecuários nos últimos dois anos. Na teoria, esse movimento serviria para estimular novos investimentos em produção, principalmente através de incorporação de tecnologia. Isso tem acontecido na prática? Rogério Coan: Não tenho dúvida que sim. O grande problema reside no fato de que os insumos, de maneira geral, também foram reajustados positivamente, ou seja, acompanharam a recuperação dos preços pecuários. É só observar o que ocorreu com os suplementos minerais (protéicos e energéticos), com os adubos, etc. No entanto, na prática, fica evidente que os pecuaristas aplicaram mais tecnologias de produção voltadas para o “aceleramento” do ciclo de recria/terminação, principalmente ao utilizar suplementos protéicos e energéticos, tanto no período das águas como na seca. Scot Consultoria: Sanidade, genética, nutrição e pastagens. Quais desses “setores” recebem mais atenção por parte do pecuarista e quais, em sua opinião, ainda são negligenciados? Por quê? Rogério Coan: Acredito que dentre estes setores, a genética tem tido maior atenção dos pecuaristas, em virtude dos mesmos necessitarem de animais mais precoces e que venham a permitir um ciclo mais curto de abate. Na seqüência, viria a sanidade, que tem melhorado muito da porteira para dentro, mas muito ainda tem que ser feito para se atingir o modelo ideal, baseado na utilização de protocolos sanitários adequados à cada região geográfica do país. Em relação à nutrição e às pastagens, acredito que estes setores são os mais negligenciados, em virtude de demandarem maiores investimentos e desembolsos em sua manutenção (pastagens) e em sua utilização como um todo (nutrição). Infelizmente ainda temos muitos pecuaristas no Brasil que fornecem somente sal branco, o ano todo, ficando dessa forma à mercê do valor nutritivo das pastagens, que em muitas condições encontram-se em estágio avançado de degradação. Scot Consultoria: Para muitos pecuaristas, falar em adubação de pastagens ainda é pecado. Qual a sua opinião sobre essa tecnologia? Rogério Coan: Primeiro, é preciso falar em correção da fertilidade do solo. Neste sentido, a aplicação de calcário e a adubação fosfatada e potássica são de fundamental importância para a perenidade das áreas de pastagens, em virtude da grande extração de nutrientes pelos pastejos subseqüentes. Lógico que as práticas de manejo de pastagens, de acordo com cada espécie de capim, são de igual importância visando a longevidade das pastagens. Já em relação à adubação nitrogenada, acredito que a mesma deve ser incorporada no sistema, desde que o mesmo tenha condição de aproveitar o aumento da produção de forragem de uma forma racional. De maneira geral, o que observamos na prática é que o pecuarista, em muitas condições, realiza a adubação de algumas áreas de pastagens nas águas, aumentado em muito a taxa de lotação e a capacidade de suporte neste período. Mas esquece de programar a utilização de outra tecnologia no período seco, como o confinamento ou até a suplementação volumosa. Assim, normalmente o benefício da adubação acaba não sendo aproveitado em sua totalidade. Scot Consultoria: É fato que, nos últimos anos, a agricultura tem avançado sobre áreas de pastagem. Em sua opinião, a agricultura é uma ameaça ou uma oportunidade para a pecuária? A integração agricultura-pecuária é uma tendência? Rogério Coan: Tenho certeza que a agricultura não é uma ameaça. Ao contrário, visualizo a agricultura como uma grande aliada e como uma ferramenta estratégica para potencializar o ciclo de produção da pecuária, seja na cria, recria, engorda ou ciclo completo. Basta, para tanto, que o pecuarista saiba aproveitar a agricultura com aquilo que ela tem de melhor, ao permitir, por exemplo, a reforma das áreas de pastagens com menor custo; a utilização de forrageiras de inverno no período de pousio da terra e a geração de grãos e resíduos para a nutrição animal. Além disso, a integração agricultura-pecuária permite também um melhor aproveitamento do solo, condição que implica em maior produtividade e rentabilidade do sistema de produção. Acredito que a integração é o presente e o futuro. Scot Consultoria: Costuma-se dizer que existem várias pecuárias dentro do Brasil. Você concorda com essa firmação? Existem regiões que se destacam pelo elevado nível tecnológico e outras onde tecnologias simples, como a mineralização, ainda são “conversa para boi dormir”? Rogério Coan: Sim, existem várias pecuárias no Brasil. Atribuo este fato ao nível de informação que chega ao pecuarista. Em regiões onde há maior prospecção e fomenta à utilização de tecnologias, o pecuarista acaba fazendo a lição de casa e utilizando as tecnologias da forma que pode, às vezes não da forma mais eficiente. Mas acaba utilizando e gostando. Em outras regiões, porém, pela falta de informação, de orientação e até mesmo de recursos financeiros, o pecuarista acaba utilizando pouca tecnologia. Muitas vezes, quando opta por esse tipo de investimento, não conta com nenhum tipo de assessoria, o que muitas vezes leva a erros até mesmo na suplementação mineral. Scot Consultoria: Os confinamentos estão em expansão. No entanto, conforme avançam, eles promovem uma “equalização” da oferta de gado da safra e para a entressafra, limitando a valorização da arroba no período. Os confinadores, portanto, devem buscar cada vez mais se beneficiar da eficiência da técnica e não da variação dos preços. Você concorda com essa afirmação? Quais os benefícios do confinamento em termos de resultados técnicos e econômicos? Rogério Coan: Acredito que os pecuaristas tenham que buscar cada vez mais a eficiência técnica, pois temos muitas tecnologias para confinamento que são esquecidas e que poderiam incrementar em muito as taxas de ganho de peso, sem aumentar os custos de produção. Mas na minha visão, o pecuarista que confina deve primeiramente se embasar em princípios de gestão, de forma que possa realizar uma recria ou compra (de bois magros) mais eficiente. Além disso, o pecuarista ainda pode utilizar a BM&F como ferramenta para se proteger das oscilações de mercado. Em termos técnicos e econômicos, o confinamento apresenta diversas vantagens, sendo: • Aumento da capacidade de suporte das áreas de pastagens; • Diluição dos custos fixos; • Produção de carcaças de melhor qualidade; • Aumento do giro de capital; • Diminuição do ciclo de engorda; • Diminuição do lucro/arroba e aumento da produtividade (kg de carcaça/ha/ano), o que aumenta a lucratividade do sistema como um todo; • Restringe o problema de estacionalidade de produção forrageira. Scot Consultoria: E por falar em confinamento, a Coan Consultoria e a Scot Consultoria já estão trabalhando na organização do 4º Encontro Confinamento: Gestão Técnica e Econômica, que será realizado em março de 2009. Quais as suas expectativas para o evento? Rogério Coan: Por este evento ter se consolidado como referência sobre o assunto, não tenho dúvida que será um sucesso. Os temas (mercado, custos, nutrição, sanidade, etc.) foram escolhidos com muito critério e serão abordados pelos maiores especialistas em cada segmento. A expectativa é que participarão deste evento cerca de 300 pessoas, entre pecuaristas, técnicos e extensionistas. Logo estaremos disponibilizando mais informações.



<< Notícia Anterior Próxima Notícia >>
Buscar

Newsletter diária

Receba nossos relatórios diários e gratuitos


Loja